Minha cantora favorita

quinta-feira, 31 de março de 2011

por Lucas Xavier


Malena Cabral Xavier nasceu no dia 25 de maio de 1965. A penúltima na linhagem de seis filhos de Marly Cabral Xavier e Sylvestre Rothier Xavier. Com apenas 9 anos de idade, ela viria a descobrir em si mesma uma coisa que viraria sua marca registrada durante toda sua vida: a voz. Num pequeno festival de música onde dividiu o palco com sua irmã Marília, Malena percebeu nos aplausos do público que talvez cantar fosse sua vocação. Aquele era seu início na música. Afinal, como ela mesma diz: “Foi ali que eu vi que sabia cantar.” Os aplausos entraram em seus ouvidos, e plantaram sonhos.

Porém, uma vida humilde em Nova Iguaçu nunca foi a mais favorável ao desenvolvimento artístico de uma jovem aspirante à cantora, que cresceu se alimentando dos sonhos cultivados na infância. Na adolescência, Malena não mostrou a ninguém - que não fosse de seu círculo social – seu dom artístico. Cantava sozinha, pensando no futuro. Imaginando como as pessoas que conhecia se sentiriam ao vê-la no sucesso. Imaginava-se como compositora de suas músicas preferidas. Malena sempre foi sonhadora, até hoje. Quando perguntada se gostaria de fazer sucesso agora na música, ela responde: "Mas pode ser que eu possa me tornar uma cantora ainda. Quem sabe nos meus 60 anos eu não faça sucesso?"

Filho superproduzido

por Larissa Leotério

Na noite da última segunda-feira, 28, a Central Única das Favelas recebeu em Madureira amigos e parceiros para os lançamentos do livro “CUFA – Dez Anos Fazendo do Nosso Jeito”, e da produtora de audiovisual CUFA Filmes.

Conhecida por seu trabalho de transformação da vida dos moradores de favela e projetos como o Hutúz e LIIBRA, a história da CUFA foi contada Celso Athayde, um de seus fundadores. Este é o quarto livro de que Celso Athayde, que nasceu em Nilópolis e é coautor dos bestsellers “Falcão – Meninos do Tráfico”, “Falcão – Mulheres e o Tráfico” e “Cabeça de Porco”. O autor esteve presente até o final da festa distribuindo autógrafos.

Na base da porrada

terça-feira, 29 de março de 2011

por Renato Acácio


Quem vê a jovem repórter Larissa Leotério, agora Preta Leotério, todo articulada, com opinião para tudo e por que não sexy e erótica, mal imagina os labirintos que formaram o caráter dessa pessoa-personagem tão exótica. Nascida no dia primeiro de outubro de 1991, ela foi uma criança agressiva: "Uma vez taquei uma carteira de colégio na minha amiguinha por ela ter me chamado de gorda". A performance referida aconteceu na segunda série.

Nossa heroína teve uma infância triste e solitária, fase que só chegou ao fim quando ela foi passar uns tempos no reformatório. Nas escolas em que frequentou, Larissa Leotério era a típica aluna excluída, algo como Cris Rocker, do seriado "Everybody Hates Cris", mas com traços de Caruso. Isto é, ao invés de apanhar, Preta batia nos coleguinhas para que andassem com ela nos tempos de colégio. "Comecei a ser aceita na base da porrada", conta ela com seu humor ambíguo, que sempre deixa em dúvida a veracidade dos acontecimentos.

Casa móvel

por Marcelle Abreu


Bolsas, bolsas, bolsas e a tão famosa pergunta: “o que as mulheres carregam dentro delas?”

A resposta varia muito, pois ocasiões pedem bolsas distintas e com isso os acessórios também são. Para tornar a resposta ainda mais difícil, há mulheres de todos os tipos e idades. A estudante de direito Gabriela Noel é daquelas que carrega tudo na bolsa, da maquiagem ao chinelo. “Eu trabalho longe, tenho que estar preparada pra tudo, pagar micos não é comigo. Vai que a sandália arrebenta, ou sem querer derramo algo na roupa”, conta ela, que é apaixonada por bolsas, em especial as grandes. “Cada vez aumento mais o tamanho das minhas bolsas, as pequenas não servem pra mim, não mesmo”.

