O bom veterano

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

por Joaquim Tavares


O que lembra a volta às aulas quando o cenário são as universidades? Sim, o trote universitário!

O trote é um momento único na vida do estreante na faculdade, o famoso ‘calouro’. Esse momento mistura divertimento, descontração, entusiasmo e, às vezes, alguns problemas.

São muitas as histórias que mostram atitudes desprezíveis em trotes por todo o país. Algumas localidades estão mais em evidência quando o assunto é esse tipo de problema, como São Paulo. Chega-se a pensar que todo trote é um absurdo, por conta de tudo que já foi visto em alguns casos mostrados por todo o país. No entanto, é um erro muito grande generalizar a situação.


Há faculdades que prezam pelo chamado ‘Trote Solidário’, que age em prol da sociedade, se transformando num momento de resgate do ‘ser cidadão’ e incentivando os calouros a serem mais participativos em seus envolvimentos comuns na sociedade.

Ainda sim, há aqueles casos onde prevalece o meio-termo. O trote nem é desrespeitoso, nem é um fator social [pelo menos não aparentemente]. Nesse caso, o mais importante no trote é a interação entre o calouro e a faculdade em si. Mas como isso se dá?

Pois bem, o trote atua como vínculo entre os que estão chegando e os que já estavam ali, mantendo a interação entre todos seus participantes; os que levam e os que aplicam o trote.

Diversas brincadeiras são feitas no intuito de estimular a participação do calouro e, assim, ajudá-lo na sua aproximação com o universo da faculdade. Tudo bem que uma universidade se faz de aulas e objetivos pedagógicos, mas a relação do calouro com os alunos mais antigos é de extrema importância para a vida desse que cai de pára-quedas numa vida totalmente diferente da que ele já está acostumado. É aí que surge a imagem do ‘bom veterano’.

A ‘função’ do veterano, além de aplicar o trote, é também habituar o calouro sobre a vivência dentro da universidade. Em meio a tanta coisa nova, o calouro se perde em determinadas situações, o que é normal. Um veterano serve para orientar o calouro nessas situações. Isso pode não parecer muita coisa vista sob um olhar mais desatento, mas, quando se olha na prática, é fundamental para a ‘sobrevivência’ daqueles sem experiência.

Na UERJ, os alunos de Pedagogia tendem para o trote convencional, mas sem qualquer desrespeito com os recém-chegados; não há o envolvimento de bebidas alcoólicas e não ocorre nenhum tipo de violência [física, verbal ou psicológica]. Lá, o o evento é mostra o calouro como algo muito esperado pela faculdade e por todos.

Além das brincadeiras e gincanas, há também a arrecadação de verba por parte dos iniciantes, com um diferencial admirável. Todo o dinheiro levantado pela arrecadação dos novos ‘recrutas’ volta para eles próprios de alguma forma, como, por exemplo, em forma de ‘festa de boas-vindas’. É claro que a finalidade do dinheiro pode ser trabalhada de outra forma, mas o fato do dinheiro juntado pelos calouros servir para eles mesmos já é uma grande evolução se for levado em consideração que é muito fácil ver o dinheiro sendo usado por veteranos em cerveja nos bares.

“O trote representa um momento de descontração e interação entre calouros e veteranos", afirma Rennan Bressan, aluno do terceiro período de Pedagogia na UERJ e um dos envolvidos na ‘produção’ do trote. "Sem dúvida, um momento único na vida acadêmica de ambos! No trote, o que não pode haver de jeito nenhum é o desrespeito de veteranos com os calouros e vice-versa. O mais importante é brincar de maneira saudável sem que haja desrespeito. Nesse meu tempo na universidade, aprendi que o trote é um momento em que fazemos muitos amigos participando do objetivo proposto”. Para Rennan, muito se perderia em termos de confraternização se acabasse o trote, como muitos insistem.

Para quem acha que os próprios calouros não gostam do trote, cuidado com o que pensam! Uma prova disso é que o trote não é obrigatório e mesmo assim a maioria dos alunos participa dele. Caso a dúvida ainda persista, fica fácil evidenciar como o trote é aceito através de uma simples pergunta – Durante a aplicação do trote, os veteranos perguntam quem deseja aplicá-lo no próximo semestre. Adivinha o que acontece...

Querendo ou não, o trote tem mais valor do que se pensa e isso faz com que essa tradição permaneça ainda durante muito tempo. Então, aproveitem, a festa é para vocês. Sejam bem-vindos!

3 Comentários:

Josy Antunes disse...

Fiquei encantada!
Andando por Niterói ontem esbarrei com um monte de gente estranha pintada de todas as coisas possíveis: calouros da UFF! Quero levar trote ano que vem também! hahaha A matéria até me animou pra continuar a ler os editais que estou lendo agora.
(Na minha faculdade atual o trote é proibido)

Rebeca disse...

Oi, Joaquim! Gostei muito do que escreveu aqui. Muito bem argumentado. Acho que é isso: precisamos reinventar o trote, cada localidade à sua maneira. Lembrando que veteranos e calouros sempre precisam garantir o respeito mútuo. Beijos!
(8º período - Pedagogia - UERJ-Maraca)

Josy Antunes disse...

Tem trote de 2009 nos nossos arquivos: http://jovemreporter.blogspot.com/2009/03/primeira-aula-gente-nunca-esquece.html

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI