Cinquentona atraente

quarta-feira, 21 de abril de 2010

por Lívia Pereira

Crítica Cinco Vezes Favela

No último dia 18 de abril o III Iguacine exibiu o longa Cinco Vezes Favela 1 (1962). O filme, dividido em cinco episódios, conta com a participação de diretores de peso da primeira geração do cinema novo, como Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman.

O filme trata da alienação exercida pela própria cultura popular, abordagem essa que esteve mergulhada no Centro Popular de Cultura (CPC) e na União Nacional dos Estudantes (UNE) através dos ideólogos da época e, de outro lado, da vanguarda dos cineastas responsáveis.

Essa alienação retratada é a arte fragmentada, lançada ao povo, como meio de conformismo, de aceitação. Tendo-se o carnaval nas ruas estarão os cidadãos ocupados demais pra pensarem em seus direitos. Isso fica bem óbvio no episódio “Escola de Samba Alegria de Viver", de Cacá Diegues: um líder de uma pequena escola de samba que não mede esforços pra que ela desfile no carnaval, casado com uma mulher totalmente envolvida em suas lutas sindicais.

Cinco Vezes Favela mostra claramente a oposição entre a burguesia e a classe explorada: proprietários da favela que tentam seduzir o povo com mimos como cigarros estrangeiros, como no episódio “Zé da Cachorra” de Miguel Borges; carnaval como agente de desfocalização política do povo, em “Escola de Samba Alegria de Viver”; o conformismo do pobre em relação aos que estão numa classe superior, mostrado em “O Favelado” de Marcos Farias, onde ladrão de classe média fica solto e o de classe inferior, enganado, além de ser espancado, é preso.

Quarenta e oito anos após sua realização, é inegável que essa obra do novo cinema brasileiro não perde sua importância e continua atraindo olhares e críticas dos admiradores de cinema.

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