Salve Jorge!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

por Mayara Freire e Vinicius Tomas / Fotos por Mayara Freire

O meio cultural de Nova Iguaçu passou por agitações nas últimas semanas. No domingo, ao mesmo tempo em que o Iguacine acontecia, a poucos metros de lá, na Igreja de São Jorge, o espetáculo “Salva Jorge - o intrépido Santo do Povo”. Uma super produção que contou com atores de prestígio, um inventivo cenário, música ao vivo, dirigido pelo diretor Cadu Freitas e figurinos pelo artista iguaçuano Raimundo Mendes, que foi diretor de arte das minisséries “Pedra do Reino”, “Capitu” e “Hoje é dia de Maria”. Uma belíssima festa comemorando o Jubileu da paróquia, que aconteceu desde o dia 18 até ontem, quando começou a semana tradicional da Festa de São Jorge, aos arredores da igreja. E em uma parceria com a diocese e a Secretária Municipal de Cultura de Nilópolis, terá como palco hoje, dia 23, dia dedicado ao santo guerreiro, às 18:30h, na quadra da Escola de Samba Beija–Flor de Nilópolis.

Com a Igreja lotada, a historia começa a ser contada por uma trupe mambembe, que introduz e guia historia ao misturar circo, musica e balé interpretados por divertidos personagens. As belas músicas foram interpretadas por um quarteto de violino, violão, percussão e vocais.


A história de Jorge, o santo guerreiro, vivido pelo ator Augusto Vargas, se divide em quatro atos: o primeiro retrata a infância, adolescência e a entrada de Jorge no exército romano. O segundo ato retrata a relação de Jorge com os cristãos, a ira e a inveja provocada no consul Magnêncio e o massacre de um povoado ordenado pelo Imperador Diocleciano, vivido pelo ator Marcelo Borghi. O terceiro ato fala da perseguição e martírio vivido por Jorge, as torturas, sua fé inabalável e sua morte. O quarto ato retrata o duelo triunfal entre Jorge e o Dragão, e sua sagração como um dos santos mais populares do mundo.

O altar foi coberto por tecidos brancos que iam do teto ao chão, o que realmente dava a impressão de um inacreditável teatro. Mas os 28 atores não se restringiam a área do “palco”, circulavam pelos corredores formados pelos bancos entre o público, atraindo a atenção do grande público variado, de crianças a idosos. Todos assistiam atentamente a peça que atraia com luzes, brilhos, diálogos fortes e atuação impecável dos atores.

O diretor Cadu Freitas iniciou o espetáculo em 2007. Segundo ele, a idéia surgiu de uma pesquisa que começou em 2002 e contou sobre a importância do santo para nossa cultura. “A idéia de criar a peça, partiu da percepção pessoal da devoção de muitos brasileiros. É um dos santos mais populares do mundo, e pouco se sabe sobre ele. São Jorge é muito querido por todos. Considero que essa questão do dragão é de alguma maneira associada à fome, a violência e desemprego, por isso os brasileiros se identificam, pois cada dia matamos um dragão. Como o santo guerreiro, São Jorge acima de tudo abraça a todos: além da religião católica, está também na afro brasileira, como no candomblé e umbanda. Tem gente que não gosta mas o adere pela figura pop, e em escola de samba é comum. O espetáculo surgiu sem a menor pretensão de se tornar grandioso”.

O grande momento foi quando São Jorge guerreiro, entra na igreja pela porta da frente, montado em um imponente cavalo mecânico em escala real, de 5 metros, escoltado por seis soldados romanos de armadura, em uma cena de arrepiar. Emocionou e arrancou aplausos entusiasmados da platéia. Sua entrada em cena, montado em um cavalo mecânico, foi simplesmente arrepiante.

Outros itens chamavam a atenção para a grande produção, com um impressionante capricho e riqueza de detalhes: o figurino, o dragão, o cavalo emulando a estética de “Capitu” e a “Pedra do reino”; e o brasão do imperador dourado Diocleciano, que ao ser girado se transformava na cruz de tortura onde Jorge padeceu. Uma sacada genial. O responsável por isso foi o diretor de arte da peça, o renomado iguaçuano Raimundo Rodriguez, que foi claramente reconhecido por sua linda estética aplicada. “É a primeira vez que trabalho neste espetáculo, e é uma grande emoção. Sou de Nova Iguaçu e sou devoto de São Jorge. Com tanta falta de recurso, o temos aqui hoje são sobras e aproveitamos materiais reciclados. Sempre trabalhei no município, nunca deixei de fazer e pensar na cidade”, contou. A peça emocionou e impressionou o público, com uma produção de nível nunca antes visto. Principalmente o capricho e a riqueza de detalhes do figurino. Para se ter uma idéia, as sandálias de Dioclesiano foram feitas de moedas de “cents” unidas como uma malha.

Ao final, foram aplaudidos de pé. Sobre isso, o diretor, que tem uma Cia de teatro Quarto Ato, na mesma Igreja, ele falou sobre alguns pontos importantes pessoais para a realização do sucesso do espetáculo. “No início tínhamos menos recursos, mas o padre sempre apoiou tudo e todos os artistas da região. É interessante o fato de que a igreja sempre foi vista como sinal de silencio, obscura, mas hoje, em contrapartida, está aberta para espetáculos como esse”, destacou.

Para quem não assistiu, hoje às 16h30, terá apresentação da peça na Quadra da Beija-Flor, em Nilópolis. E ainda há especulações de que o espetáculo será levado para o Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

3 Comentários:

Johnny Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Johnny Rocha disse...

É um dos projetos que mais me realizou! Salve Jorge é um misto de arte e fé.
Obrigado a todos que foram nos prestigia na historia de imortalidade e de exemplo de vida de em homem que não negou a Cristo. Fica a nós a herança do amor acima de tudo e a força da fé.

Beijos no coração de todos, muita luz.

Johnny Rocha (ator do espetáculo - Bufão arrepiado rs)

Anônimo disse...

Quanta apuração errada. Galera vamos levantar o nivel. É um serviço a população e precisa de qualidade e veracidade no que se fala. Erro grave RAIMUNDO RODRIGUES, o mais conceituado artista da cidade com nome errado, fala sério!!!

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