Herdeiras culturais

terça-feira, 13 de julho de 2010

por Yasmin Thayná
Caminhando pelas ruas de Nova Iguaçu em um dia comum do ano de 2006, Jussara Alexandre se encantou com algo inusitado que nunca havia visto na cidade: o Espaço Municipal da Terceira Idade, onde as senhoras praticam diversas atividades ligadas tanto à qualidade de vida saudável quanto à vida social. Ela, que já fazia parte da equipe do projeto Incentivo à Palavra, teve a ideia de conhecer e realizar outros trabalhos junto a essas frequentadoras do espaço.

Quando teve a primeira oportunidade de ter um contato com essas senhoras, Jussara Alexandre ouviu todas de forma que elas pudessem contar o que gostariam de fazer. No outro momento, ela recolheu mais informações de onde essas pessoas vinham: algumas do Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia e até mesmo Portugal. Percebeu então que as características regionais, como as cantigas das lavadeiras, entrelaçavam algumas histórias. Ela também notou que elas sempre chegavam dançando aos encontros. “Elas me contaram que na infância delas, quando as mães terminavam seus afazeres, elas colocavam saias, faziam uma roda, ficavam cantando e os homens também dançavam“, conta Jussara, que depois desses depoimentos começou ensinar o pouco da dança que aprendeu nas aulas do Jongo da Serrinha quando ainda era no Império Serrano.

Além de conquistar um espaço ali, Jussara queria transformar 10 senhoras, de 50 até 95 anos, em contadoras de história das escolas municipais de forma que elas pudessem narrar suas experiências e por intermédio delas aproximar o jongo das crianças da cidade. Atualmente há no Espaço da Terceira Idade cerca de 90 senhoras que dançam Jongo. O evento mais emocionante de que Jussara participou foi o encontro de saberes promovido pela Prefeitura de Nova Iguaçu em 2006, durante o qual diversos professores enriqueceram o jongo com artes plásticas, leitura do corpo, teatro, história e outros.

O projeto é mais que jongo e história. É, principalmente, uma troca de amor e carinho. “Elas ligavam para minha casa cobrando a minha presença. Eu visitei várias no Hospital. Largava tudo para ir e elas ficavam felizes ao me ver. Era incrível porque eu contava histórias para animá-las,” conta Jussara Alexandre, especializada em Língua Portuguesa, que não se sente como uma coordenadora e sim mais uma pessoa que ofereceu um espaço para que elas contassem as histórias delas. Desde pequena teve oportunidade para contar suas angústias e alegrias. E isso fez dela uma pessoa muito melhor.

1 Comentários:

Unknown disse...

Thayná,
a matéria ficou maravilhosa! Fiquei emocionada com a seriedade em elaborar a mesma na íntegra.
Farei de tudo para que as meninas do jongo possam ler.
Sucessos em sua caminhada. Bjs
Jussara

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