Um novo fim

terça-feira, 6 de abril de 2010

por Lívia Pereira

A juventude de hoje quer um mundo melhor, e um mundo melhor, para ser melhor, há _ de se inspirar no Cristo, porque o Cristo é a verdade e é o amor.” (Entrevistas – IDE.)

Dia 2/04/2010, dia em que Francisco de Paula Cândido completaria 100 anos de vida. Um ser humano tido, por uns, como santo; para outros, como mais um desses personagens que nos deixam com a pulga atrás da orelha.

Em Nova Iguaçu, no Iguaçu Top Shopping, nesse mesmo dia, como em tantos outros cinemas do Brasil, estreava o filme Chico Xavier, nome adotado após retificação judicial feita pelo médium. A participação do público foi tão grande quanto a expectativa do cinema: duas salas foram reservadas para a exibição do longa.

Na fila para a entrada da sala, havia de espíritas a não-religiosos aos montes. Não podia ser diferente. Chico chegou aos seus 92 anos sem inimigos pessoais e, até depois da “morte”, recebeu em seu cortejo 50 000 pessoas que acompanharam, de pé, a trajetória de sua urna funerária. A abrangência dos que o admiravam era tão grande que o próprio roteirista Marcos Bernstein e Daniel Filho, diretor do filme, mesmo sendo ateus, se encantaram com a história de vida do personagem e se dispuseram a trabalhar no filme.

“ O bem que praticares, em algum lugar, será teu advogado em toda parte”. (Chico Xavier.)

Em conversa com os espectadores, Carlos Henrique Freitas da Cunha, que foi ao cinema com sua esposa e vários amigos frequentadores de sua casa espírita “Seguidores de Jesus”, no bairro Ponto Chic, deixou clara a fidelidade dos espíritas diante do trabalho de divulgação da doutrina que cresce a cada dia no Brasil e no mundo. “É um filme para espíritas e não espíritas”, disse Henrique, mostrando, emocionado, o valor moral de Chico, capaz de atingir tantas pessoas.

“A vida está repleta da beleza de Deus e por isso não nos será lícito entregar o coração ao desespero, porque a vida vem de Deus, tal qual o sol maravilhoso nos ilumina”. (Encontros no tempo/ F.C.Xavier - Hércio Marcos C. Arantes/ IDE.)

Gabriela Gomes Lima, moradora do bairro Carmary e frequentadora da Associação Cristã Espírita Chico Xavier, situada no mesmo bairro, carrega na instituição o peso da responsabilidade de quem leva nas mãos a bandeira do legado que nos foi deixado pelo médium. “Não quis assistir ao filme apenas por ser espírita, mas por saber que poderia criar expectativas em relação a ele, já que a história de Chico é maravilhosa”.

Já dentro da sala de exibição, a reação dos espectadores foi quase uma antítese emocional: alternavam-se entre as gargalhadas e as lágrimas. A isso deve-se o fato de que foi retratado um Chico humano: alguém dotado de senso de humor, dúvidas, medos, simplicidade, vaidade, mas que, acima disso tudo, tinha como meta para sua vida o Amor.

“O que mais me decepcionou foi sempre a persistência de meus erros, através do tempo e da vida”. (A Terra e o Semeador - F.C.Xavier / Emmanuel/ IDE.)

Ao término do filme, vários comentários revelavam que muitos dos que ali estavam não era espíritas.

Sessão comentários:

* Diálogo entre um casal: “Engraçado, né? Eu pensei que ele tinha morrido com 100 anos.” “Claro que não! Ele morreu com 72!”
* Um jovem amante do Chaves, aos risos: “Eu preferia ter assistido ao filme do Pelé”.
* “Ah, não gostei! Ele morre no final!” - Frase dita por alguém que provavelmente julgou a realidade como ficção.
* “Tá vendo? Por isso tanta gente gostava dele...”, diz um rapaz, surpreso, à sua namorada.

Um filme tem um elenco de peso: Nelson Xavier, Ângelo Antônio, Matheus Costa, Tony Ramos, Cristiane Torloni, Letícia Sabatella, Giovanna Antonelli, Cássia Kiss, Cássio Gabus Mendes e muitos outros. Descreveu a trajetória dos 92 anos da vida de Chico Xavier em meio a suas lutas e a doação incondicional que devotou ao próximo. Uma grande lição que ele nos deixou foi a não-apropriação de algo que não nos pertence. “Partirei desta vida sem um níquel sequer... Tudo que veio a mim, em matéria de dinheiro, simplesmente passou por minhas mãos”.

É possível que jamais tenhamos a visão de uma sala de exibição cinematográfica como a do dia 02-04-2010, onde, compenetrada, a plateia teve a sensação de que o tempo não passou, tamanho o magnetismo exercido pela história apresentada. Um médium, um amigo, um trabalhador fiel, um filho de Deus obediente, enfim, um ser humano, que há tanto tempo mobiliza massas em direção ao objetivo maior da vida: o amor. Afinal, já dizia o próprio Chico Xavier/Emmanuel: “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim.”

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