Amor que não sobe serra

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

por Yasmin Thayná

O verão é uma estação do ano que sempre lembra intensidade, diversão e viagem. Esse é o momento em que os brasileiros aproveitam para dar um pulo no nordeste e desfrutar da importante bagagem histórica popular. Ou então no norte, preferência certa dos ecológicos. O sul tem o sol mais ameno do país. O centro-oeste é para quem quer visitar a capital do Brasil ou aproveitar as fazendas de Mato Grosso ou até mesmo o sudeste, onde fica a maior parte da população desse imenso país que é o Brasil. E como toda boa viagem pede aventuras, o que resulta em histórias para contar para os netos, intensidade lembra amor. E já que o assunto é férias e verão, lembra histórias de amor de verão.

O povo brasileiro tem sempre um jeitinho de aproveitar os momentos de sua vida. Inclusive os mais picantes. Daniela, de 16 anos, que reside na grande São Paulo, conta que a virada de 2010 para 2011 deu no que falar. Prova disso é uma paixão que se iníciou por acaso. Um dia ocioso na casa de Babi, Sabrina aproveitou a oportunidade de ver o msn de Babi aberto e conversou com Daniela. "Convidei a Sabrina para ir no Parque do Ibirapuera, mas eu não pude ir. Ela ficou me esperando," disse Gabriela, contando em seguida que a história não terminou por aí. "Ela veio embora e pediu para que eu a encontrasse no metrô. Ela perguntou se podia pegar na minha mão, eu deixei. Quando chegamos ao Parque Dom Pedro, ela perguntou se podia me beijar. Eu deixei, obviamente." No meio disso tudo, quem gostava da Daniela era Babi que, até então, não sabia de nada. "Babi morria de amores por mim, mas eu não gostava dela. Ela era a iludida da história."

Hoje, Daniela e Sabrina estão namorando e aproveitam cada minuto que podem publicamente ou reservadamente demonstrar o amor que um têm pela outra de forma picante ou não. "Ah se o Ibira falasse!... E ah se os ônibus em movimento falassem!..."

Dentre todas as histórias de amor, existe sempre aquela do menino que se apaixona por uma mulher mais velha que é envolvida com outro rapaz mais velho e isso gera uma grande confusão. Foi isso que aconteceu com Marcus Vinicius, 17, morador de Mesquita. O menino disse que a história foi tão intensa que deixou a mãe preocupada. "Eu vi uma menina sentada. Ela me encarava por causa do meu cabelo (eu acho), e eu ficava instigado pelo forte tom de vermleho em seus cabelos enrolados. Fiquei me perguntando a semana toda quem seria aquela ruiva. Até que por acaso, falando com uns colegas sobre hip-hop em uma roda, ela apareceu e se meteu no assunto porque conhecia algumas das pessoas com quem conversava. Começou a falar de vários rappers e clipes e que se amarra no estilo de se vestir e de falar dos "hip-hoppers". E a partir dessa conversa se iniciou algo intenso, que começou apenas com um olhar. Só que tinha um porém: ela era noiva."

Risco
O porém que era arriscado tanto para o início de juventude de Marcus quanto para o relacionamento de Patrícia. Eles se envolveram, o que gerou em grande confusão e terminou em "meu ébano." "Estávamos com uma amiga até que de repente chega um cara quase da minha altura e parrudo. Ele apontou pra ela e pergunta se eu era amigo dela. Ela disse que sim. E ele me disse: "Se tu é sujeito homem, vamos conversar." Acho que mijei nas calças nesse momento e engoli uns 5 sapos seguidos. Começamos a conversar. Nisso ele foi se acalmando, e expliquei que não fiquei com ela, que não tinha nada com ela. Sendo que ela disse pra ele que conheceu um garoto que ele era gente boa e ficava o tempo todo falando de mim. Desconversei e meti o pé. Um belo dia meu telefone toca. Ele achou meu número na mochila junto a uma carta que havia escrito como se fosse uma carta de despedida. Nada expressando o que sentia por ela, ou o que aconteceu entre nós. Algo bem "obrigado por sua amizade foi bom te conhecer até nunca mais..." Minha mãe atendeu, ele se passou pelo irmão dela e minha mãe disse que ela esteve lá. Ele abriu o jogo. O mundo da minha mãe desabou. Ficou tudo bem depois que eu expliquei e disse que não tinha nada. Acabou tudo ali e foi cada um para seu canto. Nunca tive certeza de que ela gostava de mim ou não, ou se tudo que aconteceu valeu ou foi em vão. Nas outras poucas vezes que estive com ela pude reparar que ela me olhava da mesma maneira que a primeira vez. com os olhos fixos, mas com a mente em outro lugar, talvez imaginando algo ou relembrando... A última vez eu estava numa roda de samba, na percussão e por coincidência estava tocando meu ébano."