Tóquio é aqui

por Saulo Martins

Andando pelas calçadas do bairro da Califórnia numa tarde de domingo, é praticamente impossível cogitar a ideia de que está acontecendo um evento de uma cultura tão forte. No último dia 20, o Anime Shinta, evento de animes, mangás e cultura japonesa, realizou uma edição especial no Espaço Na Encolha, em Nova Iguaçu. O evento acontece regularmente no último domingo do mês no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, no centro de Nova Iguaçu.

O organizador, Marcelo Marques, o Shinta, 31 anos, diz que a sua proposta inicial era poder dispensar a necessidade de ir ao centro do Rio para aproveitar esse tipo de evento. "Eu sempre ouvi todo mundo reclamando da falta de um evento desses aqui e do quanto era ruim ter que se deslocar tanto para participar dos encontros." A coragem de Marcelo foi reconhecida pela equipe do SESC de Nova Iguaçu e o evento começou a ser realizado lá. "O Shinta já tem nove anos. Três anos no SESC e seis anos no Sylvio Monteiro", orgulha-se Marcelo.

A hora que não chega em Nova Iguaçu

sábado, 26 de março de 2011

por Yasmin Thayná

luminária da casa de yasmin thayná às 20:30

"Juazeiro do Norte apaga as luzes para ver um mundo melhor e cheio de estrelas. Brasil repete sucesso e bate recorde na Hora do Planeta 2011." Com essas frases, já se pode imaginar do que se trata.
Institutos, locais públicos, residências e pessoas preocupadas com o planeta aderiram hoje, das 20h30 às 21h30, a famosa "hora do planeta."

Jesus ouviu sininhos

sexta-feira, 25 de março de 2011

por Hosana Souza


Marcelle Abreu
Você consegue imaginar a Marcelle Abreu, colunista de moda do CulturaNI e esmaltólatra de plantão correndo descalça na rua ou, até mesmo, caindo em um valão em Miguel Couto? “Eu era um verdadeiro moleque, até cicatriz na canela eu tenho, por causa de um vergalhão em que me enfiei correndo atrás de pipa”, relembra entre risos a universitária de 21 anos. A imagem de boneca dessa simpática menina foi construída nos últimos anos e junto com feminilidade de Marcelle foi edificada a maturidade e a memória de uma grande mulher.

Sempre apaixonada, a filha de Jorgina Abreu e Isaias Abreu nasceu em Miguel Couto e veio morar no bairro Califórnia com apenas sete anos. “Eu não queria me mudar porque lá eu já tinha amigas”, relembra. A mudança se deu, principalmente, porque sua escola ficava distante demais de sua casa, o que implicava em mais custos financeiros. “Eu devo tudo aos meus pais, eles nunca me negaram nada, principalmente com educação. Sempre estudei em escola privada, fiz curso de idioma. Eles se apertavam e davam um jeito”.

E com a escola vieram as primeiras grandes aventuras. A primeira parte do ensino fundamental foi cursada no Instituto de Ensino Santo Antônio (IESA), no bairro da Prata, e Marcelle de Jesus Frederico Abreu relembra com carinho os apelidos de Fred, por causa do sobrenome, ou de formiguinha, por ser pequena e magrela. “Nossa, eu fui muito zoada na escola! Ainda tinham as rixas com outros grupinhos ou a hora da chamada em que o professor falava apenas ‘Marcelle de Jesus’ e em coro eles respondiam ‘amém!’”, conta ela, que sempre preferia a presença dos meninos e tinha como matéria favorita a Educação Fisica.

Mãe, eu conheci o Txutxucão

por Hosana Souza



Quem fez parte da Geração Xuxa pode levantar a mão sem medo. A simpática e sempre loira gaúcha global faz parte da vida e das lembranças de milhares de jovens em todo o território nacional. Porém, Filipi Carvalho, jovem jornalista e morador de Austin, foi além. “Eu era o Txutxucão”, revela encabulado diante de meus arregalados olhos.

Filipi, hoje com 22 anos, interpretava o cachorro da rainha dos baixinhos em suas aventuras pelo PROJAC, quando tinha 17. “Era muito divertido e mais ainda cansativo e quente”, revela sorrindo. O jovem, na época, trabalhava como figurante em várias novelas globais. Convidado para fazer figuração também no Show da Xuxa, Filipi terminou conquistando o lugar do dançarino e coreógrafo Fly. “Eu estava lá apenas para a figuração. Era o Fly, que não podia ir. Aí gritaram: 'Filipi bota essa roupa'. Pronto eu era o Txutxucão”.


