Colegas de trabalho

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

por Felipe Branco

Quem passa pelo calçadão de Nova Iguaçu sempre se defronta com o barulho, o caos e a desordem. É praticamente impossível se concentrar em algo ou em alguém devido à algazarra. E no meio de toda essa bagunça, destacam-se os locutores, que usam os microfones para chamar a atenção de quem está ali. Os mais famosos trabalham na esquina da Amaral Peixoto com a Nilo Peçanha, que, embora trabalhem em modalidades de comércio, ficam se provocando como se estivessem disputando o mesmo tipo de cliente.

Um deles é Gilberto Reis, de 29 anos, que, além de locutor, é segurança da Tid´s. Ele tem toda a liberdade para fazer as imitações que aprendeu a fazer, mas, talvez pelo fato de conciliar seus pregões com a função de segurança da loja para a qual trabalha, é o mais sério do trio.

Bem em frente fica a Citicol, cujo locutor é o experiente Paulo Silva, 45 anos de vida e 15 de locução. Gerente do estabelecimento comercial para o qual trabalha, Paulo Silva só faz locução quando necessário. "Nossa função fica mais importante depois do dia 15, quando o cliente está com menos dinheiro", conta ele. "É da metade do mês em diante que a gente tem que praticamente arrastar o cliente pra dentro da loja.

O gerente do Citicol não tem as mesmas habilidades que seus dois concorrentes principalmente quando o assunto é imitação, mas sabe que tem que se soltar para chamar o cliente, "que vem ao calçadão fazer várias outras coisas". "Não pode ter vergonha", afirma ele, que no entanto está sempre atento para o limite da sua comunicação. "Se não souber a hora de falar atrapalha o cliente”, afirma.

Mais conhecido como Marrom, Carlos Augusto, 42 anos de vida e três anos e meio usando o microfone para chamar a atenção dos clientes para as promoções da Sai de Baixo, tem como mestre o apresentador Sílvio Santos. “Ele brinca com tudo, mas sabe o limite”, diz Marrom, para quem o segredo de um bom locutor é o bom humor. “Minha marca é trabalhar contente”.

A animação do Marrom chega ao limite de carnavalizar seu trabalho, que muitas vezes faz usandos as peças femininas vendidas pela Sai de Baixo. O locutor também não perde oportunidade para tirar um sarro com os que estão passando. “Tem que saber brincar e saber mexer com a pessoa, com o cuidado pra não ser vulgar e não ofender”, ensina ele, que recorre com frequência a imitações de Lombardi, Christian Pior (personagem gay do Pânico na TV), Faustão e Clodovil.

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