Um bom vício

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

por Lucas Lima

Além de novas expectativas, o início de um novo traz a espera de um novo carnaval, o que é hoje sinônimo de dias de festa, folia e curtição. Curtição essa que pode ter no corpo definido como perfeito pela nossa sociedade o fator determinante.

Atingir esse status físico requer um preparo, que pode ser feito em uma das academias que tem se espalhado com grande velocidade por toda Baixada Fluminense. Esse preparo muitas vezes não é feito com a devida programação e acaba por ser realizado de maneira indevida, o que acaba sendo sinônimo de problema.



“A freqüência nas academias não é um hábito da maioria da população de periferia, as pessoas nos procuram geralmente em determinadas fases do ano. O período de verão e pré-carnaval é a principal”, conta Carlos Silva, 35 anos, instrutor e dono de uma academia em Nova Iguaçu.

Carlos sabe que a inconstância do público está muito mais ligada às mensalidades cobradas pelas academias, altas para uma cidade pobre como Nova Iguaçu. “Uma boa academia requer um valor um tanto alto, pois os bons e novos aparelhos pedem um alto investimento”, lamenta o empresário.

A funcionária Beatriz Souza, 25, tem a mesma visão. “As pessoas procuram mais as academias em algumas épocas do ano. Tanto homens quanto mulheres querem ficar em forma pra curtir essa festa, até porque muitos vão pra praia”.

Excesso
O professor de educação física Ricardo Pereira, 30, diz que essa procura baseada principalmente na estética não é prejudicial, mas deixa um alerta. “As pessoas podem perfeitamente fazer o exercício apenas em algumas partes do ano, mas devem ficar atentas e ter os mesmo cuidados que um frequentador normal tem”, recomenda o também instrutor de duas academias. “É perigoso para ambos, por exemplo, abusar do peso e malhar excessivamente”, conclui.

Há três anos consecutivos Pedro Pereira freqüenta academia e faz modalidades de luta para poder definir seu corpo para o carnaval. “Faço sempre minha matrícula no finalzinho de dezembro e começo logo no primeiro dia útil de janeiro”, conta o vendedor de 24 anos. “Os instrutores dizem que não corro risco, pois já tinha um hábito contínuo de malhar, mas o trabalho tirou quase todo o meu tempo livre”.

Bruno Costa, 30, não gosta da atividades físicas, mas acha que o sacrifício vale a pena. “Não gosto de malhar, quase nunca tenho disposição e acho chato, mas como todo carnaval viajo e passo todos os dias na rua aproveitando toda a folia, tenho que estar em forma, isso desperta o interesse das mulheres”.

E elas também têm o seu cuidado com o corpo. “Sempre vou pra casa de praia de alguma amiga, e não posso exibir meu corpo na praia sem que ele esteja em boas condições”, conta Renata Trinta, 22 anos. No início, o estudante Renato Silva, 18, só estava preocupado em não fazer feio no carnaval, mas não demorou a descobrir os efeitos altamente positivos de uma academia. “Hoje é um bom vício”, conta.

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