Pedra fundamental

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

por Carine Caitano

O dia de hoje é, no mínimo, gratificante”, resumiu Sandra Mattos, coordenadora político pedagógica da Escola Municipal José Guimarães, em Ouro Preto. Ela tinha motivos de sobra para tamanha satisfação na manhã da última quarta-feira: além do lançamento da pedra fundamental da biblioteca da escola, haveria a culminância de “Palavras do bairro” e “Minha rua tem história”, dois projetos que mobilizaram de modo apaixonado sua comunidade.

Havia muita gente para compartilhar sua felicidade: os alunos, as mães voluntárias, as estagiárias, mais funcionários da Prefeitura da Cidade de Nova Iguaçu, mais precisamente da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. “Sem dúvidas, hoje é um marco para a escola”, apostou a CPP. “Toda escola quer uma biblioteca, família pensando no cotidiano escolar e os projetos dando certo.”

Lílian Ferreira e Elizabete dos Santos se conheceram durante o “Minha rua tem história”. Moradoras do bairro ficaram sabendo do projeto por amigas e logo se interessaram. A história das duas tem mais em comum. Ambas concluíram o ensino médio em 2007 e viveram um despertar cultural no projeto. Lílian conseguiu superar a timidez para fazer suas ideias serem ouvidas. “Estava correndo atrás de um emprego legal e sentia muita dificuldade durante as entrevistas. Tive, aqui, a chance de rever algumas atitudes pessoais e soltar a voz, expondo sem medo meu pensamento. Outra coisa legal foi ter sido chamada de cara, sem seleção.

Elizabete dos Santos concorda com a amiga. Encontrando as inscrições encerradas na Escola José Guimarães, foi para o bairro Nova Era, tamanha a vontade que tinha de participar. Apesar da distância entre sua casa e onde acontecia o projeto, ela não se arrepende. “Foi uma ótima oportunidade de conhecer a história do bairro, fazendo um verdadeiro resgate das nossas origens para expô-las para a comunidade.”

Coisas boas
As meninas ainda sentem saudade das conversas e pensamentos estimulados pela gincana social “Minha rua tem história”, durante a qual se viram crescendo como pessoas. “O conhecimento de onde viemos influencia o desenvolvimento em outras áreas também”, afirma Elizabete, para quem “todo conhecimento acarreta coisas boas pro futuro”. As duas estavam ali para executar a pesquisa do grupo vencedor da gincana social, que saiu pelas ruas do bairro para gravar trechos de livros que mais marcaram a vida das pessoas do bairro. A iniciativa teve todo apoio de Simone de Jesus Silva, que há dois anos é monitora da  escola de Ouro Preto.

“Quando pessoa alcança autonomia ao ler e escrever, ela caminha com seus próprios pés”, afirma a monitora.


Simone de Jesus Silva também estava orgulhosa com o reconhecimento do “Palavras do bairro”. O projeto, coordenado por Márcio dos Santos, ganhou um prêmio de R$ 20 mil do Governo Federal. A biblioteca da José Roberto Guimarães será construído com essa verba. “Saímos pelas ruas do bairro munidos apenas de papel e canetinha para abordar alguém e perguntar palavras que estivessem dentro dos temas propostos pela SEMCTUR”, explica Márcio dos Santos. “Os grupos deveriam ter palavras quentes, molhadas, perigosas, feias e outros. Elas foram utilizadas na construção de poemas, pelas próprias crianças. Sem dúvida, uma atividade criativa e, por isso, faltou até papel.”

A estudante de pedagogia Isabella Teixeira, estagiária do Bairro Escola há seis meses, também estava no evento da última quarta-feira. Iniciando a faculdade de pedagogia ainda com dúvidas sobre a escolha da profissão, a estagiária enriqueceu sua prática pedagógica com esse tipo de trabalho diferenciado. “Exploramos o espaço dos parceiros, com salas de aula diferenciadas e englobando o esporte, promovendo a interdisciplinaridade. Prezamos a variedade em projetos pedagógicos, que estimulam o pensar do aluno”.

Obras consagradas
O evento terminou com a intervenção do escritor e pesquisador Écio Salles, um dos adjuntos da SEMCTUR, que distribuiu 20 livros para divulgar o projeto “Livro Livre”. Mas o presente foi comunitário, pois no projeto que coordena os exemplares, entregues gratuitamente, devem ser encaminhados para outra pessoa logo após o término da leitura do mesmo. Assim, mais pessoas têm acesso às obras consagradas de nossa literatura.

Lílian Ferreira e Elizabete dos Santos receberam obras de Machado de Assis e George Arnaud, respectivamente. “Esse projeto significa um incentivo até de caráter”, aposta Elizabete dos Santos, que assumiu o compromisso não apenas de passar o livro quando terminar de lê-lo, mas de explicar as regras para o próximo leitor.

1 Comentários:

Anônimo disse...

Gostaria de ver as fotos!!!!!!!
Sou Coord. de Aprendizagem da escola.

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