Pânico nos trilhos

terça-feira, 30 de agosto de 2011

por Joaquim Tavares


É bem cedo. Há uma multidão se empurrando em busca de um valioso lugar sentado durante a sua viagem. Muitos se agridem de todas as formas possíveis, outros passam mal, choram e até desmaiam. O clima de revolta e descontentamento é geral. Sabe onde se passa esse filme? Isso mesmo, nos metrôs e trens espalhados por todo o Rio de Janeiro e parece que não sairá de cartaz nunca!
Com uma rotina que começa dessa forma, não há tranquilidade e bom-humor garantido. E esse é apenas o começo de um difícil dia na saga de vários trabalhadores e estudantes. Literalmente, é começar com o pé esquerdo, que, geralmente, é pisoteado.
“Como eu consigo chegar à faculdade sorrindo, tendo passado por tudo isso já a essa hora da manhã?”, se questiona a estudante Mariana Sampaio, que enfrenta o metrô diariamente há dois anos e desabafa: “O metrô me cansa mais do que as aulas chatas e os professores irritantes!”.
Encarar uma situação assim vai desgastando rapidamente sua paciência, que, ao longo do dia, será exigida mais uma dezena de vezes e, por já ter sido ‘desabastecida’, acaba gerando, em algumas situações, discussões e desavenças desnecessárias. Um exemplo disso é a fala do operário Pedro Campos, que pega o trem lotado indo e voltando do trabalho. “É preciso muita garra para aguentar isso, tenho certeza que muita gente só tá aqui porque precisa mesmo. Já chego trabalho estressado e distribuindo esporro.”.
É complicado! É de se espantar que uma pessoa que passa por isso todos os dias não exploda de uma hora para outra. Só estando ali fisicamente, mas mandando a alma e a mente para um lugar bem distante, onde ninguém estará imprensando-as contra outras.
O que era para ser só o caminho até o destino final vira um pesadelo. Um pesadelo coletivo no qual todos sofrem acordados, sem direito à fuga, a não ser quando se chega a sua estação e se consegue sair de lá com vida. E quando se consegue sair na estação que se deseja, porque, às vezes, nem isso dá.
É valoroso que muitos cidadãos passem sempre por isso e não reclamem, mas tá longe de ser o ideal para a população. E aí, quando se ouve aquela reclamação, “Peguei um engarrafamento terrível, ninguém merece!”, deve-se mostrar a essa pessoa que existem inúmeras situações bem piores do que ficar sentado, no ar condicionado do seu carro de luxo do ano.

2 Comentários:

Anônimo disse...

Quando não reclamam dos trens lotados, reclamam da demora do trânsito, ou do atraso do onibus, sempre há uma reclamação... Isso não mudará hoje, amanha e nem futuramente, ou talvez até mude, mas essa situação é mais que rotineira e sempre vai ter pessoas reclamando, seja do transito, onibus, ou super lotação nos trens!

Anônimo disse...

Q bom q há reclamação ao invés d aceitação!

Ass.: Joaquim

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