Com a corda toda

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

por Hosana Souza


O aniversário da Cidade de Nova Iguaçu, dia 15, promete várias atrações culturais, dentre elas a oficina de cordel com o grupo e Pontinho de Cultura “Cordel com a Corda Toda”. A oficina ocorrerá durante a primeira parte das comemorações, pela manhã, a partir das 10h na Igreja de Nossa Senhora da Piedade, na Prata.

O grupo, que desenvolve suas atividades há cinco anos e ministra oficinas culturais para as crianças do Bairro Escola já há três anos, conta, além da verba do Fundo Municipal Escritor Antonio Fraga, com o patrocínio da Casa da Moeda e da empresa Eletrobrás. “Graças a essas parcerias, nós podemos desenvolver oficinas que mostram e ensinam a arte do cordel”, diz o coordenador e oficineiro Marco Covaski. “A maioria dos pontinhos se contentou com a verba da prefeitura, nós a interpretamos apenas como um pontapé para vários aprendizados”, completa.



A parceria do matemático e ator Marco Covaski com o projeto “Cordel com a corda toda” se deu há quatro anos. “Eu trabalhava no Nós do Morro quando o Burburinho Cultural – uma das ONGS responsáveis pelo projeto – me procurou. Nós havíamos produzido uma peça sobre a literatura de cordel. Com o convite mergulhei nesse universo e estou cada vez mais apaixonado”, revela. O afeto com o cordel nasceu principalmente antes do teatro: “Toda família de minha mãe é de raiz nordestina. Admiro muito toda aquela cultura e sempre tive muito contato com o cordel. As oportunidades de divulgar essa literatura tão rica e bela me estimulam”.

A oficina, que terá duas horas de duração, se iniciará com uma apresentação teatral que contará em forma de repente – a musicalização de um cordel – a história dessa forma literária tão singular e nacional. Em seguida a oficina compreenderá seu momento que o grupo chama de “Momento da Palavra”, onde há para os presentes a explicação teórica da formação de um cordel e sua prática efetiva.

“Após os esclarecimentos, nós pedimos sempre que eles se reúnam em grupos e componham uma sextilha, que é uma das formas métricas do cordel e em seguida há a exposição oral”. A sextilha é composta por seis versos, onde os versos pares têm a obrigatoriedade de rimar, ao contrário dos impares. O cordel comumente discursa sobre um tema e os produzidos no dia do aniversário do município não fugiriam à regra. O grupo pedirá que os participantes homenageiem a cidade: relembrando momentos ou descrevendo locais.

A oficina conta ainda com um momento dedicado às xilogravuras, as características imagens que compõem a narração do cordel. “Nós mostramos a eles todo o processo, desde os primeiros entalhes na madeira, como eram feitos os cordéis originais, até as técnicas usadas atualmente”, explica Covaski. “Depois nós pedimos que eles o façam, disponibilizamos os materiais e eles soltam a imaginação”.

O workhop, que já foi ministrado em diversos eventos, como o Teia Baixada 2010, sempre é encerrado com a apresentação de um cordelista, no caso o Jota Rodrigues. “Infelizmente não poderemos contar com ele, mas pretendemos mudar as apresentações e em cada período chamar um cordelista diferente para mostrar seu trabalho”, conta Marco.

Jota Rodrigues é um senhor que goza de disposição no alto de seus 93 anos. Analfabeto, produz cordéis com a magia e a simplicidade de quem respira. Todo seu trabalho é feito em casa, com seu próprio maquinário e todo um carinho. O nordestino hoje morador de Nova Iguaçu ainda produz suas rimas e conta com a ajuda de seus familiares para a produção, que insiste em fazer manualmente.

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