Cuidado com as pessoas

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

por Luiz Gabriel

As rezadeiras são espécies em extinção e por isso personagens como Gertrudes Rocha dos Santos, mais conhecida como dona Tude, devem ser preservadas no coração das pessoas. “Amo cuidar das pessoas, é uma satisfação para mim”, diz essa moradora da Vila Emil, em Mesquita.

Nascida em Salvador há 74 anos, dona Tude herdou seu dom da avó Penha, que assumiu sua criação quando ainda menina perdeu os pais, seu Bartolomeu e dona Quitéria. “Tive uma vida muito difícil”, conta dona Tude, que por causa desses problemas veio tentar a sorte no Rio de Janeiro quando tinha 19 anos.

Morou em São Cristóvão até se mudar para Mesquita em 1964. Lá, casou-se, teve seus três filhos e, acima de tudo, tornou-se a rezadeira da localidade. “Sou muito procurada por todo tipo de gente”, orgulha-se ela. “Inclusive os católicos.” Um dos casos que ajudou a resolver foi o da estudante Rayana Braga, que ainda hoje se lembra do dia em que foi rezada por Dona Tude por causa de uma enxaqueca. “Eu tinha meus quatro anos e, apesar de meio assustada com suas rezas e plantas, fui sarando aos poucos.”

Com a alma
Um exemplo vivo de devoção à religião, Dona Tude acredita que só não tem “jeito pra morte”. “Rezo com a alma, com o coração”, explica seu método. Mas não é só com orações que ela resolve o que ela chama de mau olhado. “Não é nada que algumas folhas de guiné e arruda, e uma oração não resolvam.” O caso de que a rezadeira mais se recorda é de uma criança que estava muito doente no hospital, que ela foi visitar a pedido da mãe. “Quando cheguei lá, orei com determinação e fé, logo o mal-estar foi saindo”.

Mas não é só por causa dos milagres que ela faz com sua fé que Dona Tude é uma das pessoas mais populares de Mesquita. As crianças da Vila Emil a adoram por casa de um hábito que ela cultiva desde a infância, com seus irmãos mais novos. “A vó Tude é uma ótima contadora de história”, lembra Pedro Lucas, um menino de 5 anos que estuda na Escola Brito Elias. “A história que mais gostei foi a da Dona Baratinha”, lembra o menino.

Outra vertente da espiritualidade afro-brasileira seguida é a umbanda, que essa filha de Xangô com Oxum cultua na tenda Espírita Semente de Oxalá. Dona Tude também é adepta do jongo, que ela dança na Serrinha de Madureira há 15 anos.

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