Centenário de Dona Leopoldina

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

por Hosana Souza

Uma vida inteira dedicada à educação. Assim pode ser resumida a trajetória de D. Leopoldina Machado, que completaria 100 anos no próximo dia 26 de fevereiro. Uma das fundadoras do tradicional Colégio Leopoldo, essa baiana de Cepa Forte fincou raízes em Nova Iguaçu, onde viveu até morrer de insufiência respiratória no dia 18 de março de 2000. A mulher de fibra, considerada por muitos à frente de seu tempo, veio para o Rio de Janeiro com a mãe, Anna Izabel Machado Barbosa, e os irmãos Leopoldo e José de Calazans para concluir os estudos. Foi criada pelo irmão mais velho, Leopoldo Machado, a quem sempre se referiu como “mais que um irmão, um pai”.


A família abrigou-se inicialmente no subúrbio do Méier, e com persistência Leopoldina formou-se em Ciências e Letras no Colégio Nacional. Descobriu a vocação para a eduacação numa filial do Colégio Nacional em Paraíba do Sul. Sempre dedicada, desdobrava-se onde sua presença se fizesse necessária, fosse na secretaria, na sala de aula ou até mesmo na portaria. Junto com o irmão Leopoldo e a cunhada Marília Ferraz Almeida Barbosa fundou em 1º de fevereiro de 1930 o Ginásio Leopoldo, que cinco anos depois conseguiria sede própria, no atual número 1074 da Marechal Floriano Peixoto.


Casou-se com o professor Newton Gonçalves de Barros e dessa união nasceram o professor, historiador e bacharel em Direito Ney Alberto Gonçalves de Barros, a professora e funcionária pública Maria Nazareth Gonçalves de Barros, o também professor e bacharel em Direito Newton Leopoldo Machado de Barros e o professor e atual diretor do Colégio Leopoldo Paulo de Tarso Machado. Enquanto a saúde permitiu D. Leopoldina manteve seu trabalho dedicado e sacerdotal no Colégio Leopoldo.

Coordenou o Conselho Pedagógico da instituição, orientou professores, verificou cadernetas e provas, mantendo-se como um dos pilares da escola que viu nascer. “Sempre carinhosa e caprichosa. Tinha fibra, era firme, digna, determinada”, lembra o professor Ney Alberto, para quem a mãe sempre foi a favor da justiça, a despeito da fama de durona. Um bom exemplo diso foi o número de bolsas que concedeu àqueles que não podiam arcar com as altas mensalidades cobradas pela escola. "Ela auxiliava na educação de todos que batessem a sua porta", conta o professor Ney. "Se dependesse dela, todos terminariam professores”.

Educação para todos

A educadora Maura Santana é uma das que foi contemplada pela boa-vontade de D. Leopoldina. Em sua adolescência foi contratada para trabalhar na casa da professora, com quem a partir de então passou a ter uma convivência afetuosa. “Sobre nossa relação ela dizia sabiamente: 'São lembranças de outras vidas'”, explica a educadora. “Foram trinta anos de uma grande amizade. Empatia nos tornou tia-sobrinha, madrinha-afilhada, professora-aluna, amiga-amiga, mãe-filha”, diz, emocionando-se.

Mulher de muito brio, incentivadora da prática de esportes em qualquer modalidade, amante do teatro e da leitura. Orgulhava-se das raízes culturais brasileiras, da dança, das músicas. Carregava a paixão pelo Império Serrano, mas rendeu-se, também, à Beija-flor. "Adorava ver a Baixada nos noticiários carnavalescos", lembra Maura Santana.

“Carrego mais do que boas recordações. Aprendi muito com D. Leopoldina, e ela também aprendeu comigo. Antes em sua casa ninguém assistia novela, e graças a minha insistência ela passou a acompanhar e discutir as tramas”, brinca a professora Maura. Maura Santana lembra o último encontro com a amiga, que visitou uma semana antes de sua morte. “Quando entrei no quarto e perguntei se ela sabia quem entrara, ela pronunciou suas últimas palavras paraa mim: 'Desta voz não me esquecerei nunca'”, lembra Maura Santana. A surpresa do reconhecimento se deveu ao fato de D. Leopoldina ter pedido a visão nos seus últimos dias de vida.

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