Economia virtual

domingo, 9 de janeiro de 2011

por Marcelle Abreu


Ultimamente temos ouvido falar bastante em sites de compra coletivas. Pelo que tem saído nos jornais e na internet, esse mercado irá explodir em 2011. Só que o foco dos donos desses sites é Zona Oeste e Zona Sul, pois lá esse mercado já tem um público certo. O diferencial desses sites é que você compra pela internet e ainda paga menos por isso. Esses sites fecham parceria com restaurantes, clínicas de estética, salões de beleza e daí por diante. O mercado é amplo e quem não gosta de ofertas? Por isso a tendência desse mercado de crescer tanto é certa.

E a Baixada Fluminense, que hoje está ganhando seu espaço no mercado, ganhou seu primeiro site de compra coletiva. O site se chama BAIXADAMAIS e está na rede desde 13 de dezembro de 2010. Seus criadores, Gigliola Peixoto, 32 anos, e Sérgio Moraes, 33 anos, são jovens empreendedores que enxergaram o valor de um site como esse aqui na Baixada.


Eles, que são primos, sempre tiveram vontade de abrir um negócio próprio e vendo a grandeza desse mercado resolveram ariscar e criar seu próprio site. “A gente começou a conversar a respeito e o Sérgio, como programador, sendo analista de sistema, ficou com a parte do site. Isso aconteceu no mês de setembro. Queríamos ser os pioneiros nesse ramo aqui na Baixada e quando começamos a ver outdoors divulgando sites como o nosso, corremos pra agitar e conseguir por no ar logo. O site já estava pronto com conteúdo em mãos e o registro já tinha sido feito no mesmo mês em que a ideia surgiu”, conta Gigliola, que agora se divide entre sua profissão de advogada e diretora do BAIXADAMAIS.

A ideia veio e eles precisavam definir público, onde atuariam e como seria por em prática, pois não adianta só a ideia: é necessário todo um planejamento para que se realize. O primeiro passo foi escolher o nome e esse veio quando definiram que o foco deles seria toda a Baixada Fluminense. Por que não BAIXADAMAIS? Mas não foi tão simples assim. Antes que se definisse, muitos papéis foram rabiscados e sem falar as canetas usadas. “Não é tão simples escolher um nome, estilo e slogan para uma empresa, pois essas escolhas ajudaram no nosso sucesso”, explica Cristiano Moraes, marido de Gigliola e primo de Sérgio. Mesmo não fazendo parte da sociedade, ele veste a camisa do site. “O sucesso da minha família é meu sucesso também. Tudo que eu puder fazer para que o site dê certo, eu vou fazer", afirma ele, que é servidor público federal.

Útil ao agradável
Definido o nome BAIXADAMAIS, eles partiram para o slogan. Como a maioria dos sites oferece ofertas de qualidade e menor preço para lugares bem distantes, não foi difícil chegar ao conceito "descontos bem perto de você". “A gente pensou que era necessário unir o útil ao agradável. Valorizar a Baixada, lançar essa ideia para o público e mostrar que eles não precisam sair daqui para desfrutar de ofertas de qualidade por um preço bom. Tentar com isso acabar com o pensamento de a Baixada ser tão discriminada pelos seus próprios moradores”, explica Cristiano.

Quanto às cores verde e laranja, usadas tanto na logo quanto site, elas tiveram todo um estudo para serem escolhidas. O verde foi pelo sócio Sergio gostar e ela junto ao laranja cria uma sintonia, unem-se da maneira certa, chamando a atenção e ajudando na comunicação necessária para site. A cor laranja em especial foi determinada pelo contraste com o verde e pensando em Nova Iguaçu, na historia da cidade, conhecida pelos seus laranjais. Hoje quase todos os municípios são emancipados, mas antes faziam parte da cidade, berço da Baixada.

A equipe BAIXADAMAIS faz parceria com restaurantes, estabelecimentos que prestam serviço de qualidade, e o melhor é que é aqui, perto dos moradores, que não precisam se deslocar para tão longe para desfrutar das ofertas. “Eles não precisam assim pegar uma Linha Vermelha ou Amarela. A gente também prima pela segurança, que não deixa de ser um diferencial do site”, afirma Gigliola.

Já existem alguns sites como esse na Baixada, mas eles não fazem ofertas exclusivas da região, além de seus donos sequer serem moradores daqui. “O foco da gente realmente é explorar esse novo tipo de mercado que está chegando agora aqui na Baixada. É uma oportunidade de gerar renda pra cá. A pessoa vai comprar aqui e o dinheiro vai ficar aqui. A gente também quer valorizar nossa economia”, diz Cristiano. “É uma empresa da Baixada, que vai criar renda para a Baixada e estará contratando pessoas da Baixada. É um fortalecimento pra região no geral, não é apenas pessoal, claro que a questão pessoal é importante, pois ninguém entra numa empresa pra não lucrar. O lucro é um dos grandes focos da empresa, mas se puder coadunar a questão lucro, questão social, e fortalecimento da região, tudo será mais interessante”, continua ele.

Como tudo começou

O inicio foi simples, com reuniões informais na própria casa. Começaram a traçar as estratégias e claro que analisaram os outros sites, pois é fundamental saber as propostas do concorrente. Todo o site, desde logo, nome, tudo foi criado por eles, sem cópia, sem nada. “O estudo do mercado é fundamental. Nenhum empresário vai entrar no mercado sem analisá-lo. Ele precisa saber onde está entrando, e quais empresas já estão”, explica Cristiano.

Em sua primeira análise desse mercado, constataram que em Nova Iguaçu não havia nenhum site de compra coletiva. Nem aqui nem na Baixada. Eles mesmos fizeram a análise, pesquisando na internet, conversando com amigos, e até empresários conhecidos. “Vimos que era um mercado que estava abandonado. Só que a mesma visão que tivemos, no mesmo tempo outras pessoas também tiveram, sendo umas de fora e outras daqui mesmo”, conta Gigliola.

