A falta que 'seu' Ruy faz

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

por Nany Rabello

O mundo dos poetas

Essa maneira autista dos poetas
Que se acastelam no esplendor dos sonhos
E fazer mundo à parte entre os ascetas
Pregando os coloridos mais risonhos.

Que a imagem sintetizam como estetas
Dando beleza aos surdos sons medonhos
E desdenham das lógicas diletas
Dos tristes empirismos enfadonhos.

E traçam lá do seu estranho mundo
Um caminho de luz e fantasia,
De sonho, de ilusão e amor fecundo,

E que vai transformando o horrendo grito
Em cristalinos sons de sinfonia,
Como estrelas vibrando no infinito...!

Ruy Afrânio Peixoto

Sabe, eu tinha cinco anos quando o conheci. Eu não sabia o que era um soneto, dois quartetos e dois tercetos, métrica perfeita da poesia. Nem sabia o que eram autistas, ascetas, e nem mesmo poetas. Mas eu sabia que gostava, pois ele era um poeta, e que o que estava escrito era lindo, e que passava horas repetindo, só pra ficar ouvindo os sons das palavras e as rimas. As rimas eu sabia o que eram, ahh se sabia! E também sabia qeu um dia eu queria ser como ele. Escrever como ele. Agradecer a ele.

Sabe, faz nove anos que ele se foi. Naquela época, eu não escrevia, não rimava, não sonhava. Naquela época, ele não era mais meu diretor. Não mandava mais me buscar na sala de aula, durante as aulas de inglês, só pra me mostrar um soneto novo. Não mais, não naquele ano. Só nos que vieram antes. Nos anos em que eu ainda não sabia o que era literatura.

Hoje eu gostaria de agradecer. Ele foi poeta, pintor, escritor, advogado, formador de opiniões, diretor do melhor colégio que uma criança poderia estuda, foi ídolo, foi inspirador, foi meu amigo. Hoje eu sinto falta dele, como sentia antes, só que doendo mais.

Hoje eu queria mais do que nunca que ele soubesse que eu estou bem. Que aprendi a fazer meus próprios versos, que descobri minha maneira autista e o mundo dos poetas. Que hoje tem um novo mestre na minha vida que me inspira a crescer e fazer sempre melhor. Mas cada texto ainda é pra você, professor. Obrigada por fazer naquela época que eu sentisse com seus textos o que sinto hoje com os meus: Vida. Obrigada por ter feito parte da minha. Você faz falta, 'seu' Ruy.

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