A Casa do Menor, em Miguel Couto, todo ano abriga bastantes estrangeiros por intermédio da parceria que o Brasil possui com ONG's estrangeiras. O espaço já recebeu de alemães a italianos, mas Romulo Vieira, 19, buscou sua italiana em uma conversa com dialetos incompreendidos e gestos que resultaram em beijo. "Ela não sabia nem falar o português e eu muito menos o italiano. O nome dela é Giulia Devalle. Mirko, um alemão que já estava aqui há mais tempo, falou que a gente tinha que ser pegar porque só nós dois não estávamos com ninguém ainda a noite toda. Estavávamos conversando muito e acabou rolando no meio daquela conversa que nem eu nem ela entendia nada. Hoje somos amigos, nos falamos por internet. Em maio virá aqui no Brasil e vai ficar na minha casa. Depois eu voltarei para Itália com ela, para passar um mês lá. Mas somos amigos. Não temos pretensão de nada."


Somos muito diferentes. E dentre todas as histórias que a sociedade registra, ou fica no anonimato, sempre tem a princesa que encontra o príncipe com aqueles nomes mais Marvel que existe. Esse é o caso de Patrícia Suzano, 18, moradora de Nova Iguaçu. "Nas minhas férias, quando era adolescente, conheci Gerrard: um menino alto, mais velho que eu e que tinha os olhos azuis mais lindos que eu já pude ver. Passei alguns dias com ele, sempre juntos e conversando bastante. Cada minuto que passava eu queria que voltasse, e que o momento não acabasse."

As casas de veraneios sempre têm o vizinho certo para os encontros a dois na noite. Não importando se pré, durante ou pós balada. O importante é a certeza de paquera do verão. São os famosos "amores platônicos", que se vão da mesma forma que o vento carrega o único grão de areia verde que tinha lá. Danis Heringer, 19, moradora de Mesquita, conta que as férias em Itapuaçu lhe trouxeran o pais de seus filhos. "Ele era bastante bonito, magro, tinha um cabelo estilo samambaia e olhos azuis. Se fosse um anjo eu estava no céu!"

Revista de surfista
Ver é mais fácil que falar, obviamente. A coragem surge na mesma proporção que a vontade de envolvimento. "E cadê a coragem de ir falar com ele? Depois de dias indo à praia e só ficar olhando e babando que nem uma idiota resolvi inventar algo para ir falar com ele! Respirei fundo e fui. 'Oi, tudo bom, será que eu poderia tirar uma foto sua para uma revista de surfistas?' Depois disso morri e não quis ouvir a resposta! Então ele veio até onde eu estava e perguntou meu nome rindo (deve ter me achado uma idiota), falei e logo depois ele me deu um beijo no rosto. Ele foi embora da cidade e nunca mais o vi."

E pra fechar com a diferença, os amores de transportes públicos sempre impressionam. Principalmente quando eles lembram de detalhes, o que deixa as mulheres encantadas. Gabriela Noel, 20, moradora de Nova Iguaçu, foi passar o carnaval passado em Jaconé, na Região dos Lagos, com os amigos. E como a juventude não dorme no ponto tampouco meia-noite, eles decidiram ir a Saquarema por ter movimento, música e, claro, as paixões. "Eu era apaixonada por um menino que se chamava Daniel, só que ele nem me dava muita bola. Pegamos uma Kombi para ir a Saquarema. No meio do caminho, um amigo, que estava conversando com ele, falou o nome dele alto. Eu quase infartei, claro. Ele começou a puxar assunto já chegando em Saquarema."

Sempre tem uma música que marca os momentos mais intensos da nossa vida, mesmo que seja efêmero. "Descemos da Kombi e, do nada, eu ouvi alguém gritando "Gabriela! Gabriela!" Era ele. Achei impressionante ele ter me reconhecido e ainda lembrar meu nome. Conversamos na praça, nos entendemos. Ele era muito maneiro. Nos beijamos. Passamos a noite toda juntos. O pessoal que estava comigo e o pessoal que estava com ele saíram pra curtir e a gente não se desgrudou a noite toda. A gente marcou de se ver outras vezes, mas nunca dava por causa da distância. E, como a música que era top 10 da época: eu sei que amor de praia não sobe serra."

1 Comentários:

Gabriela disse...

Adorei a matééria Yasmiin! Parabéééns, você escreve MUITO BEM! aii aii, os amores de verão...rs

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