Nem Jesus salva

quinta-feira, 28 de abril de 2011

por Misael Campos

Uma educadora da classe de crianças entra na sala, cumprimenta a todos, e depois de algumas musiquinhas alegres inicia o estudo dominical: – Crianças, se alguém busca uma cura, é só ir à igreja “A”, se alguém busca uma libertação é só ir na igreja “B”, se mais alguém procura a salvação, é só vir à nossa igreja "C".

A professora cita o nome da igreja a que pertence com um largo sorriso no rosto e pede para que as crianças repitam em voz alta e com aquela sensação de "missão cumprida”. As crianças, brutalmente manipuladas, não perdem a chance de dizer aos coleguinhas das outras igrejas que “só na igreja deles é que Jesus salva”.

Em outro bairro da cidade, porém na mesma denominação evangélica, a professora de crianças envergonha uma de suas alunas dizendo às outras: “Se vocês querem servir a Jesus, não podem ser como Brenda (nome fictício). A Brenda é bagunceira. Ser santo é ser como a Aninha (nome fictício), ser profano é ser como a Brenda”.

Será que só eu interpreto isso como bullying? Será que é isso mesmo? Bullying dentro de uma igreja evangélica? Sim, leitores, é com pesar que vos escrevo estas coisas.

Quero ressaltar que a Brenda é uma menina que tem menos de dez anos de idade que vai à igreja sozinha, porque os pais não gostam de igrejas evangélicas. A Brenda é uma menina que desde cedo gosta de cantar louvores a Deus, mas que é recriminada por uma professora que tem dois filhinhos quietinhos que já nasceram na igreja.

Ainda em outro bairro da cidade, um jovem é ridicularizado dentro da igreja porque o educador de sua classe soube que este escuta “Cassiane” – cantora gospel. Com a cara fechada o educador reúne os jovens da igreja e na frente de todos diz: - Passei na frente da casa de um dos jovens que estão aqui e ele estava escutando Cassiane. Desde quando Cassiane é louvor, meus irmãos?

Todos sabiam quem era o jovem, todos sabiam quem era o que morava naquela rua.

O doutor educador não aprova a música da Cassiane, mas, ele aprova o preconceito, a discriminação, o ódio religioso, o bullying. Será que o educador conhece a pessoa que ele julga? Será que ele sabe quem é Cassiane? Se não, por que a julga?

Pobres educadores, que foram manipulados pela doutrina do medo, doutrina sectária, doutrina da não piedade, da não compaixão, doutrina do julgo e não do amor e, agora, totalmente manipulados, espalham este mal na mente dos pequeninos, na mente dos que sedentos se achegam.

Até quando?

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