Sem cerimônia

quinta-feira, 17 de junho de 2010

por Hosana Souza

Um grupo bem característico tem conquistado cada dia mais visibilidade em Nova Iguaçu. O já conhecido conjunto meia ¾, saia azul pregueada e blusa branca tem invadido sem cerimônias a Prefeitura Municipal e o motivo é simples: o programa Bairro-Escola, que já completou quatro anos, agora abre suas portas para esse novo grupo de estagiárias, as normalistas.

As normalistas têm participado do programa desde o início, mas com menos intensidade. Com três escolas só voltadas para a formação de professores em Nova Iguaçu, o interesse delas em se tornar estagiárias da cultra no Bairro-Escola é algo absurdo. “Todos os dias tem uma fila aqui na porta”, explica Josédina Ribeiro, que está coordenando o processo de inscrição das normalistas. Até agora pelo menos 80 normalistas já garantiram sua vaga no projeto.

Embora tenham uma carga horária de estágio a cumprir maior e uma bolsa menor do que a dos universitários que dominam as oficinas culturais do Bairro-Escola, as normalistas chegam nas escolas com todo pique. “Elas são as únicas que não trazem problemas, em três meses de trabalho não houve uma reclamação em nenhuma escola”, afirma Josédina Ribeiro. “Mesmo recebendo menos, elas estão interessadas em aprender algo novo. Está sendo muito gratificante trabalhar com elas, me renovo a cada reunião só de observar o brilho naqueles olhinhos”.

Sem preconceitos
A procura por uma vaga no Bairro-Escola tem sido tão grande que a equipe da Secretaria de Cultura se viu obrigada a parar com as inscrições. Não apenas as escolas de Nova Iguaçu têm demonstrado interesse no estágio. Há também grande procura de Mesquita e Belford Roxo. “É muito importante a presença delas porque não têm preconceitos, vão aonde for preciso. Fazem isso por paixão, não ficam naquela de “não vou fazer essa oficina porque não condiz com minha carga horária, meu curso e blábláblá”, explica Josédina Ribeiro, que tem se lembrado com saudade do período em que ela própria estudou para se tornar projessora. Ela gosta muito de atendê-las porque na sua época não havia a possibilidade de fazer um estágio e ajudar em casa. "Todas que chegam eu tento arrumar uma escola”.

Outra característica das normalistas é que para elas não tem tempo ruim ou lugar distante. Algumas meninas acordam às cinco da manhã e se deslocam até Tíngua, como Priscila dos Santos, 19 anos. “Eu entrei no projeto graças ao boca-a-boca lá na escola. Foi agora já no finzinho e só tinha vaga lá. È o meu primeiro estágio, fiquei muito feliz. Principalmente porque me deixam produzir, normalmente estagiários devem só observar, mas de que adianta se eu não tiver a prática?”, comenta a entusiasmada aluna do segundo ano do Colégio Estadual D. Pedro I, em Mesquita.

“Essas meninas são a nova cara da cultura. É muito interessante trabalhar com esse grupo porque, apesar de muito jovens, elas são muito criativas e principalmente sabem como tratar as crianças. Temos pouco tempo de caminhada, mas pela minha percepção é um trabalho que dará supercerto, pois elas são responsáveis com a formação, com o horário, com a documentação, tenho apostado muito nelas”, explica Sandra Mônica, uma das idealizadoras da participação das normalistas no projeto.

Sandra Mônica tem razões de sobra para acreditar nessas meninas, que no seu entender são muito proatividas. “Elas não têm medo de encarar uma turma com 40 crianças e outro ponto positivo é que elas não têm vergonha de chegar mais perto das crianças, têm fôlego, aguentam brincar, correr”, explica. Para Sandra Mônica, as meninas do magistério sentem a escola, estão na escola, vêem aquilo como o seu espaço. "Às vezes durante as reuniões elas perdem nos debates para os universitários, pois ainda não compreendem muito a teoria", lembra Sandra Mônica. Mas na prática, aquele jeito delas de querer resolver tudo faz a diferença. "Acho que esses dois grupos têm muito o que aprender, e isso virá com a convivência”, encerra.

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