Quadrilha também é cultura

sábado, 24 de outubro de 2009

por Larissa Leotério

Uma cultura muito forte e muito viva em Nova Iguaçu é a das quadrilhas de dança caipira. E estão muitíssimo bem representados na III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu. Apesar das muitas deficiências e principalmente por causa delas, os componentes dos grupos vieram em peso.

É sobre essas deficiências que me conta Vagner Vinícius, de 32 anos, quadrilheiro de Jardim Pitoresco e membro da Liga Independente das Quadrilhas Juninas de Nova Iguaçu (LIQUAJUNI). “Somos nós que procuramos as costureiras, fazemos as alegorias”, conta, comparando com preparativos de uma escola de samba.

Engana-se quem pensa que só as quadrilhas só se articulam às vésperas das festas juninas. Os quadrilheiros se preparam o ano inteiro. Ensaiam com muita antecedência. “Temos muitas preocupações. Tem que ter coreografia, e coreografia atualizada. Não é a mesma coisa todos os anos”, conta.

Quando está tudo pronto, com as coreografias ensaiadas e as roupas costuradas, eles saem à procura de locais pra se apresentar. “Nós organizamos nossas festas, mas procuramos outros arraiás, pra divulgar”. Segundo Vagner, o maior problema é a falta de divulgação. Quando tem competições, nem sempre ficam sabendo, ou não podem participar. “Não temos apoio e não recebemos ajuda nenhuma”, afirma.

Alan Medeiros, de 19 anos e também morador de Jardim Pitoresco, conta quem há quadrilhas de 20 anos ou mais participando da LIQUAJUNI e que não tem divulgação nem o reconhecimento merecido: “Acho que poderiam nos dar pelo menos metade do reconhecimento que dão às escolas de samba”, desabafa Alan. Para ele, com essa ajuda viriam competições mais abertas e mais divulgadas, como o Carnaval de Nova Iguaçu, o segundo maior do Estado.

Outra liderança de grupo caipira que está presente é Telma Lúcia Brito, do grupo 'Estrela Guia', de Rosa dos Ventos. Telma fundou o grupo quando o já existente no bairro se desfez. “Já existia a cultura das quadrilhas. E quando o grupo que tinha acabou, as pessoas reclamaram muito”, conta. O grupo ‘Estrela Guia’, existente desde 2002, também pede mais apoio. “É uma luta custear tudo do próprio bolso”, diz com certo desânimo.

O presidente da LIQUAJUNI, João Gomes, foi quem contatou pelo menos um representante de cada um dos 20 grupos da Liga. Ele diz estar satisfeito com a conferência e com a democratização da cultura na cidade: “Agora eu volto a acreditar que pode dar certo”, confia. João Gomes, que participou ativamente no debate de diversidade cultural no primeiro dia da conferência, vai pedir auxílio na organização de competições e festivais. “Quadrilha também é cultura”. Afinal, todo mundo é cultura.

0 Comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI