Estraga-prazeres

segunda-feira, 22 de março de 2010

por Hosana Souza e Jessica Oliveira


O evento que deveria unir todos os professores e alunos dos oito polos do pré-universitário com a equipe pedagógica da UFRJ e o poder legislativo do municipio transformou-se em palco para uma manifestação dos alunos da CEFETEC, também de Nova Iguaçu. Os alunos da instituição federal aproveitaram a presença do atual prefeito Lindberg Farias para criticar a falta do envio de passe escolar para a unidade, que teve o benefício cortado em agosto de 2009.

Os alunos, que se misturaram aos 1500 vestibulandos, iniciaram o protesto no momento em que a palavra foi cedida ao prefeito. Com cartazes de "Nós também somos públicos!" e "Queremos o passe escolar!", os alunos do CEFETEC levantaram-se e começaram a vaiá-lo. Lindberg, ao contrário do que se podia prever, aprovou a manifestação: "Tem que lutar sim, tem que vaiar sim! Eu fui líder de movimento estudantil durante quase toda minha vida, eu já fiz isso várias vezes", disse o prefeito, antes de sugerir que o grupo procurasse Jailson de Souza, seu secretário, a fim de marcar uma audiência.



Não satisfeitos com a proposta do prefeito, os alunos do CEFETEC continuaram a manifestação gritando em uníssono: "Queremos passe!" Lindberg Farias, que tentava continuar o discurso para os alunos do Pré-Universitário, rebateu: "Sabe quantas vagas em universidade pública Nova Iguaçu tinha antes do nosso governo? Nenhuma. Nova Iguaçu recebia polos de escolas técnicas federais ou de grandes universidades como a Rural? Eu respondo: 'Não!' A mudança que a cidade deveria viver para crescer passa pela educação", afirmou Lindberg, que prosseguiu enumerando os diversos avanços na área de educação pelo município.

Mesmo assim, os manifestantes não se calaram, irritando ainda mais o prefeito e todos os presentes. "Agora vocês conseguiram. Ninguém vai receber passe escolar. Afinal, meu dever é dar o passe às escolas municipais e aos alunos dos projetos do municipio. Minha gestão cede o beneficio às escolas estaduais e federais. Vão até o governo federal e peçam", exclamou Lindberg, apoiado com uma salva de palmas pelo público. "Vocês que procurem o próximo prefeito e digam a ele que dê passe escolar a vocês, já que eu não faço nada", encerrou Lindberg.

Respeito à maioria 
A pró-reitora de Extensão da UFRJ, Laura Tavares, pediu a palavra e dirigindo-se aos manifestantes pediu respeito. "O espaço é público e em nossos eventos vocês sempre serão bem vindos. Mas eu peço que vocês respeitem a maioria. Que respeitem o evento que não é voltado a esse tipo de discussão".

Insistentes, os alunos cercaram o prefeito na saída da Vila Olímpica, onde a inflamada discussão prosseguiu. "Nós não viemos aqui à toa", disse Rodrigo Silva. "Nós já tentamos conversar com vocês, fizemos várias tentativas e não invadiríamos um evento de outros para nada. Nós queremos chamar sua atenção", completou Maura Martins. "Mas eu disse que resolveria. Se prestassem atenção na história do município, vocês perceberiam o quanto eu já fiz, não seria no passe que eu daria uma resposta negativa", explicou o prefeito.

Lindberg Farias continuou a conversa alegando aos alunos que aquela experiência seria educativa para eles. "Ninguém ganha nada na vida tacando pedra. Você grita para ser ouvido, mas partir para enfrentamento nunca leva a nada. Eu demorei alguns anos para entender isso e espero que vocês entendam isso agora", disse o prefeito. Mesmo contrariado, o prefeito chamou o secretário de Educação, Jailson de Souza, e pediu para que ele anotasse o nome de três jovens do CEFETEC. "Na próxima segunda, leva eles na secretaria, de tarde. Nós vamos conversar e terminar de um vez com isso tudo", disse o prefeito, saindo da saia justa.

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