Palco anárquico

terça-feira, 17 de agosto de 2010

por Letícia da Rocha e Lucas Lima


Atores, músicos, poetas, artistas, palhaços e até alguns aparentemente loucos. Esse foi o público presente na quarta edição do Putz Grila, encontro com objetivo de fornecer espaço e visibilidade para os artistas da Baixada Fluminense. "É um encontro para as pessoas mostrarem o que têm vontade, o dom que possuem. O lugar é livre para apresentações, expressões e intervenções culturais", disse Deco, um dos organizadores do evento, 33 anos. Não foi diferente na última quinta, dia 12.

Os organizadores criaram o Putz Grila para unir os grupos culturais que sofrem com o problema da apresentação e distribuição do seu produto . "Não temos onde expor nosso trabalho e/ou o trabalho de outras pessoas da Baixada, lugar onde não acontece nada de artístico regularmente, e quando acontece é uma eventual obra do acaso", contou o ator Humberto Assumpção, que foi o DJ da festa.



O Putz Grila é uma fusão da Nó Companhia de Teatro com o grupo Geração Delírio, que resolveu estender seus tentáculos da cena musical alternativa para o teatro. "É um intercâmbio de pessoas, gêneros e estilos, fomentando uma rede", declarou Felipe Coelho, um dos organizadores do evento. A ideia inicial do Putz Grila era criar um palco aberto, onde atrações convidadas e a galera pudessem se manifestar através da apropriação do microfone. Mas o palco livre e democrático ganhou cores anarquistas já na primeira edição, a partir da sugestão de PV, um dos representantes da Geração Delírio, de se fazer algom "mais rock, mais alternativo e underground". "Nós somos uma porrada de possibilidade nesse leque de municípios chamado Baixada Fluminense", afirmou.


Todas as edições do Putz Grila tiveram como cenário o Bar Aurora, conhecido Amarelinho de Nilopolis. Dono do bar há cinco anos, Paulo Roberto Magalhães, 48, não pensou duas vezes para ceder o espaço. “Concordei porque vi que seria uma coisa boa”, disse ele, que só impôs a proibição dos tóxicos na festa. Porém, A parceria que já dura há quatro meses também proporciona certas “regalias” aos organizadores, como petiscos e algumas doses extras de cerveja. “É bom porque dá visibilidade ao local”.


Mais do que um espaço livre para manifestações, a festa registra um processo de mudança na juventude da Baixada. “Acho que está acontecendo uma coisa diferente, as pessoas estão parando de esperar e fazendo seus movimentos espontâneos. Elas querem escolher a informação, produzir o que vão ouvir, o que vão ver e o que vão consumir", disse Paulo Alves, 28 anos, para quem as pessoas não querem mais migrar para o centro da cidade, onde as coisas acontecem, nem ficar esperando passivas.

Um dos pontos interessantes da festa são as temáticas. "A primeira edição foi apenas o Putz Grila, a segunda Putz Grila é tudo verdade, a terceira Putz Grila quando o destino resolve interferir tudo pode acontecer e essa é o Putz Grila pega leve", explicou Felipe Coelho. Segundo o organizador, as temáticas surgem de maneira subjetiva e espontânea, como o próprio nome da festa. "A próxima será o Putz Grila no escurinho é mais gostoso".

Além dos artistas, roqueiros, skatistas e malabares também marcam presença, bem como pessoas que só estão ali para se divertir e beber. Curiosamente, dois rapazes se enquadraram nessa situação de maneira bem destacado da maioria, até por seus trajes. "Se tem cerveja gelada, eu tô dentro", disse um deles, que, como seu amigo, pediu para não ser identificado. "Minha mulher acha que tô em casa", contou descontraído e aproveitando o bom ambiente do bar. Skatista desde os seus 10 anos, Wagner Silva frequenta o Putz desde a sua primeira edição. "Comecei a vir por intermédio de um amigo, hoje venho por conta própria pra encontrar a galera", contou o jovem de 18 anos.


Apesar do sucesso, em breve o evento deve se mudar de Nilópolis. "A pretensão é fazer do Putz Grila algo itinerante pela Baixada, mas sempre com a sua base em Nilopolis, sempre na segunda quinta-feira de cada mês", encerrou Felipe Coelho.

2 Comentários:

Anônimo disse...

o que?!?!?
chamar a rapaziada do putzgrila de aparentemente loucos e até de palhaços??
é bullying! é bullying!

Anônimo disse...

Essa galera é massa...

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