A esperteza do João Grilo

quinta-feira, 24 de março de 2011

por Leandro Oliveira de Aguiar

Nascido em Nilópolis mas desde os nove anos em Austin, o estudante de história Raphael Ruvenal, 22 anos, é filho de uma empregada domestica com uma funcionário publico capazes de passar privações para que ele pudesse estudar em boas escolas. “Sempre vivi um pouco de dois mundos: no colégio, convivia com filhos de gente graúda de Nova Iguaçu, mas em casa minha realidade era bem diferente.”

Para chamar a atenção das gatas do colégio e garantir seu espaço num lugar heterogêneo, Raphael Ruvenal recorreu à filosofia de vida resumida na frase “a esperteza é a arma do pobre”, que descobriu em João Grilo, personagem principal de Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna que já teve mais de uma adaptação para cinema e televisão. "João Grilo é meu personagem favorito da literatura brasileira", conta Ruvenal.

A modelo nômade

quarta-feira, 23 de março de 2011

por Luiz Gabriel



No dia 2 de julho de 1992, mais especificamente às 21h55, na Casa de Saúde e Maternidade Belford Roxo, nascia uma bebê gordinha e alegre, que anos mais tarde se tornaria a encantadora Dandara Araujo, que aqui no Cultura NI assina como Dandara Guerra.

Embora seus pais tenham se separado quando tinha apenas um ano, é óbvio que vem do berço o interesse de Dandara pela cultura: de um lado, está a produtora cultural Yara Gomes e, do outro, o cantor e ativista cultural Daniel Guerra.

Eternos professores

por Yasmin Thayná

Caixotes de plástico amarelo com livros e dvds infantis, pufes coloridos, tapete verde, estante vermelha, iluminação natural, caixote de madeira, mesas branca e, no fim, uma porta de vidro que dá acesso a uma sala fresquinha com televisão e aparelho reprodutor de vídeos.

O monopólio na biblioteca, dessa vez, não foi dos alunos do Elite, Iguaçuano ou Tamandaré, mas do Primeiro Degrau, que fica no bairro Santa Rita - Baixada Fluminense. Os pequenos deram cor ao espaço mais vazio e, talvez, rico da Biblioteca Municipal Cial Brito: o espaço infantil. A biblioteca, que fica no Espaço Cultural Sylvio Moteiro, no Centro, recebeu na tarde da última sexta-feira trinta e cinco meninos e meninas de segunda à quarta série.

Vovó em 24 quadros

terça-feira, 22 de março de 2011

por Jéssica de Oliveira


“Quando eu era pequena, queria ser juíza. Mas depois mudei de ideia e resolvi fazer um curso técnico. Fui fazer Eletrotécnica na FAETEC. Na verdade, eu nem sabia o que era o curso, o que sabia era fruto de rápidas troca de ideias com os caras da Light que iam à minha rua de vez em quando”.

Para uma jovem cineasta, este enredo está completamente fora dos padrões esperados. Entretanto, ao contrário do que parece, este foi o caminho certo, por mais irônico que seja, para que Yasmin Thayná Neves, 18 anos, conhecesse o audiovisual, que viria a se tornar sua grande paixão.

1493 por minuto

por Yasmin Thayná


Neta de alguns dos "descobridores de Comendador Soares", seu João e da dona Fontes e filha de Renato Santos e Elza Beatriz, Hosana Beatriz Souza tem 17 anos, é moradora de Comendador Soares, professora, repórter e estudante de ciências sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A saia de prega, sapatinhos de boneca e meia ¾ eram tudo o que ela não queria para sua vida. No auge da sua pré-adolescência, 14 anos, Hosana, que era jogadora de handebol no Colégio Estadual Antônio da Silva, enfrentou seu pai, que havia conseguido uma vaga para a jovem no Instituto de Educação Rangel Pestana, no Centro de Nova Iguaçu. “Eu não queria estudar lá. Perdi o tempo de matrícula propositalmente”, explica.

