Celeiro de artistas

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

por Fernando Fonseca


"Nova Iguaçu é um celeiro de artistas, só que muitos vivem no anonimato!" Foi da ânsia de conhecer tal mundo, que encontramos José Rodrigues, autor dessas sábias palavras.


Nascido em Pernambuco, esse morador de Comendador Soares é um exímio artista que luta e vive em prol da literatura de cordel, com cerca de 500 folhetos já publicados ao longo de 50 anos de produção. "Ou você é o que é ou você não é ninguém".

Mais conhecido como Jota Rodrigues, o escritor conta que a literatura de cordel era a única alternativa de entretenimento para o nordestino e que a cada suas características são modificadas. A literatura de cordel está tão associada à vida do nordestino que muitos dos seus autores sequer precisam saber escrever para praticá-la, como é o caso do próprio Jota Rodrigues. "Ninguém dá o que não tem, ninguém é o que não é e ninguém faz o que não pode", filosofa.


Com o desejo de que as coisas voltassem a ser como eram antes na literatura, Jota Rodrigues lamenta que a grande maioria dos cordelistas não seja capaz de compreender que, mais importante do que viver da arte, é preservá-la. E uma das poucas alternativas para isso é usar o folheto como veículo de alfabetização. “Gostaria que a literatura de cordel fosse usada como conteúdo didático e não somente lembrado por alguns professores que apreciam trabalhar com tal arte”.

Jota Rodrigues nutre uma sensação ambígua em relação ao futuro do cordel, que no seu entender está fadado à museologia. Se por um lado acredita que “não se pode educar ninguém com o saber engavetado”, acha que esse é o único caminho para que o folheto não caia na vala do esquecimento. "Se não fosse a museologia, o nosso país seria um grande deserto cultural".

1 Comentários:

Hosana Souza disse...

Bonito texto, linda história. Parabéns!

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