Leitura sagrada

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

por Edson Borges Vicente


Durante a Pré-conferência Municipal de Cultura do bairro Jardim Nova Era, ocorrida no último dia 20 no Centro Social Amigos de Nova Era – CISANE - muitos temas foram debatidos e propostas discutidas. Mas neste mesmo espaço de tempo a cultura fluía para além da teoria na biblioteca comunitária Zuenir Ventura. Foi no Projeto Ler pra Valer que as crianças ficaram enquanto seus pais participavam da conferência, degustando maravilhosas contações de histórias.


O projeto nasceu através de um edital do Instituto C&A, no qual duas estagiárias do Centro de Referência em Assistência Social – CRAS – de Nova Era apostaram: Renata de Barros Oliveira Maracajá e Renata Brum. Renata Brum é assistente social e também atuou como orientadora social do Projovem Adolescente. Foi ela quem chamou Renata Barros para, juntas, montarem o projeto.

Formada em pedagogia, Renata Barros ficou com a responsabilidade de coordenar o projeto Ler pra Valer ao mesmo tempo em que trabalhava no CRAS. Dada a dificuldade de conciliar os dois projetos, a pedagoga resolveu ficar apenas no CISANE. Com um histórico significativo em ações sociais, ela fez parte do Pré-vestibular para Negros e Carentes de Cabuçu – o PVNC – antes de ingressar na faculdade de Educação.

Quanto ao projeto propriamente dito, a proposta era reavivar a biblioteca comunitária e desenvolver uma cultura de leitura. “Embora existisse uma biblioteca, não havia atividades direcionadas de mediação de leitura”, ressaltou ela. “A busca da comunidade pelos livros era para pesquisa escolar”. Nesse sentido, o acervo da biblioteca passou por uma renovação, com ênfase em livros literários clássicos e infantis.


Para Renata Barros, o hábito da leitura é um processo. As crianças presentes na conferência já tomaram como natural estar no espaço da biblioteca. “É como na igreja”, explicou a pedagoga. “Aquela criança que desde pequenininha acompanha os pais, chega um momento que ela já participa, ela canta, ora. È diferente de pegar uma criança e jogar dentro da igreja apenas porque o adulto quer. Ela vai se sentir incomodada por que é um ambiente estranho para ela”.

Embora fosse a própria coordenadora quem estivesse realizando a leitura com as crianças, alguns jovens passam por uma formação para atuar como mediador de leitura. Esse é o caso de Luciana Oliveira, 18 anos, também fotógrafa da equipe de audiovisual do CISANE (ver matéria ‘Uma câmera na mão e um sonho na cabeça’, do dia 19 de Fernanda Bastos).

Renata foi à pré-conferência para participar da discussão. Contudo, como não tinha nenhum mediador presente, ela resolveu reunir as crianças para que os pais pudessem interagir melhor com o evento. “Na verdade, toda vez que tem uma atividade, reunião com a comunidade, a gente percebe que há uma necessidade de ter alguém pra estar junto com as crianças, para que elas tenham uma atividade mais direcionada”, conta Renata.

O projeto de leitura, segundo a idealizadora, atrai mais crianças do que adolescentes para a sala de leitura. Por isso, duas propostas estão sendo estudadas pela direção do CISANE, uma somada à outra. A primeira delas, de autoria de Edilso Maceió, é um concurso de poesias voltado para os jovens. Embora ache a ideia válida, Renata quer fazer com que os jovens desenvolvam o interesse pela leitura. “Isso poderia ser feito através de um sarau literário” , sugere. “A troca de preferências e descobertas nos livros pode vir a descobrir aptidão para a escrita, já que tornar-se escritor é uma consequência do hábito de leitura”.

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