Viciados em primavera

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Texto por Jefferson Loyola // Fotos Robert Schwenk


Um canto de amor e liberdade - assim pode ser definido o musical “O despertar da primavera (Spring Awakening, no original)”, que ficou em cartaz no teatro Villa-Lobos, em Copacabana, do dia 21 de agosto de 2009 a 31 de janeiro último. Hordas de jovens superlotaram as seis apresentações semanais para acompanhar o rosário de temas tabus abordados no drama escrito em 1891 pelo dramaturgo alemão Frank Wedkind e transformado em um musical pelas mãos competentes de Steven Sater e Duncan Sheik: descoberta da sexualidade, a repressão sofrida pelos jovens no colégio e na sua família, o suicídio, as hesitações do corpo e prostituição.

O musical fez sua estreia mundial na Broadway em 2006 e, para surpresa de seus produtores, teve 11 indicações ao prêmio Tony, dos quais saiu vencedor em oito categorias, incluindo as mais importantes: melhores música e letra, melhor texto e melhor musical. O espetáculo foi montado em diversos países antes de chegar ao Rio de Janeiro, dirigido pela dupla Cláudio Botelho e Charles Moeller. “É incrível um espetáculo criado há mais de cem anos, e hoje encenado, ainda haver os mesmos tabus daquela época”, diz Camila Moraes, relembrando a cena em que os personagens Ernst e Haschen descobrem a sexualidade, aprendendo cada parte de seus corpos, juntos.


Perguntas, contestações, gritos, emoções em busca de compreensão e sentimentos contraditórios que os jovens não conseguiam expressar, perturbaram a plateia que não perdia oportunidade de aplaudir em cena aberta as músicas interpretadas com vigor e emoção pelos 19 jovens que integraram o elenco. “O que acho mais importante foi o cuidado tomado, para fazer com que a musica não adiantasse a cena, deixando como se fosse um estado de pensamento e reflexão sobre a cena anterior”, conta Thiago Teixeira, que assistiu ao espetáculo cinco vezes em finais de semanas seguidos. Um exemplo desse cuidado foi a epopeia para escolher os atores, selecionados depois de uma bateria de testes que envolveram quase mil atores.

Repercussão

A repercussão do musical no Rio de Janeiro levou a banca do vestibular da UFRJ a escolher "O despertar da primavera" para testar os candidatos dos cursos artes cênicas: direção teatral; indumentária; cenografia. “Achei completamente perfeito”, confessa Vitor Biazzin, um dos candidatos a uma das 15 vagas de direção teatral. Depois de assistir ao espetáculo três vezes, comprar o CD com as músicas da peça, baixar papéis de parede para o computador, não é de admirar que o jovem tenha se sentido completamente à vontade na prova para o vestibular.

Outra forma de se medir o sucesso do musical dirigido por Cláudio Botelho e Charles Moeller foi a moda das blusas com frases retiradas das letras, como “sou viciado em você”. "O despertar da primavera" também atraiu multidões para o twitter do espetáculo, com mais de mil seguidores que seguem atentos as notícias referentes ao espetáculo. A ESPM, em parceria com a Aventura entretenimento e a Staff comunicação, lançou um blog em novembro, chamado Escancare (www.escancare.com.br). O blog discute todos os temas ligados à peça, indo de sexualidade à depressão. Além disso, existe uma comunidade no orkut, para todos os que são apaixonados pelo "Despertar" fazerem o que eles definem de “orkontro”, onde debatem temas sobre o musical e marcam de assistirem novamente.

A saída de cartaz do musical deixou o público tão órfão que Leo Ladeira criou o fórum “Uma saudade”, cujos membros falam sobre a falta que o espetáculo fará na vida da legião de fãs criadas ao longo dos cinco meses da temporada. Renata Nunes entrou nessa comunidade para lembrar as cenas de que mais sentirá falta. “Dentre todas sentirei falta de Haschen batendo umazinha no ritmo da música”, escreveu ela, recordando a cena em que o personagem se masturba ao som de “Meu vício.

