A dor de uma nação

quinta-feira, 7 de abril de 2011

por Fernando Fonseca

Pessoas se aglomeram na porta da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Foto de Gabriel de Paiva/ Agência O Globo

O Rio chora em luto. Um luto proveniente de uma ação completamente doentia, onde crianças de doze a quatorze anos de idade são exterminadas dentro da Escola Municipal Tasso de Oliveira, em Realengo, na Zona Oeste do Estado do Rio de Janeiro, na manhã de hoje, sete de abril de 2011. No ocorrido, um ex-estudante, identificado como Wellington Menezes de Oliveira, bem-vestido e sem levantar suspeitas, tirando proveito do processo seletivo que a escola estava fazendo com antigos alunos a propósito dos festejos dos seus 40 anos. Em poucos minutos, vinte e nove estudantes, de idades entre 12 a 14 anos, que se encontravam entre nos dois primeiros andares da escola, foram brutalmente atacados. Saldo provisório da estupidez: nove meninas e um menino foram assassinados.
O desfecho da trágica história começa a partir do momento em que uma das vítimas, ao ser baleado na cabeça, consegue escapar da escola com ajuda da professora e sai à procura de ajuda pelas ruas. Ao encontrar um policial, sargento Alves, que exercia um trabalho de apoio ao trânsito local, o estudante clama por socorro ao dizer que um homem havia adentrado a sua escola e começado a disparar contra os alunos. Incrédulo, o sargento corre em disparada rumo à escola, onde se certifica do ocorrido. Ao chegar ao local, o sargento encontrou vários corpos de crianças uns sobre os outros em várias salas. Percebendo que o assassino se encaminha ao terceiro andar, o sargento sobe correndo as escadas e encontra o psicopata caminhando em direção ao próximo andar, rumo às próximas vítimas. Após alcançar a vítima, nosso herói diz ter atirado no joelho do atirador e ordenado que este se rendesse, mas este se suicidou após o atentado.


  

Em um dos relatos do IML (Instituto Médico Legal), o assassino portava duas armas, uma de calibre 38 e outra de calibre 32. A cada momento surgem novas informações. Todos os quartéis da região foram deslocados para o local, onde há intensa movimentação neste exato momento. Um helicóptero foi usado para auxiliar no resgate das vítimas. Muitos dos feridos foram levados para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Um pai de aluno da escola relata ter levado seis feridos ao Hospital. Dois meninos continuam internados em estado grave. Uma carta é deixada pelo atirador pedindo o perdão de Deus. Todas as notícias tiveram repercussão mundial.

Em entrevista coletiva, a Presidente Dilma Rousseff pediu para que os presentes fizessem “um minuto de silêncio aos brasileirinhos”. "Hoje temos também que lamentar o fato que aconteceu em Realengo com crianças indefesas. Não era característica do país ocorrer este tipo de crime", disse Dilma. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, classifica como herói o soldado que participou da luta contra o crime desta brutal chacina e refere-se ao atirador como “psicopata” e “animal”. Ao final da entrevista, concedida na quadra de esportes da escola municipal, o governador prestou solidariedade às famílias das vítimas e disse que a escola não será fechada, mas que as aulas estão suspensas.

Vizinhos que passavam próximo ao local contam ter ouvido os disparos. "As crianças da escola disseram que realmente houve um grande banho de sangue. Foi horrível", disse um pai de aluno. Mães em desespero. Pais que choram. Toda uma nação em dor. Soluços que ecoam por uma tragédia de proporções imensurável. Como podemos, realmente, nos definir como seres humanos tendo como exemplo tal atitude? Até onde seremos capazes de chegar?

Ao contarmos a tragédia aos alunos de uma escola particular de Nova Iguaçu, percebemos o grau de incredulidade e medo presente nos semblantes de cada um. “Nós crescemos ouvindo que a nossa casa e a nossa escola são os lugares mais seguros do mundo para as crianças e os adolescentes. Será que perdemos totalmente o direito a essa segurança? O quão triste não será o mundo se não pudermos mais ter essa certeza. É o terror chegando em todos os locais”, diz Flávia Campos, quatorze anos, aluna do oitavo ano do Centro Educativo Rosa dos Ventos. “Eu tenho medo dele entrar aqui também e fazer isso com a gente. O Papai do céu não gosta disso. Ele vai cuidar das crianças lá no céu”, diz Kauanne, seis anos, aluna do segundo ano do primeiro segmento da mesma escola. “Isso não existe. É uma brutalidade difícil de aceitarmos que realmente tenha acontecido. Como pode um homem, em perfeitas condições mentais, fazer algo assim? Revolta, medo, pânico, dor e tristeza. Sinto todos esses sentimentos ao mesmo tempo agora. Sou mãe e não consigo nem imaginar a dor que os pais e familiares das vítimas estão sentindo. Que Deus dê forças a eles, porque é apenas nele (Deus) que conseguirão superar tudo isso”, conclui Laura de Castro, mãe de um dos alunos do “Rosa”, confirmando assim o grau de pânico e medo presente em todos nós.

Será esse o futuro que nós daremos às próximas gerações? Um mundo fadado ao medo e à insegurança? Que no futuro possamos ouvir cânticos aos nossos heróis e que estes se façam para nós, sempre, como um feixe de luz pronto a atravessar a escuridão da imoralidade, covardia e injustiça. Que este seja o primeiro e último caso de violência contra crianças indefesas nesta nação que hoje se consola.

17 Comentários:

Anônimo disse...

Que Deus olhe por nós...

Yasmin Thayná disse...

muito bom, fernando! obrigad apela contribuição. Esse caso é lamentável, muito triste mesmo!

Lais B. disse...

Tenho tanto medo quanto uma menina de seis anos.
Incredulidade total!

Dannis Heringer disse...

Eu chorei! =/

Maria Antônia disse...

Você não foi a única.
Todos nas minha casa choramos na hora do almoço,
aos vermos na televisão.
Muita dor...
LUTO

Fernando Fonseca disse...

Vamos atualizar as notícias aqui galera??
Quem souber de mais alguma coisa, só comentar.

Luiz Guilerme disse...

Notícia 1: é grande o número de alunos da escola desaparecidos após o atentado.

LUTO[2]

Tatiane Fonseca disse...

Lamentável.Estamos de luto!

Sônia disse...

Notícia 2: Assassino possuia ficha limpa, ou seja, sem antecedente criminal.

Lamentável.Estamos de luto! [2]

Binho Fidelis disse...

Inacreditável. Até onde iremos chegar?? A cada dia, somos surpreendidos por ações desumanas dessas.

O texto está muito bom Fernando. Parabéns cara!!!

Anônimo disse...

LUTO[3]

Força para os familiares e amigos da vítimas.
O Rio inteiro abre os braços em forma de consolo pra vocês.

Sarah

Marcelle Abreu disse...

Quem ainda não teve a oportunidade de saber o que estava escrito na carta deixada por ele, http://g1.globo.com/Tragedia-em-Realengo/noticia/2011/04/leia-trecho-da-carta-do-atirador-que-invadiu-escola-no-rj.html.

Anônimo disse...

LUTO[4]
just do it.

Carlos G. Mendes disse...

dia triste pro Rio hj.
Força a todos!

Carla M. disse...

triste mancharmos nossa História com esse relato.
boa reflexão.

Anônimo disse...

morre mais uma vítima.

Anônimo disse...

Indignação!


Ass .: Joaquim

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI