Espírito de equipe

segunda-feira, 19 de julho de 2010

por Breno Marques

Alguns historiadores dizem que as festividades realizadas nos meses de junho têm origem no nosso período colonial. As danças que deram origem às nossas típicas quadrilhas vêm dos franceses. Os nossos fogos de artifício vêm de uma tradição chinesa, que foi o primeiro povo a fazer manipulação das pólvoras. As fitas coloridas no alto das festas, das barracas, e por que não dizer nas próprias roupas, são tradições dos portugueses e espanhóis.

Com o passar dos séculos, tornou-se uma festa à moda brasileira, conquistando um lugar especial nos nossos corações. Muitos esperam o ano todo para a festividade, como acontece no Colégio Estadual Califórnia. O colégio se reúne ano após ano para a realização da festa julina, que é realizada no mês de julho para coincidir com as férias escolares. Esse ano a festa julina foi realizada na quinta-feira passada. “A única coisa que lamento muito é que hoje em dia as festas julinas não têm mais a mesma motivação de antigamente. Antigamente tínhamos uma preparação em conjunto durante pelo menos um mês antes da festa”, relata Vilma Rosa, de 49 anos, professora de projetos da escola.

A queixa mais comum feita nestas festas é a perda da magia. Os alunos do Colégio Estadual Califórnia também têm a mesma queixa. “Hoje não temos nem mais fogueira, pau de sebo, casamento de “mentirinha”, esses tipos de coisas típicas de festas caipiras", lamenta Thaís Brito, de 18 anos, presidente do grêmio estudantil da escola, para quem o pessoal só quer saber de “funk e bebidas alcoólicas”.

O momento mais esperado das festas típicas dos meses de junho e julho são as quadrilhas. No Califórnia, onde há duas quadrilhas, não é diferente. Uma dos alunos do segundo turno, que por sua vez são mais novos. Outra é integrada pelos alunos do turno da manhã, mais velhos que os primeiros. A falta de interação entre esses turnos também se torna um problema sério ao olhar da professora Vilma Rosa. “Acho que isso é a maior besteira. As meninas mais velhas, da manhã, se negaram a dançar com os pequenos, da tarde. Alegaram que eles iriam atrapalhar a quadrilha. A festa não pode ter esse espírito de individualismo, muito pelo contrário, deve ter um espírito de equipe”, conta a professora.

No Instituto Recanto do Saber, os alunos promoveram uma quadrilha de rodeiro no domingo passado. Com músicas características, e os convidados com traje a rigor, a festa ganha vida. Jogos, brinquedos, barracas, tudo organizado em uma quadra esportiva. “Gostamos muito da preparação da festa, acho que foi boa a iniciativa da escola. E deu certo”, diz a estudante de Pedagogia Patrícia Alves, de 29 anos, que tem uma filha no 3º ano do ensino fundamental. Todo ano as expectativas sobre as festas dos meses que dividem o ano são as mesmas. “Preparação, animação e diversão, são esse os comandos básicos para uma boa festa de meio de ano”, conclui Patrícia Alves.

As festas também ajudam no orçamento da escola. No Califórnia, o dinheiro arrecadado na festa é usado na colação de grau dos alunos do 3º ano do ensino médio. “Nossa festa de formatura é uma despesa que quase ninguém pode pagar", conta Thaís Brito, a presidente do grêmio estudantil. "Queríamos fazer algo marcante, mas como a escola também não tem verba decidimos arrecadar dinheiro aqui mesmo”. A alternativa encontrada pelos militantes do grêmio foi montar uma barraca com o jogo de “acerte as latas” que se tornou a sensação da festa. “O jogo te deixa instigado a tentar de novo, mesmo que ganhe, não quer parar de jogar”, completa aos risos a jovem gremista.

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