Mas o velho pára-quedista não desistiria facilmente. Uma semana após o inicio das aulas, ele apareceu com o uniforme e a matrícula feita graças a uma carta de envio que os diretores escreveram para a direção do Arruda Negreiros. “Não teve jeito: era conversa de diretor pra diretor. O engraçado é que pra mim o top era ser do ensino médio e jogar handebol. O máximo que um ser humano pode ser na vida”, conta ela. Apesar do mal começo, o futuro de Hosana começou a ser decidido ali. “Hoje eu não sei como viver sem militar e trabalhar com a educação”.

Calor humano

sexta-feira, 18 de março de 2011

por Saulo Martins


Um dos assuntos mais comuns entre os jovens da Baixada é a falta de opções de lazer durante a noite. A cidade de Nova Iguaçu, recheada de bares por todos os lados, sofre desse problema. “É dificil sair numa sexta-feira à noite pra algum lugar que não seja um bar”, conta o designer Samir Gonçalvez, 21 anos. A cena noturna da Baixada não oferece opções muito diversificadas, e é por isso que alguns comerciantes pensam diferente e tentam mudar um pouco esse quadro.

Situado no bairo da Chacrinha, em Nova Iguaçu, na Rua Pascoal Paladino, se encontra o Bar Ecleticópolis, mais conhecido como “Bar do Grande”. Com uma decoração alternativa e uma iluminação neon, o espaço atrai pessoas de tribos e estilos diferentes, mas com um mesmo gosto: a música. Os vinis cobrindo as paredes e a Jukebox que não para nem por um minuto não me deixam mentir.

Saideira

quarta-feira, 16 de março de 2011

por Abrahão Andrade


Olhos mareados, músculos fatigados e estômago revirado ao ponto de não aguentar mais uma gota de nada. Depois disso tudo, andar quarteirões com os amigos da rua para pegar o ônibus que percorrerá metade da cidade até chegar em casa. É assim o regresso dos baladeiros que moram longe, e tem de enfrentar uma odisseia angustiante para conseguir colocar a cabeça no travesseiro. A vontade de curtir uma noite diferente e mais diversificada faz com que essa galera enfrente todo o tipo de perrengue na ida, e especialmente na vinda. Medo de assalto,vontade de ir ao banheiro ou grana curta não desanimam a moçada noturna.

Como de costume, antes da balada, tem o famoso “esquenta”. O pessoal se concentra na casa de alguém, e depois de um certo grau alcoólico partem para boemia. Vão cantando e rindo a viagem toda, e muitas vezes pegam até mais de uma condução para chegar ao destino. ”Quando eu tô com os meus amigos, o tempo passa mais rápido, e uma viagem chata e longa acaba se tornando o começo da farra”, diz Diego, que enfrente um longo trajeto da sua casa em Madureira para chegar até a Lapa. ”Vamos pra Lapa porque é o lugar mais badalado do Rio, só vou pra lá pela certeza da curtição, não gosto do que tem perto da minha casa”, acrescenta.

Paraíso infernal

segunda-feira, 14 de março de 2011

por Dandara Guerra


A quantidade de indivíduos que saiu da Baixada Fluminense para passar o carnaval na Região dos Lagos, atrás das praias de Cabo Frio e Araruama, foi quase absurda. Para facilitar a ida, as pessoas, às vezes em grupos de 20, alugam pequenas casas na região.

Uma das pessoas que foi atrás de uma boa praia em Arraial do Cabo nessa época de folia foi Janayna Gomes, uma moradora do bairro de Botafogo de 46 anos. Para ela, valeu a pena o sacrifício de horas no engarrafamento para se instalar com um grande grupo de pessoas em um casa de 80 metros quadrados na Praia Grande, apesar de só dispor de quatro metros para si e de o sol não ter saído em todo o seu esplendor. “O sufoco é grande", conta ela, que enumera problemas como a escassez de comida, a bagunça na casa e a briga pelos banheiros. "Mas a gente se diverte."

Esmaltólatras

por Marcelle Abreu


Unhas. A cada dia que passa uma nova coleção de esmaltes é lançada e com elas maneiras, às vezes, inusitadas surgem. A vaidade feminina cresceu nos últimos tempos e ficar com as unhas sem fazer nem pensar. “Faço a unha toda semana, não consigo ficar sem esmalte e muito menos deixá-las por fazer”, conta Laise Villarino, 20 anos. Sempre com as unhas em dia, essa estudante de odontologia se sente mal e até deixa de sair.

