Já?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

por Joaquim Tavares


O mundo do futebol é algo bem incomum e vive das suas próprias particularidades. Quando se pensa o que é uma carreira extremamente vitoriosa e cheia de conquistas dentro desse meio, estamos falando de no máximo 20 anos de prática, o que é muito pouco. Qual outra carreira teria uma bagagem parecida com essa? Um professor, por exemplo, precisa de muito mais que isso para poder se aposentar. E, quando se trata de aposentadoria de jogadores, as particularidades continuam.

Grandes nomes desse esporte desfilaram no gramado durante vários anos. Escreveram seus nomes na história e se fizeram muito conhecidos dentro de um tempo relativamente pequeno. No entanto, isso não acontece com todo mundo. Existem aqueles que mal são reconhecidos nas esquinas e se veem obrigados a parar. É nesse lado ‘esquecido’ que surge um ponto muito negativo do futebol. Aquele onde para um fazer sucesso e despontar, outros quinhentos têm a difícil tarefa de se afastarem de seu sonho.



Rennan Bressan, agora com 20 anos, é um caso que exemplifica como é difícil permanecer nessa área. “Eu joguei no Botafogo durante oito anos. Comecei com oito anos de idade. Cheguei a ser campeão carioca Sub-14 de um campeonato que equivale à 2ª Divisão do Campeonato Estadual de Futebol de Campo, mas não fui muito longe. Depois desse tempo no Botafogo, fiz um teste para o Madureira. Fui bem! Porém, no segundo dia de teste, eu tinha prova e não pude ir. Era uma coisa ou outra. Desisti de tentar algo no futebol.”

O futebol exige quase que uma doação total de seu tempo e suas atividades são todas voltadas para ele. Onde fica a escola, por exemplo, nisso tudo? “Minha mãe me apoiava e me acompanhava nos treinos e tudo mais, mas não deu. Era o meu teste para o time ou minha prova. Ainda me arrependo um pouco, tinha boas chances, mas passou.”

Outro caso como esse é o de Renan Dunaevits, de 21 anos, que chegou a tentar carreira internacional, mas teve seu caminho encurtado perante os obstáculos severos da profissão. “Cheguei a fazer teste para o Nazaré, de Israel, mas as condições eram muito precárias e dificultavam tudo. Uma hora eu acabaria desistindo, então, resolvi deixar de lado”, confessa ele com a sinceridade de quem não se arrepende do que fez. “Eu tive muitas outras experiências fora do futebol, valeu a pena!”

Renan começou essa jornada para valer com dez anos. Chegou a fazer teste para o Vasco da Gama e tinha na avó sua maior incentivadora. “Ela me levava sempre e se esforçava mais do que eu para fazer aquilo dar certo. Eu sempre fui preguiçoso e não corria atrás.” Mesmo com sua preguiça, Renan chegou a participar da Macabe Mundial, as ‘Olimpíadas Judaicas’ representando o Brasil na competição, fazendo parte do time de futebol.

Os exemplos desses dois casos são reais e constantes. Quantos craques não deixam de ser ‘fabricados’ devido às necessidades da vida fora do futebol? No caso desses dois, o que pesou contra o futebol foi a educação, mas em outros tantos casos a necessidade de ter que ajudar na renda de casa fala mais alto do que qualquer coisa. Restam ainda muitos outros, como aqueles que sofrem com lesões já cedo, como é o caso desse jovem repórter e pedagogo aqui falando, que com 15 anos sofreu uma ruptura de ligamento no joelho direito, implicando diretamente no abandono de qualquer ambição dentro da carreira de jogador de futebol. Além disso, outro grande agravante foi a qualidade técnica, que nunca foi lá grande coisa!

1 Comentários:

Nathália disse...

Muito modesto esse jovem repórter e pedagogo.

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