por Wanderson Duque
Domingo à noite, aproximadamente 20h. Uma multidão de religiosos (cristãos protestantes) já está reunida há cerca de uma hora no templo da igreja Assembleia de Deus, em Morro Agudo, Nova Iguaçu, orando “em comunhão” e cantando “em louvor do seu Deus”. Porém, os louvores entoados não agradam a todos os presentes no local. Muitos cristãos são adeptos dos mais diversos gêneros musicais - mas claro, todos feitos por músicos igualmente cristãos. “Pode parecer contradição alguém que chega na igreja, canta aqueles hinos da harpa superchatos e, ao chegar em casa, põe um cd do Stryper, por exemplo”, conta Jorge Lima, de 17 anos. Para quem não sabe, a “Stryper” é uma banda norte-americana de metal-cristão - também conhecido como white metal, criada no condado de Orange em 1983, que, depois de um tempo de ostracismo, voltou a produzir em 2003.
Os motivos que fizeram Jorge “louvar em outro ritmo” são compartilhados por Ágape Martin, da Igreja Metodista Central em Nova Iguaçu. Mas, diferentemente de seu “irmão em Cristo”, Ágape tem preferência por um lado musical mais suingado: o axé. Ágape afirma ser muito criticado por isso, mas tem plena consciência de que não está indo contra nenhum dos preceitos reliosos que acredita. “Meus amigos, pastores e até meus próprios pais dizem para eu tomar cuidado. Onde já se viu? Não entendo como ouvir um gênero diferenciado, mesmo sendo de caráter altamente cristão, vá me levar para o inferno”, contesta Ágape.