Militância poética

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

por Dandara Guerra


Quem nunca dormiu ouvindo histórias de contos de fadas? Quem nunca teve a infância atormentada pelo Cuca? Eu conheço uma pessoa que nunca teve: Ivone Landim, moradora da Baixada Fluminense, 47 anos, professora formada em letras. Sua história sempre esteve ligada mundo da escrita e dos contos.



Filha de uma mãe semianalfabeta, pai analfabeto e criada por uma madrasta que também era analfabeta, Ivone despertou para o mundo das letras do modo mais inusitado. “Quando era criança, minha madrasta trabalhava como cozinheira em um restaurante e, na hora de ir embora, embrulhava as sobras dos cliente em jornais para dar aos gatos, mas antes disso eu corria e aproveitava para ler”, conta Landim, que hoje preside o Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu. Ler aquelas folhas manchadas de gordura era a única diversão da menina tímida e solitária.

Aos 17 anos, conheceu a banca literária da Amaral Peixoto, que atraía para o Centro de Nova Iguaçu poetas como Sylvio Monteiro, Moduan Matus, Vanderlei Maris, Airton José. "Coordenada pelo Idis Campos e pelo Tadeu, a barraca literária reunia a galera da literatura e poesia", lembra Ivone Landim.

No entanto, a poeta só começou produzir cultura quando se envolveu com o grupo “Caco de vidro”, que se reunia no Esporte Clube Iguaçu. "Mas o primeiro poema que publiquei foi numa coletânea do Desmaio Publico, um importantíssimo projeto cultural que até hoje é uma referencia na área poética".

Uma militante da poesia, Ivone Landim criou diversos grupos na Baixada Fluminense: Pó de Poesia, Entrelinhas e Fulanas de Tal. “O Pó de Poesia é uma provocação aos poetas, para que literalmente tirem os poemas trancado nas gavetas, onde estão acumulando poeira." O “Entrelinhas” é o braço pedagógico de sua militância poética, que resulta na publicação de um fanzine com os estudantes da FAETEC. Com as “Fulanas de Tais”, que se reúne no Centro Cultural Donana, em Belford Roxo, Ivone Landim pretende mesclar literatura e feminismo. "Desejo resgatar o movimento feminista lutando pela educação de gênero, criando uma nova ideologia poética."

Além de poeta, Ivone Landim é professora de literatura da rede FAETEC, arteterapeuta e tintora, palavra que ela criou para traduzir sua relação com as artes plásticas. “Não tive aula de pintura, mas mesmo assim crio os meus quadros”, afirma Landim, que já contabiliza trinta anos no mundo das artes. “A arte é um portal aberto para possibilitar a autoestima e a autorrealização e solidariedade, proporcionando conhecimento e até mesmo a cura.”

2 Comentários:

Yasmin Thayná disse...

Minha mãe! Uma linda essa Ivone Landim! Que tem uma carreira gigante, conhecimento de sobra e paciência pra me educar pelas paredes e dentro da sala do pedagógico! Se eu estou começando a desenrolar a minha vida na comunicação, devo a ela! Muito obrigada, professora-mãe. Obrigada, dandara, pela matéria e tudo de bom na carreira!

Ivone Landim disse...

Que emoção diante de um projeto onde a juventude conhece seu territorio e se reconhece na atividade cultural dos que estão escrevendo historia com sua propria existencia. Parabens ao coordenador dos Jovem Reporter,nossa cidade se orgulha e tem muito a contribuir. Parabens a essa querida jovem reporter que como uma boa jornalista não deixou eu desistir e me estimulou a falar o maximo possivel, fiquei a vontade com essa minha pequenina. Por fim parabens a todos do grupo ,vcs realizam um grande trabalho de cidadania com simpicidade e competencia. Estão revelando a Nova Iguaçu ativista de politica cultural.E yasmim vc sabe que é meu ouro. Beijos .

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