Fazer as unhas se tornou um hábito rotineiro na vida de muitas garotas, sejam essas mais básicas ou extravagantes.

Carnaval da pesada

domingo, 13 de março de 2011

por Juliana Portella


Durante a festa do Rei Momo, enquanto carros alegóricos e fantasias alegravam a folia, enquanto a maioria das pessoas estavam em suas casas de veraneio nas regiões praieiras, brincando o carnaval nos blocos de rua do Centro do Rio ou curtindo um carnaval bairrista em sua Cidade, empilhadeiras, braços e pedreiros trabalhavam simultaneamente.

Ninguém pode negar que durante o carnaval tudo para. Repartições públicas e instituições de ensino, por exemplo, entram em recesso. Até comércios e serviços de bancos e casas lotéricas só voltam a funcionar a partir do meio dia da Quarta-feira de Cinzas. Carnaval é o período que todo mundo quer uma folguinha. Com exceção da Segurança Pública que garante a ordem do carnaval na rua, dos trabalhadores envolvidos na realização do desfile na Sapucaí e em festas de rua pelos bairros a fora e os vendedores ambulantes de bebida que abastecem os foliões, geralmente o restante dos brasileiros não trabalha. Com muita ênfase no "geralmente" porque, pelo Centro de Nova Iguaçu, mais precisamente nas obras da costrução dos novos edifícios que a cidade ganha, pude observar que as construções funcionam a todo vapor. Foram poucas as obras que pararam durante os quatro dias de folia.

Jogados às feras

sexta-feira, 11 de março de 2011

por Leandro Oliveira de Aguiar


Com o Governo Lula, novas perspectivas se abriram. Cerca de 30 milhões de brasileiros atravessaram a linha da pobreza e entraram teoricamente na classe media - pelo menos é o que garante o marketing do governo recém-findo. O aumento no poder de compra dinamizou o mercado e a economia, catapultando a popularidade que o ex-presidente já amealhara com seu carisma. Os antigos paradigmas foram sendo um a um desfeitos e nas periferias mais distantes surgiram diferentes experiências.

Antes os jovens, principalmente os da periferia, eram relegados a uma cena secundária. Um dos emblemas disso foi a entrada em massa nas universidades, um lugar que até antes da política de cotas era um monopólio das elites até a década de 1990, quando o plano real começou a desenhar um novo país.

Carnaval fora de época

quinta-feira, 10 de março de 2011

por Bruno Firme


Quem passa pela Rua Dom Walmor entre as oito horas e o meio-dia se surpreende ao ver um homem vestido de palhaço desejando em alto e bom som "Bom dia, Brasil, hoje é carnaval" num dia em que nenhum bloco passaria e não ocorreria nenhuma festividade. Quando os carros paravam no sinal de trânsito, ele ia com sua bola de futebol fazendo embaixadinha e gritando um "Feliz carnaval". Além disso, falava para as pessoas não beberem e não dirigirem ou simplesmente exibia uma placa com tinta guache desejando "Amor e paz a todos". O calor desmanchava rapidamente o rosto maquiado de palhaço.

Apesar de suas piruetas com a bola e das provocações proferidas, escondia-se uma voz chorosa e embargada por trás dos seus gritos. Quando sua alegria é recompensada por uma moeda, dá três pulos e deseja que Deus me abençoe e fala que precisa de palhaco para ajudá-lo a pregar a paz e o amor.

Cinquenta dias perdidos

segunda-feira, 7 de março de 2011

por Josy Antunes/ Imagem: Google Maps

O Cineclube Digital é um encontro realizado mensalmente no Sesc de Nova Iguaçu, que coloca pessoas ao redor de um filme e, geralmente, diante de um debate sobre o mesmo. Foi no mês de fevereiro que tive a felicidade de conhecer o professor e compositor Sérgio Fonseca, organizador do Cineclube Vide o Verso, em Mesquita. Após a projeção do longa "O sucesso a qualquer preço", debruçada sobre meus joelhos num assento bem próximo ao debatedor, ouvi pela primeira vez a expressão "Eu não moro longe. Eu estudo longe". Naquele momento, eu era uma recém-formada com aversão ao nome Barra da Tijuca, e a rotina que me fazia acordar diariamente às 4 da manhã, para estar às 7 na faculdade. Em dois minutos, Sérgio Fonseca conduziu meu pensamento à certeza de que a principal referência não era a opinião da turma - "Olha, coitadinha, ela mora tão longe" - mas sim, a minha casa e a minha cidade.

