Morro limpeza

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

por Jéssica de Oliveira

No dia 15 de setembro, as comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira, no Leme, realizaram um mutirão para a retirada do lixo acumulado em diversos pontos dos morros. A ação foi organizada pelas associações de moradores das duas comunidades em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o CDI, a Comlurb, o Corpo de Bombeiros, Polícia Cívil e Militar, agentes de saúde, a ONG Cisane de Nova Era e a Escola Tia Percília, localizada no Babilônia. Os moradores das comunidades que há um ano receberam a Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP, também participaram do mutirão.



Esse multirão faz parte do projeto "Alto Leme", que visa a integração do "morro com o asfalto". "Nós queremos que a comunidade saia da 'clandestinidade' e passe a ser um bairro como o Leme é. Com a pacificação, nós já estamos recebendo muitos investimentos do governo, mas precisamos mostrar que estamos interessados e dispostos a ajudar, começando pela limpeza do local", afima Nivea Mendes, coordenadora da ONG Dignitá e do núcleo do CDI nas duas comunidades.

As comunidades do Babilônia e Chapéu Mangueira passaram por grandes melhorias com a chegada da Unidade da Polícia Pacificadora. "O tráfico deixava a comunidade muito feia", queixa-se Nívea. "Quando não existe o poder armado, as pessoas se sentem mais livres. Antes, não se viam crianças no caminho, as pessoas não podiam andar na hora que quisessem, era fácil encontrar gente armada vendendo drogas, mas felizmente, hoje não se vê mais isso. Já nos dá um alívio; a situação tá bem diferente".

Valdinei Medina, morador e ativista social, completa a fala de Nívea pontuando as mudanças decorrentes da implantação da UPP nos morros: "Hoje o Brasil abre o jornal e vê que o Chapéu Mangueira e o Babilônia mudaram e podem contar com a ajuda do poder público, cada vez mais presente. Políciais andam atrás e vai um monte de garotinho na frente com a boina deles na cabeça e todo mundo sabe que isso era totalmente impossível há algum tempo. Nós somos exemplos para o Rio de Janeiro e para todo o Brasil".

O evento teve inicio às 9h, após execução do Hino Nacional Brasileiro, interpretado pela Banda da Polícia Militar. Logo em seguida, Rodrigo Baggio, diretor do CDI, falou da satisfação da Instituição em apoiar o evento. "Este é o começo da realização do sonho do Alto Leme e o CDI fica feliz em poder colaborar com essa inovação. E, mais que isso, nosso sonho é construir um Rio de Janeiro muito melhor, através da educação profissional, das mídias sociais, da conscientização ambiental e muito mais, portanto, onde nós pudermos ajudar, é só nos chamar".

Depois da plantação simbólica de algumas mudas de flores doadas pela empresa de paisagismo Arte Flores, a pequena multidão que prestigiava o evento seguiu pelos becos e vielas do morro com sacolas plásticas catando parte do lixo. A Comlurb também participou do mutirão, mas os garis coletaram lixo numa área à parte.

Jéssica Gonzaga da Silva, de 10 anos, é aluna da Escola Tia Percília e participou do multirão. "Se todo mundo fizer sua parte, a gente consegue ter um lugar melhor pra viver. Assim é melhor para o planeta", crê.

As escadarias e trechos de difícil acesso eram compensados pela vista deslumbrante da praia do Leme. Além de coletar o lixo, os participantes do mutirão distribuíram informativos produzidos por agentes ambientais que desenvolveam um trabalho de conscientizaçâo nas comunidades desde antes da implantação da UPP.

Terminada a ação do multirão, todos seguiram para a quadra da FAETEC, localizada na Ladeira Ary Barroso, entre as duas comunidades, para assistir ao show do grupo Chegando de Surpresa da Comlurb, que animou a criançada com músicas sobre limpeza urbana e meios simples de conservação do lugar onde vivem. "Fazer esse trabalho com as crianças é fundamental. Elas são o nosso futuro e aliados na preservação ambiental", afirma João Marcos Lopes, vocalista da banda.

0 Comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI