Píer de Nova Iguaçu

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

por Robert Tavares

À medida que o final de semana vem chegando, o Píer Mauá começa a receber mais público em seus corredores. São fashionistas de todos os tipos, inclusive os que não o são. Gente muito animada que, logo ao entardecer, começa a bater pernas e a frequentar os lounges e pequenas festinhas, que se agigantam com a chegada da noite. Ontem, segundo dia de desfiles, foi o dia mais cheio deste Fashion Rio Outono-Inverno 2010, marca que deve ser superada hoje e, depois de amanhã, e depois, no encerramento do evento, para quando se aguarda ainda mais gente.

É difícil se destacar entre tanta excentricidade e bom gosto, mas para Carla de Oliveira, Fábia Klausmann e Renan Nascimento isso acontece espontaneamente. O trio fashionista de Nova Iguaçu tem chamado bastante atenção pelas plataformas do Píer. Prova disso são os (vários) cliques que a imprensa tem feito deles. “Eu não aguento mais tirar foto, aqui, toda temporada. Nós viramos celebridades”, diverte-se Fábia.

Produtora de moda por formação, Carla se entristece ao falar sobre a cultura da moda na Baixada Fluminense: “Lá a moda, infelizmente, é pobre. É necessário que a gente venha para o Rio pra poder ter acesso a algo mais conceitual e ficar atualizado no que acontece”, lamenta-se.

Em contrapartida, nós vemos um grande avanço em relação ao acesso à moda, novidades e tendências. Prova concreta disso são as ruas do Centro de Nova Iguaçu, onde atualmente vemos jovens usando cintura alta, sarouel, headbands, entre muitas outras febres do universo fashion. E o melhor, com consciência, sabendo o que está usando, não apenas se vestindo por ser “modinha”. “O jovem anda mais interessado em se vestir bem, ele busca informações, e a internet ta aí pra isso”, diz Renan, que com apenas 19 anos já é um dos nomes mais cotados para assinar o próximo ensaio para o badalado editorial da revista digital “Amazing”. Como Renan disse, a internet é uma facilitadora, ela está presente no cotidiano dos jovens. Como a moda em si, espaços virtuais vêm sendo criados cada vez mais para tornar possível a aproximação entre público consumidor e tendências.

Os blogs, que eram apenas utilizados como diários pessoais, onde seus proprietários postavam unicamente acontecimentos de sua vida ou sua própria opinião sobre diversos assuntos, hoje ganham outros valores. Podem-se encontrar na rede blogs informativos, nos quais quem escreve se preocupa com a notícia a ser veiculada, e muitas vezes crescem atingindo a credibilidade e a qualidade de um site.

Para a radical Fábia, a moda só vai evoluir e chegar a todos quando as pessoas se permitirem usar. “Elas têm medo de arriscar, fica todo mundo igualzinho, com as mesmas roupas, mesmo cabelo, mesmos cheiros, mesmo tudo. É ridículo”, indigna-se a moça de 17 anos.


O que importa é que nós estamos no meio do tempo mais “tem pra todo mundo” que já se viu. Não existe uma vontade unânime: é a melhor hora pra escolher como se quer ser, como se quer parecer, todo dia, a cada ocasião. Todo mundo pode tudo (conhecendo seus limites e vontades autenticas ) e está fácil ter estilo. Escolher com coerência e algum carinho por si mesmo já rende meio caminho andado. Não existe pessoa sem personalidade, sem estórias para contar. Existe quem não comunica sua personalidade através do que veste (isso existe mesmo!) – mas não existe ninguém vazio, ninguém sem opinião, sem desejo, sem objetivo, sem grupo de amigos, sem atividades e coisas pra fazer no dia-a-dia.

Assim, dá pra ter uma vontade diferente todo dia e ainda ter cara ‘da gente mesma’. Esse é o segredo: se aproveitar da multiplicidade de ‘mini e micro tendências’ que a moda oferece agora pra moldar nosso rótulo, nossa identidade visual. Com consistência, com coerência, com algum élãn, sem chatice, sem regrinha. Ninguém depende de direção de ninguém pra se vestir como realmente é – e pra se enxergar direitinho em frente ao espelho, né?!??

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