Outra demonstração de que a fidelidade ultrapassará a temporada no Villa-Lobos foi dada na noite do último dia 2, quando uma multidão de fãs prestigiou o esquete apresentado no Armazém 4 do Píer Mauá, no Rio Musical – Noites Cariocas 2010. As melhores cenas de "O despertar da primavera" compartilharam o palco com os melhores momentos dos musicais "O Som da Motown", "Oui Oui - A França é aqui", "Opereta carioca", "Sassaricando" e "Versão brasileira". Como não poderia deixar de ser, a noite foi um grande sucesso.

20 Comentários:

Jefferson Loyola disse...

Para os fãs desse maravilhoso musical, as musicas estão possiveis para download no site: http://www.moellerbotelho.com.br/arquivos/9024
Apreciem as musicas, relembrando as cenas deste delicioso musical. E você, qual foi sua cena preferida e que sentirá falta no despertar?

kah disse...

Poxa, falaram muito bem desse musical, queria ter assistido. Pena ter saído de cartaz. Bela matéria! *-*

Tchey disse...

Adoreii a materiaa,ela é de muito bom gosto!
gostaria de dar os parabens a quem a editou, pois passou segurança mostrando -se bem interado quanto ao assunto e deixo-me realmente interessada em assistir mesmo sem ter assistido o musical fiquei entusiasmada com o que ele representa e gostaria muito de ter-lo assistido.
pena que ja saiu de cartaz ...

Unknown disse...

O musical é uma coisa bem informativa para os dias em que vivemos hoje e os tabús que enfrentamos, da mesma maneira que está matéria esta bastante informativa e descreve o musical com total precisão. Parabéns.

Wolkartt disse...

Achei interessante, apesar de não ter ovido falar do musical antes.
Infelizmente, não está mais em cartaz. Podia voltar :)

Unknown disse...

Adorei a matéria, assisti o musical 2 vezes e não vi uma maneira melhor de descrever este maravilhoso despertar. Esta de parabéns

Larissa C. disse...

Ah, é só eu parar de comprar jornal pra perder as coisas, fico revoltada! Hahahahahahaha. Mas eu adorei a matéria, objetiva, clara, e quando aparecer de novo essa peça, msn pra miim, vou com você! :D

L2 Knigth disse...

Interessante, já havia escutado por alto falar desse musical, mas não tive tempo para assistir. Agora que está fora de cartaz e com esta matéria fico completamente triste por não ter ido assistir. A matéria tá linda assim como deve ser o musical.

Unknown disse...

Ótima matéria!!os conceitos sobre a descoberta da sexualidade da humanidade devem ser melhor esplanados, pois muita gente fica com dúvida e muitas até sofrem pela repressão da mesma. Tomara que tenhámos mais eventos artísticos como esse. Parabéns!!!

Unknown disse...

Apesar de não ter visto esse musical, ouvi bons comentarios sobre o tal, uma replica perfeita do musical da Brodway e com um elenco muito bem preparado, com certeza é uma boa opção a ser assistido mesmo para quem não é tão fã de teatro, apesar do texto original não ser brasileiro, mais que adaptado mostra muita qualidade técnica e artistica.

Unknown disse...

Apesar de não conhecer, eu gostei demais da matéria. Foi muito interessante e gostaria de dar os parabéns a quem editou, estar uma obra perfeita, muito objetiva e muito bem colocada.

José Maurício. disse...

O musical é muito maneiro, e esta matéria em relação a ele, também ficou muito boa. Sentirei de falta das musicas todas dele, e principalmente da musica ''Se fodeu''.

Karen disse...

O texto da uma sensação de ter assistido tabém, tamanho o realismo. Bom trabalho!

leo.venancio disse...

Parece que a qualidade da matéria me fará ser, um tanto, repetitivo. Está muito bom, mesmo. Realmente nao sabia dessa peça, parece ser bem interessante, ainda mais por abordar um tema desse calibre.

Anônimo disse...

_|_

Geovane disse...

Adorei a matéria, pena que não assisti o musical mas esta de parabéns pela matéria :D

Unknown disse...

Esta matéria está fantastica, me instigou a ler do inicio até o fim, e como qu queria trabalhar fazendo matérias sobre um espetáculo desses, explendido!

Unknown disse...

Nossa, lendo essa matéria parece que estou assistindo o espetáculo, esta de parabéns! Será que volta em cartaz no RJ? Tomará!

A matéria está explendida, não havia modo melhor de se falar sobre este espetáculo. Completamente fascinado por ela. Parabéns!!!

Unknown disse...

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