Grande incêndio

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

por Bruno Moura

Um dos barracões mais atingidos pelo incêndio da última segunda-feira foi o da Grande Rio, que perdeu todos os carros e fantasias nas chamas que lamberam a Cidade do Samba. "A sensação é de dor, de perda, de tristeza", lastima Tavinho Novello, diretor de carnaval da escola. Depois de inúmeras noites de sono perdidas à frente de um batalhão de artesãos, o carnavalesco da chamada escola dos artistas ainda se sente como num sonho ruim. Mesmo assim, ele prefere esquecer as imagens do trabalho de um ano inteiro sendo destruído de uma hora para outra. "Pra colocar a Grande Rio onde ela nunca vai deixar, só podemos pensar na reconstrução."


A união da escola, que mobilizava da diretoria à comunidade de Caxias no trabalho feito no barracão, deve ajudar a Grande Rio a dar a volta por cima. "Poucos dias antes, tínhamos feito um churrasco unindo comunidade e artistas", conta Tavinho. Apesar da tristeza no semblante e ainda sem contabilizar as perdas, o diretor de carnaval da Grande Rio não abre mão de encarar o desafio da Sapucaí. "Para isso, vai ser importante o apoio das demais escolas de samba".

O trabalho de reconstrução das fantasias, alegorias e adereços será reiniciado na próxima terça-feira, às noves horas da manhã. Os fornecedores se mostraram muito sensíveis nos primeiros contatos feitos pelo carnavalesco, que tem esperança de que a escola entre na avenidade com pelo menos um carro alegórico. "Com o apoio da comunidade, vamos entrar com garra na Sapucaí."

Embora não tenham sofrido tanto quanto a Grande Rio, pelo menos duas escolas sofreram sérios prejuízos com o incêndio da última segunda-feira: a União da Ilha perdeu um carro alegórico e todas as fantasias; a Portela perdeu alguns carros e algumas fantasias. O prédio da Liesa (Liga das Escolas de Samba) teve todos os seus escritórios e salas consumidos pelo fogo. Embora um laudo preliminar da defesa civil indique a demolição desses barracões, ainda não se sabe se e quando eles virão abaixo. "É muito triste ver tudo sendo queimado", diz Abigail Kenedy de 32 anos, uma inglesa que deixou sua terra natal para trabalhar no carnaval carioca. "Não trabalhamos pelo dinheiro, que é pouco. Mas pelo prazer de ver as escolas na avenida", conclui ela, que viu as laberadas lambendo o barracão da Grande Rio do barracão da Mangueira, que fica ao lado.

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