Arte - pelos olhos de um mero espectador

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

por Vitória Tavares




Falar sobre arte pode aparentar uma certa soberba ou um total desconhecimento do assunto por parte de quem escreve se ele for um leigo no assusto. Entretanto, a arte, cada vez mais, é algo impalpável, sem determinações. Esquecendo as velhas barreiras entre o espectro artístico e o espectador, é possível encontrar o que liga o individuo a esse mar de ideias inicialmente tão distante da vida normal de um simples cidadão.


BREVE HISTÓRICO ARTISTICO POR QUEM POUCO ENTENDE DO ASSUNTO: A arte surgiu desde sempre. Nas pinturas rupestres, no quadro do Da Vinci, na novela que vê sua tia-avó e no trabalho de escola do seu irmão menor. A arte está incutida ao ser humano tal qual a respiração. É a vontade de se expressar, de se reunir a si mesmo ou se espalhar pelo mundo (com ressalvas até o suposto fim do mundo em 2012, aí sim, quem sabe, será dito o fim das artes como um todo). FIM DO BREVE HISTÓRICO

Pra começar, vivemos num mundo em que a informação é cada vez mais rápida e a troca de quadros de imagens é tão veloz que nem sentimos 
vide a sua caixa televisiva ligada todos os dias pontualmente as 21 horas e 15 minutos quando começa a novela das nove - , ( podemos ver 20 quadros da Glória Pires pintados em pixel em menos de 1 segundo!) e isso de fato atrai e, por ironia do português, distrai a massa: a velocidade, a mobilidade, o movimento em si. E o que, pensa a bancada vanguardista, pode se fazer para que alguém sinta o gosto das tintas e adquira o apreço pela arte? “Movimente-a”, respondeu Andy Warhol e toda a galera realmente modernista.
Uma arte sem que seja preciso “fingir que entendeu”, com imagens claras, altamente subversivas e marginais é bem mais interessante do que um quadro renascentista. Não menosprezando os degustadores de arte renascentista, que é de fato algo muito importante (talvez para a história, mas pra mim passa batido). Uma arte que seja integralista, popular e incrível é o panorama artístico real dos dias de hoje. E o mais interessante é que ela está pelas ruas, movimentada no grafite, expressiva nas intervenções e já se tornou parte do cenário urbano. 
Na Presidente Vargas, por exemplo, no centro do rio, na altura do hotel Guanabara Windsor, é possível ver, pelo menos estava lá até o dia 5 de agosto, uma intervenção (que essa que vos escreve achou feia, mal feita e muito boa): se tratava de um galão de gasolina furado com um furo bem redondo e amarrado neste tinha um pedaço de cabo de vassoura; no galão estava escrito em letra grande: “Pra quem quer pau, pau. Pra quem quer buraco, buraco.” Pode você entender isto, caro leitor?
Contando com o seu óbvio entendimento, continuo esse texto talvez-artístico-sem-nenhuma-pré-determinação da seguinte forma:
 vá a mais exposições de arte e ande mais pela rua. Aconselho duas exposições que me deixaram bem mais feliz, o melhor é que estão localizadas no Centro Cultural Banco do Brasil, e o estupendo é que ambas são de graça  
No térreo e no primeiro piso do Centro Cultural do Banco do Brasil, é possível deleitar-se com a exposição “Queremos Miles”, uma mostra internacional multimeios (vê o que é isto? Integração por meio do áudio, do visual e do audiovisual) que narra a saga do inacreditável e indescritível músico Miles Davis.
Os salões imponentes do CCBB abrigam toda a versatilidade genial de Miles por meio de 300 itens que passaram pelo sopro desse ícone do bebop que atestou toda a sua marginalidade nos clubes de jazz dos Estados Unidos e da França. É tudo muito visual e interativo, sendo a cenografia elaborada, como diz no panfleto da mostra: “especialmente com tecnologia acústica, para permitir a fruição das gravações de referência do artista, com alto padrão de áudio”. E é tudo isso mesmo. A mostra foi concebida pela Cité de La Musique de Paris e está em cartaz até o dia 28 de setembro de 2011.
Subindo as escadas do Centro Cultural a mostra "I am a cliché - Ecos da estética punk" reúne 150 obras entre fotografias, fotocolagens e instalações sobre as várias fases do movimento punk. Um salão fascinante revestido de um papel prateado e chão manchado de tinta abriga um breve histórico da obra de Andy Warhol como empresário e criador da atmosfera que acercava a iluminada banda Velvet Underground; colagens muito-legais da artísta plástica Linder e fotos coloridas e vibrantes do Johnny Rotten e do Sid Vicious.
Há algo melhor do que enriquecer-se culturalmente sem que haja um falso entendimento artístico?


1 Comentários:

Dine Estela disse...

Adorei o artigo. Só não entendi o texto do parêntese (que esse que vos escreve achou feia, mal feita e muito boa. É um personagem masculino ou está falando de si mesma como se fosse um homem?
Beijos, linda!

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