Caçadores de perereca

sexta-feira, 4 de março de 2011

por Dandara Guerra

Em um baú escondido, guardava lembranças, sem as quais jamais poderei viver porque fui fruto deste passado. Vejo pessoas de vários jeitos, vestidas de várias formas. Parecem cantar algo, ou representar sonhos. Não sei, pois são apenas fotografias, não emitem sons. “Pai, quem são essas pessoas e onde é esse lugar?”, perguntei ao músico Daniel Guerra, hoje mais conhecido e reconhecido como o vocalista da banda de forró Pimenta do Reino, mas que se tornou uma das pessoas mais populares da Baixada quando abriu o Daniel's Bar na Praça Santos Dumont 85, no Centro de Nova Iguaçu.

Tive a sensação de que o coração daquele homem de quase dois metros de altura começou a bater mais rápido, com uma mistura de angústia e saudade de um tempo que não volta mais. “Filha, esse lugar era o Daniel’s Bar, que pertencia a mim e a sua mãe. Essas pessoas são os amigos do seu pai”, conta ele. O que tinha naquele bar para deixá-lo tão emocionado e permanecer tão vivo na memória das pessoas que o  frequentaram na década de 1990? "Esse bar movimentava a cultura da Baixada naquela época", acrescentou ele com sua voz sempre calma, seus gestos largos.


Essência do carnaval de rua

por Felipe Branco

Carnaval é época de engarrafar a Rio-Manilha rumo à Região dos Lagos ou de seguir a moda, indo curtir  os badalados blocos de rua no Centro do Rio. Mas e quem fica na Baixada? E quem não tem grana para bancar um engarrafamento para Arraial, Cabo Frio ou Rio das Ostras, nem tem disposição de se aventurar nos blocos cariocas?

O morador “classe média” da Baixada tem um certo complexo de vira-lata, que cisma de achar que o dos outros é melhor. Chega fevereiro ou março, como neste ano, o cidadão médio começa a se agitar para sair do seu ambiente, tentando ser feliz nas praias das cidades além dos pedágios, ou tenta ser descolado e carioca curtindo o Cordão do Bola Preta ou o Suvaco de Cristo, sem muita opção para mijar.

Fogo no cinema

quinta-feira, 3 de março de 2011

por Felipe Branco

Uma das grandes queixas de quem mora na periferia é a falta de salas de cinema. Desde a década de 1980 que Queimados não tem uma sala de exibição, e o mais perto é o cinema blockbuster do Top Shopping e os cineclubes de Nova Iguaçu. Em 2007, surgiu em Queimados um espaço cultural, o Queimados Encena, idealizado pelo ator e produtor cultural Leandro Santanna, de 32 anos. O cineclube, inaugurado no dia 17 de fevereiro, foi agraciado pelo edital do MinC Cine Mais Cultura, sendo o 8º dos 54 projetos do Rio.

O Espaço Queimados Encena, que abriga oficinas de teatro, violão e artesanato e agora o Cine Marapicu, fica na rua Mustafá 116, mas é mais fácil achá-lo pelas suas paredes verdes, que se destacam no centro de Queimados. No dia da inauguração, havia cerca de 30 pessoas, que entraram por um tapete vermelho, digno das melhores estreias. O filme exibido foi Preto no Branco, de Ronaldo German, filme em que Leandro atuou.

Vale tudo

por Warllen Ferreira


O povo carioca é conhecido por ser festeiro e comemorativo. Até mesmo fora de época estamos comemorando.

Em Comendador Soares, não é diferente. O bairro é bastante conhecido por comemorar todos os domingos um “carnaval fora de época“ na famosa rua do “Espetinho“. Domingo é dia de disputa de som, onde jovens de diversas áreas do bairro se encontram para conversar, tomar umas e outras e se divertir.

Modelos

 
por Marcelle Abreu

Década onde a tendência eram os bicos mais arredondados. As cores que perduraram foram o bege e o gelo, que tomaram o lugar do preto, e ao final da década o vermelho veio com força total.


