Parte II - A vontade de mudar

sábado, 20 de novembro de 2010

por Jéssica de Oliveira

O período que passou ao lado de José Junior no Afro-Reggae foi, na verdade, um conjunto de muitas aulas. “Aprendi a fazer gestão, a elaborar e coordenar projetos, a captar recursos. Enfim, um grande conhecimento sobre a área”. E foi em 1996 que o aprendiz Edilso Maceió escreveu seu primeiro projeto.
 

Ao contrário do formato que o grupo cultural de Vigário Geral desenvolvia, Edilso implementou um projeto de creche chamado Criança Legal. “Era completamente diferente do que o Afro-Reggae estava acostumado. Foi muito complicado no começo, mas porque ninguém estava acostumado àquilo”, relembra, explicando: “O Afro-Reggae sempre trabalhou com adolescentes e jovens, mas não havia nada para crianças, principalmente na faixa etária de 2 a 4 anos”, conta o criador da primeira creche comunitária de Vigário Geral.

O projeto perdurou de 1996 até 2002. “Hoje o projeto já não funciona, mas as crianças atendidas, conforme foram crescendo, migraram para outros projetos da instituição. Até hoje, quando eu vou visitá-los, eles se lembram de mim. É realmente emocionante”, afirma. 


Ao passo que Edilso começou a conhecer mais profundamente o universo dos projetos sociais e ajudava a escrever a história do Afro-Reggae, o destino cuidava de lhe reservar um futuro diferente daquele que o próprio Edilso esperava ter na instituição que o acolheu.


Em 1993, Eliete Gomes Maceió, irmã de Edilso, mudava-se da favela Nova Holanda para o bairro Jardim Nova Era, Nova Iguaçu, após casar-se com Antonio de Albuquerque, cozinheiro que conheceu em uma festa.


Na época, o novo bairro de Eliete era tão marcado pela violência quanto a comunidade em que nascera. “Eu me lembro que Eliete e eu fomos fazer compras de Natal em um mercado do centro de Nova Iguaçu em que tinha uma placa escrito: ‘não entregamos em Nova Era’. Eu achei aquilo um abuso! Escrevi meu endereço num papel, dei na mão do gerente e disse: ‘se as minhas compras não chegarem, eu vou à delegacia dar parte do mercado que me roubou’”. 


As compras do mercado chegaram à casa de sua irmã, mas o episódio motivou Edilso a querer mudar a realidade do lugar onde seus sobrinhos cresceriam. “Não fazer nada seria impossível. Que futuro as crianças daquele bairro teriam?”, indaga. Naquele momento, uma nova chama se acendeu.

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