Chance da vida

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

por Carine Caitano

O preconceito com o funk existe e mais ainda quando se trata de artistas da Baixada Fluminense. Por esse e outros motivos, Tatiano Gomes, o Mc Tato, já ficou afastado dos palcos e quase desistiu de compor. Mas uma paixão que vem desde a adolescência não sumiria tão fácil assim. Ele já fez algumas loucuras para mostrar seu talento, mas hoje mantém os pés no chão: “Já fui até pra Sampa de carona pedir pra tocar no programa do Gugu. Tem toda uma história... Mas agora voltei pra valer e acho que essa é a chance da minha vida”.

O que o Mc Tato está chamando de chance de sua vida é o CD com nove faixas, que dividiu Mc Alan, Mc Drika, Mc Breia e Mc Galudão, todos eles artistas iguaçuanos. “Dessa turma, o único que eu não conhecia era o Mc Breia”, conta o produtor. Dividido entre músicas mais melódicas e os famosos pancadões, o CD dos funkeiros é um dos 35 projetos contemplados pelo Fundo Municipal de Cultura Escritor Antônio Fraga. Mc Tato recebeu R$ 9 mil da SEMCTUR para fazer mil cópias, ainda que o projeto original previsse apenas 200.



Uma produção recheada de músicas dançantes e agradáveis não poderia causar outro sentimento que não emoção nos cantores, principalmente depois de todas as portas fechadas que eles encontraram. Tato não se arrepende da sua trajetória, mas fala sobre um dos muitos “não” que levou ao longo dos últimos dez anos: “Muitas vezes o artista não tem uma oportunidade com funk”, lamenta o funkeiro, para quem os programadores das rádios não têm o menor interesse na produção da Baixada Fluminense. “Só tem uma chance se for da comunidade tal, do morro tal...”

Seletivos
O projeto original não previa composições ou mesmo gravações do Mc Tato, mas ele não resistiu à tentação de gravar produções recentes de sua autoria, como o Rap das mulheres, uma parceria com o Mc Marcinho, padrinho do projeto. “Fomos bem seletivos para dar um nível legal pro projeto, unindo letra com melodia. Nosso objetivo é passar um funk bem longe do pobre ou precário com arranjos bons e batidão legal, pra galera dançar e quebrar até o chão”.

As letras, contagiantes e sadias, são um capítulo à parte na produção desses cinco funkeiros iguaçuanos: “Nosso funk não é pra falar de ninguém”, conta Mc Tato. “É pra contar do cotidiano, tipo o cara que chega no baile e se encanta pela menina. Funk é música e tem que ter conteúdo, tem que ser alegre.” O projeto também prevê a produção de um site com galeria de fotos e making off. MC TATO

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