As pontas se afinam e os homens se arriscam nesse mercado, antes o que era de cunho feminino, passa a ser explorado por homens dispostos a mudar a moda por completo.


Surgem os open-toes, onde a parte da frente do sapato é aberta, deixando os dedos à mostra e open-heels, onde o calcanhar fica exposto.

Saltos e solas de borrachas são proibidos na Inglaterra. Surgem as sandálias de salto de madeira e as cores verde, azul e vinho em especial se espalham.



Década que vem com muitos enfeites em dourado e prata, além de pedras e bordados. Há uma busca na década de 30, onde os cortes deixavam os pés mais expostos.



Botas em evidencia. Com saias mais curtas, as botas ganham espaço, sendo com salto ou sem. É a década do Cofam, uma imitação de couro.


Década de 70. Época onde o colorido, as plataformas altíssimas com desenhos variados predominavam. Combinação e coerência não eram importantes.


                                                           Os tênis ganham seu espaço.



A moda sofre modificações, onde novos estilistas surgem junto a novos estilos. Sapatos com plataformas exageradas voltam e agora a cada estação uma nova coleção era lançada.


Grifes como Prata, Chanel, Gucci, entre outras se expandem, ganhando seu espaço no mercado mundial.

Sapato e Arte



                              Quem disse que sapato é apenas objeto utilitário? Ele também é imaginação.





Alguns modelos de designers famosos mundialmente

  
 Estilista Alexandre Herchcovitch

                                                          
                                                             Estilista Gianni Versace




                                                            Designer Fernando Pires

Uma paixão desenfreada

por Marcelle Abreu

O Top-Shopping preparou uma exposição em comemoração ao Dia Internacional da Mulher que vai nos deixar malucas. Desde o dia 25 de fevereiro até o dia 13 de março quem passa pelo primeiro piso do shopping, na praça de eventos, se depara com uma exposição de sapatos. É isso mesmo, sapatos, de todas as épocas. E além dos modelos que são em média 100, você ainda encontra toda historia deles durante décadas.

Nada melhor do que presenteá-las com algo que tanto amam. Algumas se dizem sapatólatras, viciadas em sapatos. Não pode ver um modelo novo, que já quer comprar, mesmo tendo em casa muitos outros. Para elas, comprar sapatos é uma necessidade. “Tenho mais de cem pares em casa, e hoje inclusive vim ao shopping à procura de um que estou atrás faz algum tempo", conta Roberta Marquesini, que passeava pela exposição admirando as vitrine em que os sapatos eram divididos por décadas.

Declaração de amor à cidade

por Larissa Leotério


Aconteceu na noite de quarta-feira, 2 de março, o lançamento do livro "Imagens Nova Iguaçu", do repórter fotográfico Paulo Santos. Cerca de 80 pessoas disputaram o autógrafo do autor no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Entre os convidados, estavam a Secretária de Educação Dilcéia Quintela, a Secretária de Cultura Silvia Regina e o ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente, Flávio Silva.

O livro é um antigo projeto de Paulo Santos, que ao longo de anos reuniu fotografias de amigos residentes na cidade de Nova Iguaçu, como o professor e historiador Ney Alberto. A pesquisa é de Antonio Lacerda, Marize Conceição e do próprio Paulo Santos: "O livro foi realizado por essas pessoas, eu só fotografei", explica.

Cabelos novos

quarta-feira, 2 de março de 2011

por Michele Ribeiro

Não é novidade que as mulheres sempre quiseram seguir um padrão de beleza, tanto de unhas quanto de cabelos, com tratamentos, hidratações, escovas de tudo quanto é nome e principalmente com implantes e relaxamentos.

Ana Paula Lima, uma cabeleireira de Mesquita de 38 anos que atende suas clientes em casa, oferece um amplo cardápio de implantes: com queratina, mega-hair, nó italiano, micro link, tic tac, dread, anagô e rastafari. "Os mais procurados são o relaxamento para pessoas com o cabelo mais volumoso e implantes tanto para cabelos lisos quanto afro", garante ela, que atribui tanta procura ao desejo de as pessoas terem um cabelo grande e à ansiedade para que eles cresçam logo. Para pessoas com cabelo afro, a cabeleireira, que fez curso no Salão Embelleze, recomenda o relaxamento dos fios da raiz para então colocar o implante. Ana Paula atende em média três clientes por dia, e geralmente faz cinco implantes por semana.

