Sobre continuar caminhando

segunda-feira, 19 de abril de 2010

por Nany Rabello

Crítica Utopia e Barbárie

utopia : u.to.pi.a
1 O que está fora da realidade, que nunca foi realizado no passado nem poderá vir a sê-lo no futuro. 2 Plano ou sonho irrealizável ou de realização num futuro imprevisível; ideal. 3 Fantasia, quimera.

Barbárie : bar.bá.ri.e
1 Estado ou condição de bárbaro. 2 Crueldade, selvageria.

Os significados dizem muito. Parece impossível associar ambas palavras em uma única coisa, mas o cineasta Sílvio Tendler o fez. Mais do que um documentário, o filme é uma aula de história do ponto de vista mais humano possível. Retratos de uma passado trágico, de meados do século vinte até os dias de hoje.

Mortes, guerras, exílios, ditaduras, torturas, memórias que jamais serão apagadas da história do mundo, contadas por quem de fato esteve lá. Um trabalho de uma vida inteira. "Não se faz um filme desse calibre como se pensa fazer um documentário, não é industrial", conta Sílvio no vídeo que precede a história.

Narrado impecavelmente, e de um ponto de vista totalmente pessoal, o filme conta com grandes personalidades que contam com detalhes como foi vivenciar as grandes crises mundiais; começando com a bomba atômica, passando pelo holocausto, pelo trágico ano de 1968, por todas as ditaduras, até chegar aos dias atuais , no Brasil.


Um lição de política, de mundo e de vida. Aliás, uma não, várias lições reunidas e magistralmente costuradas por um grande cineasta, com um envolvimento intenso na história e uma delicada visão que faz com que o público se envolva e se choque com as cenas e histórias, ao mesmo tempo que perceba cada fato como parte de sua própria história como pessoa.

Levou 19 anos para ser feito. E ficou deslumbrante. Você passa mais de duas horas assistindo e não se cansa. Vai  absorvendo cada história como se fosse sua. Cada uma delas entrelaçada por um pequeno texto perfeitamente escolhido, que sintetiza os sentimentos das histórias.

A história não é sobre as dores, apesar de tudo. É sobre gerações que sonhavam com uma realidade diferente da que viviam e lutavam para fazer com que ela acontecesse. Eram torturados, presos, humilhados, e não paravam de lutar. Viam a utopia de seus sonhos como uma linha do horizonte, que se afasta a cada passo que se dá em direção a ela. E não pararam de tentar alcança-la.

Como um coração que pulsa, impulsionando vida para todas as partes de seu todo, o filme conta uma história que não tem final, pois a história dos sonhos, utopias e barbáries não acabou ainda. Está apenas começando.

Trailer do filme :





Estréia nos cinemas de todo o Brasil no dia 23 de Abril.

3 Comentários:

Anônimo disse...

adoro essas palavras: utopia e barbárie.
totalmente fuderosas!

Paula Souzza disse...

eu vi e amei
foi uma experiência impar
acho q eu foi a única pessoa na sala q chorou com a beleza das imagens
imagens essas que, como uma colcha de retalhos formados por pedacinhos diferentes quando unidas trnasfoemam-se num todo coeso e hamonico

Edroz disse...

Lendo a cronica, deu vontade de assistilo, provavelmente o farei, para ver se concordo com você . Beijos

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