O BAIXADAMAIS é o único site voltado exclusivamente para a Baixada. Os outros sites querem migrar. Começar por aqui, mas depois irem para outras áreas. Eles têm interesses no Centro do Rio e Zona Oeste, onde o comércio eletrônico já é maior. “Eles vêem isso como facilidade, pois as pessoas de lá já tem incutido na cabeça esse tipo de compra e aqui na Baixada é difícil explicar tanto para o parceiro quanto para os clientes e por essa dificuldade, eles já preferem migrar”, explicam.

Eles desprezam algo que para a equipe BAIXADAMAIS é impar. Como os pioneiros têm uma chance maior de fixação no mercado. Vai ser difícil? Vai, mas o potencial é muito grande. Eles vão buscar o camarada que não sabe o que é compra coletiva e ensiná-lo. Os próprios empresários de NI desconhecem esse mercado e a equipe quer mostrar para eles. Alguns já ouviram até falar, mas não sabem a fundo do que se trata.

Apoio da família
Quem incentivou para que colocasse idéia em prática? “Na verdade, nós mesmos nos apoiamos. De inicio até mantivemos um certo segredo, pra evitar justamente que outros site como esse fossem criados, mas mesmo assim outros surgiram”, conta Gigliola. A família apoiou. Mãe, irmã, esposa, marido. O sócio Sergio até comentou com alguns empresários para ver se havia interesse deles de entrar, mas eles recusaram de cara. Não acreditavam no projeto. “O comércio virtual assusta um pouco. As pessoas ainda estão muito acostumadas ao modelo de compra tradicional, compra e leva na hora. Vai ao restaurante, pede, come e paga na hora. As pessoas têm medo de comprar e não receber. Ainda há um receio em relação a isso. Medo de colocar o número de cartão e esse ser clonado, coisas do tipo. E às vezes deixa de fazer por medo mesmo, mas as pessoas estão expostas a isso no dia a dia. No comércio ela pode receber uma nota falsa. Isso pode acontecer em qualquer lugar”, explica Cristiano.

Como existem sites especializados na segurança, esse mito deve ser quebrado na Baixada. Não vai ser fácil, mas as pessoas que são mais ligadas e antenadas a esse tipo de mídia sabem o potencial desse mercado. “A gráfica Imagine, que está com a gente, de cara nos deu o maior apoio e isso foi até um incentivo pra gente ir fundo. A maioria dos nossos cadastrados, são cadastrados de outros sites, que estão migrando para o nosso. Ainda é prematuro, o site ainda não tem nem um mês, pra falar se houve total migração, mas está acontecendo. Começamos no final do ano e estamos numa época em que o número de acessos cai, pois quando as pessoas estão viajando, tiram férias da internet. Nós mesmos deixamos nossa caixa de e-mail meio que de lado e nós temos a ferramenta que verifica o número de acessos e é nítido o quanto caiu na época de festas de final de ano. De mil acessos, caiu pra trezentos. O ano começa mesmo depois do carnaval, antes disso por mais que acessem, o número é menor. Eu já tenho uma expectativa que para o dia 10 de janeiro, a situação já se estabiliza, pois muita gente volta a sua vida normal”, desabafa.

Mesmo iniciando o site em uma época do ano em que muitos se desligam de suas vidas virtuais, com a divulgação nas redes sociais sendo feita o número de visitantes e cadastrados no site cresceu. O número de vendas tem aumentado e com isso o interesse dos parceiros cresce e o site vai ganhando seu espaço. E vendo isso, a empolgação da equipe com relação ao site é imensa. “Quer apoio maior que esse? Ver o número de vendas aumentando é o melhor incentivo que podemos ter”, afirma o casal.

Como estão explorando um mercado “novo” na Baixada, a maior dificuldade encontrada pelo grupo é a de incutir na cabeça das pessoas esse novo modelo de compra. Muitos têm acesso à internet, mas ter um computador com banda larga não é o suficiente. Falta a eles aprender um pouco de cultural digital. “Desde que o internet banking foi lançado, eu não vou mais ao banco. Minha vida bancária, eu resolvo toda on-line, só vou em caso extremo", comenta Cristiano. “ As pessoas ainda temem pôr seus documentos na internet, mas não os julgo por isso. Até pouco tempo eu ficava com receio de comprar com cartão de crédito. Tive que aprender e é isso que a gente vai fazer: mostrar a eles que é seguro”.

Muita coisa ainda tem para ser feita. Muito ponto a ser explorado, muito papel a ser digitado, mas nenhuma empresa nasce pronta. Elas têm um período de maturação e se tornar conhecida. “O cara tem que entender que esse comércio será lucrativo, que vai gastar menos e comprando no site tudo será igual, só com mais benefícios. O empresário venderá mais e seu negócio será expandido e sua marca ganhará mais visibilidade. E no geral todos ganham. Mais empregos surgirão, pois se o negócio se expandir, será necessário mais funcionários e o BAIXADAMAIS crescendo, maior a equipe se tornará e assim a economia da Baixada só ganha”, diz Cristiano.


A equipe BAIXADAMAIS está entrando num território difícil, mas com grandes chances de vencer. “Nós vamos conseguir. Quando as pessoas perceberam o que é, a vantagem, a grandeza, o BAIXADAMAIS vai explodir, vai ser maravilhoso. Eu, por exemplo, estou com os meus tickets todos guardados. E o legal é que você não precisa usar na hora, tem um determinado tempo para gastar, às vezes até seis meses, vai depender do tempo determinado pelo parceiro”, conta.

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