A pulseira da discórdia

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

por Lucas Lima e Melissa Saliba


A polêmica das pulseirinhas coloridas de silicone com que os jovens estão enfeitando os pulsos já chegou a Nova Iguaçu. Meninos e meninas tentam usá-las da maneira mais criativa e colorida possível, mas são cada vez mais frequentes os constrangimentos decorrentes do sentido sexual agregado.

O chamado "Snap Game", ou "Jogo de Arrancar" em português, tem dado muita dor de cabeça aos pais e educadores. As opiniões entre eles e as próprias crianças são as mais variadas possíveis. O uso das pulseiras remonta às escolas da Inglaterra e dos Estados Unidos, onde foram totalmente proibidas depois que se criou em cima delas um jogo de cunho sexual. Funciona da seguinte maneira: a pessoa que arrancar uma pulseira do braço de outra, faz aquilo que a cor da pulseira representar.

Uma recente pesquisa, realizada por um site com 46.000 pessoas, mostra que 34% dos entrevistados continuam usando as pulseiras como bijuteria, mas 25% aproveitaram a polêmica para adotá-las como as “pulseirinhas do sexo”, 23% pararam de usar porque se sentiram ameaçados e 18% ficaram na dúvida e estão esperando até onde vai a moda.

Alguns jovens admitem o uso sexual das pulseiras, que no entender deles facilita o diálogo entre meninos e meninas mais tímidos principalmente nas noites de festa. “Alguns dos meus amigos já promoveram festas em que só se podia entrar com essas pulseiras coloridas e que todos que fossem deveriam aceitar a brincadeira”, revela Diego dos Santos, de 16 anos.

Embora admita a conotação sexual da brincadeira, o mesmo Diego lembra que ninguém é obrigado a participar da brincadeira. “Tem gente que usa e não brinca e nem por isso obrigamos a fazer nada com quem brinca”, afirma.

Mais curiosidade
Pais de muitas famílias estão começando a seguir o exemplo do mundo desenvolvido, tentando proibir o uso do acessório. “Meu pai mandou que eu tirasse as minhas, porque disse que são de sexo” conta a jovem Jessyca Pereira, de 17 anos. Mas a psicóloga Ceres Alves acredita que essa proibição, que está se estendendo para as escolas municipais, é inócua. “Proibir o uso das pulseiras no ambiente escolar não resolve o problema e instiga ainda mais a curiosidade das crianças”, alerta a psicóloga Ceres Alves.

A dona de casa Alda Lima, para quem essas pulseiras são “a coisa mais velha que existe”, faz coro com a psicóloga. “É besteira essa história de sexo”, diz essa mãe de 42 anos, que ignorou as pulseiras no braço do filho. “Daqui a pouco vão inventar sentido sexual até pro biscoito Fandango e pro Chettos”, brinca.

A professora Regina Magalhães, de 48 anos aproveitou as pulseiras nos braços do filho de sete anos para uma conversa esclarecedora sobre sexo. “Acho que não devemos nos desesperar ou polemizar tanto assim essas pulseiras, principalmente com crianças que não têm noção do significado que elas possuem”, diz ela. “Eles têm já suas curiosidades, embora não tenham maturidade.”

Já para outros jovens, as pulseiras não possuem qualquer valor sexual. É o caso da jovem Danielle Braga, de 17 anos. “Uso as pulseiras, mas elas significam apenas as minhas pulseiras da amizade e costumo trocar com os meus amigos. Sei que tem um significado sexual, mas não sei ao certo qual.”

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