Guerreiros na Dutra

por Larissa Leotério

"Eu tinha uma banda na cidade pacata de Belford Roxo, chamada Mazé. Eu queria tocar e não tinha onde tocar. E os lugares que tinham não eram muito bons, som era ruim, bandas ruins...". Unindo rock e o meio cineclubista, surge o CineRock, em 2009, com a intenção de criar um bom espaço para a boa música e, já que estavam todos lá, no Centro Cultural Donana, por que não exibir uns filminhos para a galera?

Tudo isso quem conta é nosso companheiro de projeto Rodrigo Caetano, um dos idealizadores do CineRock, que teve sua terceira edição dia 26 e contou com a projeção de 10 curtas, além de 4 bandas. Além da diferença na produção, ressaltada por Rodrigo, a maior diferença entre o 3º CineRock e os outros foi o local: "As outras edições aconteceram no Donana; depois de 15 anos de bagunça, poeira e disco raro, arrumamos tudo e decidimos que seria lá. E divulgação, basicamente, pela internet."

É CINEROCK!

terça-feira, 1 de março de 2011

por Hosana Souza; fotos Evento Cinerock


Sem preconceitos e com um único critério: criatividade. O evento organizado pelo coletivo Pública Alternativa já chegou a sua terceira edição e com todo seu poder de sedução agitou o Sesc de Nova Iguaçu na tarde/noite do último sábado. Ainda não sabe do que estou falando? É claro que é o CINEROCK!


“Tem gente que vem pelo Cine, tem gente que vem pelo Rock. O importante é estar no evento”, brinca nossa companheira de redação Jéssica de Oliveira, como quem anunciava sem querer o quanto todo o trabalho renderia frutos. As noites mal dormidas e as incessantes mensagens espalhadas pelas redes sociais reuniram diversas pessoas construindo mais sessões de sucesso. “O Cinerock me deixa mais nervosa que o casamento”, revelou Josy Antunes, produtora do evento.

A mostra de cinematográfica contou com a presença de diversas pessoas que “Fizeram a sua cena”. Dos 50 curtas inscritos vindos da Baixada, de todo Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo, os filmes escolhidos foram: "Laranjais", do Alejandro Medallo; "O banquete de Platão", do Coletivo Heróis do Cotidiano; "Basta um sopro", de Roberta Dittz; "Making of do estudo Dama da Noite", do Coletivo Cubo; "Orgulho de morar na comunidade", do VJ Paulo China; "Müll Musik - Restos sonoros", de Ricardo Paris; "A flor das esporas", de Hanny Saraiva; "Macarrones instantáneos", de Renato Acácio; "Não me deixe te deixar", de Pedro Dias e "Sound of Things", de Baractho.

Independência e rock

por Rodrigo Caetano; fotos Evento Cinerock


Nesse último sábado aconteceu a terceira edição do Cinerock, uma mostra de música, artes visuais e cinema independente que teve a participação de vários artistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Mas o carro chefe do evento são as participações musicais, nessa edição com cinco apresentações.

A primeira apresentação musical da noite foi de Rodrigo Barreto, com participação de Matheus Topine e Leonardo Freitas no charango (instrumento boliviano que é feito com a carapaça de um tatu) e violão, respectivamente. A canção chamada “Primeiro Trem” deu um ar singelo para o Cinerock. Rodrigo Barreto é um daqueles artistas que fazem canções aparentemente sem sentido, cuja voz e violão cativam são altamente cativantes.

Proibido para menores de 14 anos

por Jéssica de Oliveira; fotos Evento Cinerock


A Mostra Independente Cinerock foi um sucesso total. Em sua terceira edição, o evento levou ao público que visitou o SESC no último domingo, uma tarde de sessão de curtas metragens e uma noite com quatro bandas de rock: Expresso Aurora, Audionari, Andrade e a Torre e Tatubala. Entretanto, antes dessa cena barulhenta animar o Cinerock, as portas do evento foram abertas com uma bela exposição de artes visuais.

Doze artistas participaram da exposição com 38 obras que variavam da pintura a óleo à tipografia, passando pelas fotografias. “O nosso objetivo principal não foi selecionar, mas incluir. Ninguém foi excluído da exposição”, conta o produtor Vagner Vieira.

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI