Trilogia do Cavi: parte II - O balconista que virou médico

segunda-feira, 19 de abril de 2010

por Josy Antunes
Daqui a pouco o III Iguacine exibirá o filme "Vida de balconista", de Cavi Borges e Pedro Monteiro: O primeiro longa metragem pra celular do Brasil. "Esse filme foi uma historia muito doida", ri o Cavi, cuja obra, na verdade, foi originada numa série da TV OI para aparelhos celulares. "A gente já estava na terceira temporada".

Cada pequeno episódio narra situações vividas por Mateus, um balconista de locadora que tem por sonho ser cineasta, inspirando-se em Quentin Tarantino, que cursou a mesma trajetória. A única locação utilizada foi a própria Cavideo e o seu proprietário garante: "Tudo que você vê na série é real", diz ele, incluindo o cliente que, certa vez, pediu para "dar umazinha" entre as estantes de filmes. "As pessoas que frequentam aqui são muito doidas, por causa do proprio horário... gente bêbada, gente alternativa, de rock, teatro, dança... De noite aqui virava tipo um boteco, o pessoal chegava, sentava nas cadeirinhas e ficavam bebendo e conversando. Não era uma locadora que o pessoal alugava e ia embora. Era tipo um ponto de encontro, a galera vinha aqui falar de filmes e projetos", conta ele, descrevendo o ambiente e personagens - reais - do filme.

O único elemento ficcional em meio a história são as reações do novo balconista, inspirado no próprio Cavi e vivido por Mateus Solano. "Eu conheço o Mateus desde novinho, ele mora aqui em frente. Ele era da galera, era ator de teatro que rala e faz peças alternativas que ninguém conhece. A Cavideo patrocinava as peças de teatro que ele fazia", detalha Cavi sobre o Mateus antes do destaque recebido na Globo pelos trabalhos na minisérie "Maysa" e na atual novela "Viver a vida". "Eu sabia que ele tinha um tom de comédia muito bom, porque eu já vi varias peças que ele fez. Ele é muito engraçado, apesar da novela nem explorar muito isso".

A série, intitulada "Mateus o balconista", passou a fazer um enorme sucesso nas telinhas de celular, sendo uma das mais assistidas dentre as existentes. A "Oi" financiava-os minimamente, com um recurso de R$2.000 por cada hora de material filmado - que era capturado no tempo de uma noite, enquanto a locadora estava fechada: de meia noite às 10 da manhã. "O Mateus resolveu fazer a série pra mim, cobrando mixaria. Todos os atores do filme ganhavam 50 reais. Ridiculo. Lógico que era numa noite só, mas 50 reais não é nada, mas todo mundo era amigo, caras que eu já apoiei", relata Cavi, corroborando sua defesa ao "cinema de parceria".

Ao todo, 40 episódios foram produzidos. 20 deles serão serão lançados em um dvd amanhã, numa festa que promete superlotar o Espaço Telezoom, no Humaitá. Os outros 20 podem ser encontrados no You Tube, já que Cabi considerou importante o acesso daqueles que ainda não portavam a nova tecnologia de TV móvel. No canal da internet, há vídeos com mais de 40 mil visualizações.

"Se em 12 horas a gente faz 1 hora de material, filmamos mais umas 3 hoiras e vamos ter 1h e 10, então vamos ter um longa", arquitetou o empreendedor Cavi Borges. E assim foi feito. O roteiro foi elaborado e a proposta foi contada apenas para Mateus. "Todos os outros achavam que estavam fazendo a série, não sabiam que estavam fazendo o longa. Nem a gente sabia que ia dar certo". O filme, foi feito dentro do mesmo orçamento e estrutura e mostra um dia na vida do balconista, da hora em que a locadora é aberta até a hora em que ela se fecha. Ao ver que o projeto havia dado certo, Cavi simplesmente anunciou à equipe: "Parabens, vocês participaram de um longa".

O filme foi tão recebido nas telinhas que não demorou muito para chegar nas telonas. "Vida de balconista" foi inscrito e aceito no mais recente Festival do Rio, para o qual precisou passar por tratamentos na imagem e trilha sonora. "A gente gravou numa qualidade ruim, porque era pra celular. Gravamos numa câmera mini dv", explica Cavi, que tem como uma das próximas metas inserir o longa no circuito de cinemas.

Na rua Uruguaiana, no Centro do Rio, os vendedores ambulantes agora anunciam eufóricos: "O médico que virou balconista!", sem sequer imaginar que o caminho foi oposto. "Eu vejo isso como marketing. Vai divulgar pra caralho", declara o realizador. Dos amigos, Cavi recebe comentários bem humorados sobre ele ter feito o maior comercial da história: um filme que se passa durante 1h e 10min. no interior da Cavideo, mostrando-a por todos os ângulos possíveis e inserindo-a em todas as outras locadoras, nos cinemas, festivais, internet e na mídia. "A Cavideo hoje em dia está nas locadoras do brasil todo", comemora Cavi, que estava prestes a receber uma cópia pirata comprada na Uruguaiana, como presente do parceiro de direção Pedro Monteiro.


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