Filhos de Deus

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

por Wandersson Duke

Em uma manhã de quinta-feira que reunia todos os motivos para que nos mantivéssemos sob o aconchegante abraço das cobertas, a Cia. Teatral Nós da Ribalta apresentou, no SESC, sua esquete infantil “Viver a vida”. Talvez por isso, apenas três dos 12 atores da companhia deram o “ar da graça” na mostra daquela manhã, dia 30 de setembro: o ator e diretor Cláudio Monart, 37, o ator e circense Sandro Felix, 22 e a atriz e dançarina de sapateado Lilian Lopes, 34.

Durante a apresentação da esquete, no hall de entrada do teatro do SESC, dava para se perceber os olhares curiosos lançados para os atores durante o desenrolar da história. “Viver a vida” foi minuciosamente observado pelo público espontâneo que ali estava e por alunos das escolas da rede municipal de ensino da região. Sob a supervisão dos professores das escolas, os alunos mostraram-se bastante preocupados quando o assunto era a proximidade e a percepção do espetáculo ali apresentado. Cada centímetro foi cautelosamente disputado pelos alunos, para que não perdessem nenhuma palavra ou gesto dos atores. “Quero entender tudo, faça silêncio”, disse Jéssica Caetano, 12 anos, aluna da Escola Municipal Monteiro Lobato, para um amigo que soltou um “eba” durante a encenação.

O enredo era o seguinte: três amigos de uma cidade pequena tinham cada qual seu talento. Mas, como ninguém na cidade se interessava em ver suas respectivas apresentações, partem para a desconhecida “Cidade Grande”. Lá, montam um espetáculo que resulta na união harmoniosa de um tom cômico circense, um musical muito bem orquestrado e uma apresentação de sapateado das mais apaixonantes. O enredo da trama - ensaiada às pressas e inicialmente feita com o propósito de treino - reflete a situação profissional de cada um dos integrantes da trupe. “Cada uma aqui exerce uma profissão independente das artes cênicas. Por esse motivo não estamos sempre em circuito, sempre paramos, mas também voltamos”, diz Lilian.

A ideia de misturar manifestações culturais não é uma premissa inovadora. Mesmo sustentando uma bandeira de algo não tão novo assim, a Cia. Nós da Ribalta destaca-se por direcionar esse tipo de espetáculo ao público infantil, acreditando na sinceridade deles para melhorarem cada vez mais suas encenações. “A criança carrega consigo uma sinceridade que ninguém tira, isso é o que todas elas possuem em comum. Se gostarem,elas ficam. Se não gostarem, levantam-se e vão embora”, afirma Cláudio, que acredita verdadeiramente na interatividade cênica, promovendo a participação dos seus espectadores. “Envolvê-las durante o espetáculo é fazer com que elas compreendam melhor a mensagem que queremos transmitir. A vida é linda e deve ser vivida a qualquer preço, nas situações mais adversas”, filosofa Sandro.

A apresentação durou cerca de 20 minutos e, depois de o grupo receber o certificado de participação no Encontrarte 2009 dos produtores do festival, os integrantes da Cia Teatral Nós da Ribalta correram pegar seu ingresso para a peça Levitador Interplanetário Xereta Orbital. “Também somos filhos de Deus”, conclui Sandro Felix.

2 Comentários:

Hosana Souza disse...

Linhas encantadoras, belo trabalho...

Kevin Caju disse...

O nome do ator circense é Franklin W Phelix, e não Sandro felix,tomara que ele não veja, é decepcionante ter que lutar com sua forma de cultura num lugar aonde o artista é pouco reconhecido, e quando for reconhecido ainda trocarem o nome, não é nada legal!!!

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