Encantadora despedida

sábado, 25 de dezembro de 2010

por Hosana Souza. Fotos: Movimento Enraizados


Pode até ser paradoxal definir um evento de hip-hop como encantador, entretanto não há melhor adjetivo para definir à tarde organizada no último sábado, 18, pelo Movimento Enraizados em sua sede em Morro Agudo.

A última maratona cultural do espaço começou com a exibição dos pratos da casa, os filmes realizados durante os meses de oficina do primeiro pontão de cultura da Baixada, o Pontão Preto Ghóez Juventude Digital. Foram exibidos os curtas: “Venha ver o pôr do Sol”, “A voz”, “Good Times” – em parceria com a UNIGRANRIO de Caxias, “Pré Ocupado”, “Verbo dos menor”, “Bem vindo ao clube”, “Dia de pipa” e “Meias verdades”.

O pátio da ONG ferveu após a sessão cinematográfica com as apresentações de break, teatro e capoeira, tudo fruto das oficinas do ProJovem Adolescentes. Ailton Felix, 15, estudante do CIEP 134, presente no Enraizados a uma, participa das oficinas de break. “Antes de ter um espaço lá no Cacuia, onde moro, eu vinha aqui. È bem melhor do que ficar à toa, eu gosto da cultura, dos aprendizados”, diz.

Já no inicio da noite o movimento Enraizadinhos inaugurou o palco com músicas produzidas por eles próprios. Houve a entrega de certificado para todos que concluíram os cursos de áudio, edição gráfica e audiovisual. Os Enraizadinhos também receberam seus certificados, junto com um CD contendo as suas próprias músicas. Além das apresentações dos Enraizadinhos o público curtiu o show dos MC’s Dudu de Morro Agudo, Léo Da XIII, Petter, Marcão Bxd, Diamante e Kokaum.


Dudu de Morro Agudo, o chefe da família Enraizados, corria para todos os lados sempre ocupado e preocupado para que tudo desse certo. “Muitas vezes eu fico tão preso a parte burocrática da coisa que nem curto muito o trabalho desses meninos, como por exemplo os filmes, muitos deles eu assisti pela primeira vez hoje e foram gravados aqui dentro”, relembra. Além do projeto, mais do que bem sucedido a tarde reservou para Dudu outro momento de orgulho, a apresentação de sua filha a MC Imperatriz. “Eu fico muito feliz com ela, nunca forcei a nada e é muito bom vê-la toda dedicada a escrever e tal”, diz enquanto corre para sua apresentação.

Todo sucesso da tarde que teve a presença dos familiares e de alguns membros da comunidade, além de grandes artistas, se deve principalmente a persistências e organização da equipe Enraizados que jogam sem medo em todas as áreas. “Graças a Deus eu posso contar muito com eles, cada um se foca em uma coisa e no final dá tudo certo”, conta Getulio Nascimento, oficineiro de teatro.

Encerrando com tudo

As apresentações que teriam apenas cinco horas de duração perduraram pela noite com o inovador sarau que reuniu quarenta e duas pessoas da 1º Caravana da Poesia, que passou pelo Rio de Janeiro em zonas periféricas como o Complexo do Alemão. Foram reunidos os saraus Vila Fundão, Elo da Corrente, Sarau Palmarino, Sarau do Binho, Sarau Poesia na Brasa, Sarau da Ademar e Sarau Suburbano Convicto. Todos estes originados de um só lugar, o Sarau da Cooperifa, onde já possui 9 anos de existência.


O responsável pelo sucesso é o Marco Antonio, mais conhecido como Pezão, que explica sobre a origem do projeto: “Um amigo cujo apelido é Bodão montou um bar em Taboão da Serra chamado garajão, ele estava querendo fazer desse bar um espaço cultural onde teria variadas atrações”, explica, “Tive a ideia de chamar o Sergio Vaz, um grande poeta da cidade, deste modo, toda as quartas era o dia consagrado da poesia. O importante era ler, dar vida ao papel. Esta foi a sacada: demos voz ao poema. Conforme o passar do tempo o movimento tomou uma proporção tão grande que nasceu o Cooperifa”.

O acontecimento ocorreu no ano de 2001. Dois anos se passaram, e o bar que era ponto de referência fechou as portas, porém o projeto foi adiante, sendo transferido para residência do bar de José Cláudio Rosa, mais conhecido como Zé Batidão. As pessoas que frequentavam o ambiente, apreciavam a ideia que implantaram cada um em seu bairro, derivando assim vários saraus. Hoje em dia o movimento cultural abrange também outras áreas artísticas como teatro, cinema, graffiti, música, porém não perdendo o principal objetivo “A poesia ”.

Outro movimento que esteve no Enraizados foi o Barão do Lixo que utiliza detritos no intuito de provocar arte com a transformação. Tubarão, que faz parte tanto do movimento do Barão quanto do Suburbano Convicto apresentando aulas de reciclagem, diz que “A arte plástica acaba sendo a materialização da poesia, o graffite que sai da parede, a poesia que toma uma forma”.

Já no sarau do Elo da Corrente, o pernambucano Douglas Alves deu seu depoimento “O nosso sarau não chega ser temático, mais sim algo muito democrático , apesar de obter uma forte militância de manifestação negra, fazendo que estas questões fiquem bastante aguçadas, são as mesma pessoas interligadas com característica de gênero e raça, de certa forma acaba enfezado, porém não venha ser algo autoritário, se alguém quiser fala de outra proposta esta aberto é aceitável”. Douglas que não conhecia os Enraizados, ficou entusiasmado com o lugar “Foi uma troca de ideia e experiência”, encerra.

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