Uma conversa, um show: o passado e o futuro

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

por Marcelle Abreu e Yasmin Thayná



                                                       Fotografia por Marcelle Abreu
Na última sexta feira, o jornada cultural no Sesc de Duque de Caxias iniciou, um pouco atrasado, o show com a banda Visão Periférica que aproxima brancos, pretos, pardos, índios e até italianos, presentes no Jornada Cultural, na hora da Ciranda.

Os jovens periféricos Alex Nanin na guitarra, Alan Santos no baixo, Rogéria Nascimento no Alfaia, Bruno Abreu na bateria, Anderson Barnabé no Vocal e Veruska Thaylla, que não esteve presente no evento, no Alfaia; possuem uma história que é capaz de contagiar toda a sua energia em 1 minuto de apresentação. Começando em 2004 na cidade de Santa Cruz, último bairro do Rio de Janeiro, a Reperiferia cria oficinas livres de Maracatu, Cinema, Teatro adulto e Teatro Infantil.

Veruska Thaylla e Rogeria Nascimento são fundadoras do projeto. "Quando a gente deu inicio ao reperiferia, elas correram para se inscrever. Teatro, dança, maracatu, elas se inscreveram em tudo." O projeto reperiferia com um mês de existência tinha 300 alunos. No local que implantaram o projeto havia 201 conjuntos habitacionais. Oficinas de cenário, figurino, culinária, teatro etc. Na época eles tinham um professor cubano que dava aula de dança e esse dá aula na lapa hoje. Rogéria além de tocar com eles tem uma companhia de teatro, junto com Veruska em Santa Cruz.

A ideia da oficina de Maracatu que era ministrada por Bruno Abreu - criador do Rio Maracatu que é a maior representação do maracatu dentro do Rio de Janeiro criado numa viagem de carnaval para Pernambuco - era levar outros ritmos musicas à comunidade, já que lá elas se restrigiam a pagode e funk. "O maracatu foi escolhido, pois seria importante levar a eles algo da raiz brasileira, mostrar umpouco da cultura popular brasileira. Eles precisavam conhecer um pouco do que aconteceu no passado. É algo que está na origem," explica Barnabé.
Fotografia por Marcelle Abreu



 
As oficinas foram tomando corpo e o que era apenas percussão, onde eles trabalhavam com cortejos, foi sendo incrementado com toadas, que além da percussão, tem as músicas cantadas. A banda, assim como qualquer outra, sofreu crises que determinaram o rumo que todos aqueles jovens com vontade de fazer maracatu na periferia seguriam.

Bruno, baterista da banda, Bruno é morador do centro do Rio de Janeiro e isso não torna falso a intenção do projeto cujo objetivo é trazer do centro o conhecimento para os que precisam, sendo assim um projeto de inclusão que não vai levar o excluído para ficar junto aos que têm acesso e sim fazer o contrario: "eles vão vir para a baixada," disse Barnabé citando Glauber Rocha com outras palavras.

Assim como toda banda, a Visão Periférica também teve suas crises que determinaram o futuro que aqueles jovens perifericos com vontade de fazer maracatu em seu território seguiriam. Durante a oficina, Barnabé conta que existiu uma menina que cantava bem, era afinada e tinha presença. Mas ela se afastou da banda pelo conflito equivocada de sua religião e a característica do Maracatu. Wesley assumiu o vocal e, também por sua religião, saiu da banda no momento em que eles iam tocar no Circo Voador que é o sonho de qualquer banda. Barnabé que é ator e não sabia tocar, nem cantar se junta a eles. “Eu não podia deixar a banda acabar porque uma pessoa saiu, eu não podia admitir isso. Eu estava completamente envolvido. Na apresentação do circo voador, eu já fiquei ao lado do vocalista cantando. Foi surreal.”, conta. (já ano de 2007)

Além disso, ninguém era músico. Porém, a vontade de aprender e o amor que tinham era o que fortalecia a continuação com o coletivo. “Uma coisa é ser chamado para se apresentar no meio que você convive, outra é ser chamado para fazer parte de um evento onde há músicos de verdade”, completou Barnabé que quando canta Olhos Coloridos faz questão de ressaltar que a música ´o verdadeiro hino cultural do povo brasileiro.

A banda não queria ser apenas uma representação da cultura de Pernambuco. A necessidade da inserção da identidade deles era fundamental, resolveram inovar misturando o funk, hip hop, rock e MPB, o que tornou mais pop trazendo urbano com o tradicional. No momento, estão criando bases eletrônicas. “Agora a agente vai ter um DJ em cena tocando conosco,” além disso, estão vivendo um momento autoral "estamos criando nossas prórpias músicas."

Alex, baixista e é o mais novo na banda, completou no show do Jornada um ano de paceria. Entrou quando fazia parte da escola livre de cinema e Barnabé, ao descobrir que ele era baixista, logo o chamou para fazer parte do grupo. “Eu tinha um e-mail no qual estava que eu era baixista e foi esse que usei na escola livre de cinema. O Barnabé veio até mim todo curioso querendo saber a respeito. A oportunidade apareceu e eu que era roqueiro, tocava rock pesado, deixei isso de lado e aproveitei a oportunidade. É muito bom estar lá em cima e sentir a energia do publico, geral dançando e curtindo”, conta Alex.

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