Baixada é fashion

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

por Vitória Tavares


No Brasil dos dias de hoje, a liberdade de expressão é configurada como direito do cidadão e vista pelas cabeças pensantes como fator de formação de identidade cultural. Uma das maneiras que os jovens encontram para se expressar e formar sua identidade é a roupa, através da moda. A moda não se define por ser simplesmente o processo de produção de roupas e do uso das mesmas. A moda é algo que transcende as máquinas de costura.

Um exemplo disso é o estudante de moda Douglas Cardoso, um morador de Nova Iguaçu que tem uma loja virtual de roupas alternativas chamada ModeJoker voltada para o público underground da Baixada. "As pessoas que moram aqui já não ficam mais presas a paradigmas, querem mostrar-se para o mundo, estarem atualizadas e, antes de tudo, serem elas mesmas", relata.



Na Baixada, são poucas as opções para quem deseja estudar moda. Existem alguns cursos técnicos privados e cursos de corte e costura e modelagem, mas o único curso de graduação em nível superior é o curso de Design de Moda disponibilizado pela Universidade Unigranrio a partir deste ano no campus de Duque de Caxias. Douglas optou por ingressar na Universidade Veiga de Almeida, na cidade do Rio de Janeiro. O curso de Design de Moda da UVA é de graduação de bacharelado, tem duração de três anos e meio e tem em sua grade matérias como história da arte, desenho artístico e tecnologia têxtil.

O acesso à informação, às medidas de inclusão e, consequentemente, à comprovação da capacidade do povo da Baixada em produzir conhecimento e tendências (apesar de esse processo se dar aos poucos), faz com que nós, fluminenses, tenhamos espaço nas atividades sociais.

Dessa forma, a produção de Douglas é baseada no que se vê na rua de único, de próprio, de pessoal. Em meio a estampas xadrez e muita criatividade, ele acredita que na Baixada as pessoas respiram o que é o underground de verdade, desconstruindo assim a ideia de que até mesmo o alternativo de qualidade é produzido pela elite sociocultural. Acreditando no que tem nas mãos e na cabeça, Douglas afirma: "Trabalho com roupas pra jovens. Eles são o reflexo de uma sociedade que pensa moda. Na Baixada, essa questão se dá de maneira muito forte, inclusive na cena da moda alternativa. Vejo um imediato interesse desse público em consumir moda, mas que seja de fato algo inspirado neles e levado pro mundo."

Para Douglas, a arte das agulhas e das linhas ainda tem muito o que crescer na Baixada, que para ele é quase intocada pelos agitadores de moda, apesar de toda a sua cena alternativa. "O remédio é organizar desfiles e expor a nossa produção em eventos feitos por nós mesmos", conclui o estudante que já batalhou por seu espaço em diversos eventos pela cidade.

Mas mesmo com todas as dificuldades, Douglas Cardoso acredita que é na Baixada que estão os ovos de ouro: "A oportunidade de crescimento no ramo de moda na Baixada é visivelmente uma realidade e tem sido ótimo apostar minhas fichas aqui. Aqui já não existe mais aquele ideal de comprar o Lifestyle de fora, o que se quer é algo que tenha a ver com o público, que interprete sua realidade."

4 Comentários:

Anônimo disse...

Valeu Douglas , valeu vitória a matéria ficou ótima
Buscar inovações mas mantendo seu estilo , é isso que a maioria dos jovens deveriam procurar e não se limitar a modas coloridas sem criatividades
parabéns

Unknown disse...

Muito boa matéria Vih!
E totalmente concordo com o Douglas: "O remédio é organizar desfiles e expor a nossa produção..."
Ambos estão de parabéns ;)

Jimy Lage disse...

Boa boa.

Muito importante o que os JRs de NI estão fazendo, tomar o compromisso de comunicar os fatos importantes e os menos importantes da cidade.

Jovens esses que falam de política e moda de uma forma livre e sabia.

Acompanho há anos o crescimento deste importante projeto, alguns ex-alunos da oficina de vídeo do projeto Juventude Cidadã, outros, já universitário, a pluralidade é o que faz este movimento se fortalecer.

Vamos que vamos...

Muito Bacana a matéria, as pessoas na baixada precisam realmente se expressar mais através da moda, sem medo. E com certeza esse tipo de matéria, e o que o Douglas faz é um grande incentivo pra mudança de pensamento e conceitos que as pessoas tem.

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