por Josy Antunes / Fotos: Claudiano Vasconcelos e Josy Antunes
Sob o Sol forte de uma manhã de domingo, mais um dia de tradição em Areia Branca, Belford Roxo, se firmava. Lonas se espalhavam pelo chão e por estruturas de madeira. Sobre elas, distribuíam-se as mais diversas mercadorias, numa forma de organização entre vendedores e frequentadores característica da mais popular feira da região. Compondo o cenário é possível distinguir peças para encanamento, fitas cassetes, aparelhos eletrodomésticos, discos de vinil, porcos, peixes vivos, peixes mortos, cachorros, celulares, objetos antigos, artigos medicinais, brinquedos, frutas, pastel e caldo de cana. “Até mulher se botar aí vende”, brinca Roberto dos Santos, tomando conta da venda do tio, que chamava atenção por conter uma original Lambreta preta. “Eu tenho 41 anos, essa feira deve ter uns 60. Aqui você encontra tudo o que você quiser, pode ter certeza”, garante, oferecendo uma câmera analógica profissional que, segundo ele, fora presente de uma antiga patroa.
Em busca da diversidade e excentricidade encontradas no local, Érika Nascimento, que cursa o 8º período de Cenografia da Escola de Belas Artes da UFRJ, aponta a feira como lugar de memória dos habitantes do bairro, dos frequentadores e dos feirantes. O tema foi escolhido como base da pesquisa que há 6 meses vem desenvolvendo para a disciplina Psicologia Aplicada às Artes Cênicas, cuja orientação está a cargo da Prof. Dra. Phrygia Arruda. “Como a pesquisa da monitoria é sobre resgate de memória e educação patrimonial, a gente tá trabalhando sobre o resgate da feira de Areia Branca como identidade cultural pra Belford Roxo”, explica Érika, que foi liberada por um dia do estágio que realiza aos finais de semana no MAC – Museu de Arte Contemporânea, em Niterói – para execução da pesquisa de campo.