Legado de superação

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

por Hosana de Souza


Na tarde da última quinta-feira, o pátio do Colégio Estadual Arruda Negreiros estava cheio de normalistas ansiosas pela visita do grupo Misturando Histórias. Financiado pelo Fundo Municipal de Cultura Escritor Antônio Fraga, o espetáculo “100 Anos de Machado a Cartola” é uma homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis e do nascimento de Cartola. Unindo ícones de nossa história, a atriz Josy Lozada, a contadora de histórias Sonia Lima e o músico Dudu Carval apresentaram mais do que um espetáculo: deram uma aula misturando história e língua portuguesa.


“Nós começamos a estudar a biografia dos dois e pensamos em unir suas obras com a educação”, conta uma sorridente Josy, feliz por ter superado o grande desafio que foi costurar a rebuscada linguagem desses dois gênios da cultura brasileira. “Até agora esta sendo difícil a adaptação”, admite a contadora de histórias Sonia, que ainda hoje tem dúvidas quanto às músicas de Cartola que casam melhor com os contos de Machado.

Contando a história do Bruxo do Cosme Velho pelas músicas do Trovador do Samba, o grupo, que já tem cinco anos de estrada, conquistou e emocionou o público. “O que mais me marcou foi ‘O Pai contra a mãe’, quando Candinho tem de escolher entre o filho dele e o filho de outra pessoa”, diz a estudante Paola Souza, 18 anos. “Ele faz uma brincadeira retratando a vida, o cruel dia-a-dia. É ganhar ou perder. Mostra que para sobreviver é preciso ultrapassar obstáculos”, completa a também estudante Luzimar Seixas, 30 anos.


Depois de uma temporada de um mês no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, o espetáculo percorrerá escolas de sete bairros de Nova Iguaçu. “Isso é importante para os alunos”, elogia a professora de português Maura Santana. A professora acredita que, além de estarem descobrindo dois grandes artistas brasileiros, os alunos estão conhecendo o legado de superação de Machado e Cartola, dois negros da periferia que conseguiram se afirmar no cenário artístico-cultural do país. “Afinal, tudo era difícil na época deles e ainda assim deixaram seu legado. É muito bom o que esse grupo mostra.”

O grupo planeja uma série de espetáculos infantis sobre lendas indígenas e sobre nossas influências africanas. “Abraçamos a ideia de contemplar vários bairros, para descentralizar a cultura em Nova Iguaçu”, comenta Josy. Eles estarão dia 20 de novembro no CISANE de Nova Era, no dia 21 em Tinguá e até dezembro fecharão outras datas nas escolas do município.

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