"O efeito é coletivo e o bonde não para"

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

por Josy Antunes



Durante a semana, dezenas de cartazes foram distribuídos por Nova Iguaçu e Belford Roxo. Blogs, Twitter, Orkut e You Tube foram apropriados como importantes ferramentas. O motivo? Convocar a população da Baixada a comparecer na rua Aguapei, nº 187, no bairro Piam, em Belford Roxo: o Centro Cultural Donana. Às 19 horas, haverá a exibição gratuita do documentário “Herbert de perto”, lançado em outubro nas grandes salas de cinema do Rio de Janeiro. A presença do diretor Pedro Bronz está garantida para um bate-papo com os espectadores, além de muita música, produzida pelos músicos que se manifestarem para tal – os instrumentos estarão disponíveis e o repertório já é certo: Paralamas do Sucesso.

O contato com a TvZero, produtora do filme, foi feito através de Marcio Graffiti, do Coletivo Anti Cinema, que apoia e conhece a trajetória do Centro Cultural, por onde já passaram os paralamas Bi Ribeiro e Herbert Vianna, por conta de parcerias com a extinta banda Negril. Dida Nascimento é um dos músicos que integravam o grupo, que impulsionou o movimento reggae na Baixada Fluminense nos anos 80, simultaneamente com o marco cultural representado pelo Donana, que foi reativado no início de 2009. “O que a gente está fazendo não é pra gente, mas sim pra comunidade. Se a comunidade não vem, perde um pouco o sentido”, declara Dida.

Em entrevista, Marcio conta sobre o apoio ao evento, que se iniciou com um “simples” enviar de e-mail. Leia a seguir:

Cultura NI: O que te motivou a enviar o e-mail à TvZero, solicitando a exibição do filme no Donana?
Marcio Graffiti: Eu prometi isso ao Dida Nascimento e à equipe do Donana: Nós iriamos exibir o filme “Herbert de perto”. E iremos fazer isto. Minha passagem aqui na terra não foi e nunca será à toa. Nasci cardíaco, fui operado aos 6 meses de nascido - operação no coração. Não bebo, não fumo. Mas vivo à beira de um enfarte diário. Mas fazer isto é o que me mantêm vivo. Não quero a sala com ar condicionado, quero as ruas de barro e asfalto, quero as ladeiras do morro. Quero algo diferente para os verdadeiros, que acreditam que é com poucos recursos que a gente faz a revolução. Graças a Deus, conseguimos algo legal para Belford Roxo. Isso poderia ser só para o Coletivo Anti Cinema, mas não é e nunca será. A exibição do filme “Herbert de perto” é do Donana, o Coletivo Anti Cinema apenas facilitou o contato. E vamos fazer este trabalho. Outros trabalhos irão surgir e, com certeza, a galera pode contar com o Coletivo Anti Cinema. Tem gente que fala que o Coletivo Anti Cinema é panelinha do Hip Hop, fico chateado com isso, mas os que falam não somam e nem querem que o Coletivo cresça. A gente tá aí fazendo coletivo, com dinheiro ou sem dinheiro. E esse e-mail enviado a TvZero é apenas uma “ponta do iceberg”. Outros contatos irão surgir, outras parcerias irão surgir. E o Donana irá crescer, assim como o Coletivo Anti Cinema. A gente quer fazer e ser feliz, não queremos ser jovens com a mentalidade de um ditador do AI5 no Brasil. Queremos fazer a diferença aqui na Baixada e no mundo e acreditamos que estejamos fazendo isso. No dia 12, a gente vai ver no que essa parada vai dar. Acredito que em coisa boa, pois o Donana é sagrado. E merece coisa boa.

Cultura NI: Quando enviou, esperava que tivesse o retorno que teve - atraindo até o diretor para um debate?
Marcio Graffiti: Não custava nada mandar um e-mail e tentar receber um sim ou não. Graças a Deus recebemos sim. E tudo que é bom atrai coisas boas. Para mim, o Donana é a coisa boa e com certeza ele sempre irá trazer coisas boas, para um espaço de pessoas que lutam por algo diferente. Se o diretor virá é sinal que a gente tá no caminho certo: o caminho da humildade e do fortalecimento juvenil e histórico para a nossa Baixada.

Cultura NI: Como acha que a população - sem contar com o público já fixo do Donana e as pessoas envolvidas com cinema - receberá o evento? Qual a importância para a Baixada Fluminense?
Marcio Graffiti: Acredito que é o grande ganho para a volta do Donana. Chegou a hora de mostrarmos ao mundo o que foi e o que será o novo Centro Cultural Donana. Eu considero aquele espaço sagrado. E como eu disse, é um espaço de pessoas que querem causar impacto e suar a camisa por algo diferenciado e cultural na Baixada Fluminense. O Coletivo Anti Cinema é apenas um apoiador desse trabalho que será realizado no dia 12. Fico muito feliz com tudo isso e acredito que a comunidade acredita no Donana. Pois aquele espaço foi um marco na rua Aguapei. O filme do Herbert não foi e nem seria exibido na Baixada Fluminense, mas nós enviamos o e-mail e ele será exibido, sem apoio de governo federal ou municipal. A revolução veio de baixo e sempre virá de baixo. E, como diria o irmão Emicida: “Por que nós? Ou melhor, por que não, nós?”. Acredito que tem que ser de nós para nós, da comunidade para a comunidade. E o Coletivo Anti Cinema quer estar do lado da comunidade. Sempre!

                                             

Como chegar ao Donana:
Rua Aguapei, nº 197, Piam
Belford Roxo - Rio de Janeiro

Pontos de referência:
- Mercado Vianense
- Drogarias Rj
- Colégio Estadual Presidente Kennedy

Ônibus que passam pela Av. Retiro da Imprensa:
- 205 B.Roxo x N.Iguaçu (Vera Cruz)
- 206 B.Roxo x Top Shopping (Transporte Blanco)
- 530 Geneciano x N.Iguaçu (Vera Cruz)
- 708 S.Francisco x Mesquita (Vera Cruz)
- 800 Nova Aurora x Madureira (Vera Cruz)
- 720 Nova Aurora x Bonsucesso (Vera Cruz)
- 421 Miguel Couto x Pavuna (Vera Cruz)




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