Locomotiva cultural

terça-feira, 11 de maio de 2010

por Josy Antunes

O encontro realizado na noite de ontem no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, para a posse da nova diretoria do Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu, foi iniciado por palavras da produtora cultural Silvia Regina, que justificou a escolha do local relatando as inúmeras ações que lotam a agenda do Espaço. O Sylvio Monteiro, referência entre os centros culturais da cidade, tem sido reponsável por abrigar os encontros do Conselho de Cultura, as sessões de cinema do Iguacine e por manter as portas abertas para a população e artistas da cidade. E fora ali onde, minutos antes da apresentação da nova diretoria do conselho, um grupo de jovens, com um pesar acompanhado de determinação, ouvia com atenção as “últimas palavras” de um secretário de cultura e as primeiras de um parceiro de caminhada.

A consciência do final de um ciclo é a única certeza. Muitas são as possibilidades de acertos, bem como muitas são as chances de erro. O fato é que existe um projeto. E que ele semeou no interior da Prefeitura de Nova Iguaçu o que hoje é reconhecido como protagonismo juvenil. E os frutos desse protagonismo são multiplicados pelas mãos de cada integrante desse projeto. O projeto agora tratado como único, trata-se da união dos repórteres do Cultura NI com os membros da Escola de Pesquisa de Nova Iguaçu, resultando nos Jovens Produtores de Conhecimento. “Separados todo mundo perde tudo”, alertou Faustini. As novas lideranças políticas da cidade e as diferentes concepções sobre cultura propiciaram os extremos de uma mobilização coletiva: o pavor da despedida e o furor por um novo ponto de partida.

Vocês não são pedintes. Vocês são sujeitos de direitos. O que a gente fez com vocês não foi boa ação. Foi ideia de mundo”, incitou o cineasta, “Que vocês lutem pelos direitos de vocês, que sejam cidadãos. Eu espero isso. Espero olhar pra cada um e cada um estar lutando, não por ter dado certo, porque ter dado certo não salva vida de ninguém. Eu conheço uma porrada de gente que deu certo e está deprimido, porque não produz significado pra sua vida”, disse, em resposta à jovem repórter Larissa Leotério, que ousou questionar as expectativas do então secretário de Cultura. “A partir da semana que vem eu posso ser mais preciso. Porque a partir de semana que vem eu não sou mais secretário, então vocês vão me ouvir falando como sociedade civil. E eu como sociedade civil sou bem radical”, alertou.

A gestão de Marcus Vinícius Faustini teve por conceito a ideia de que “todo mundo é cultura”, possibilitando a visibilidade daqueles que nunca foram reconhecidos como agentes de construção de cultura. A valorização dos direitos alcançados foram defendidos com veemência por Faustini durante sua fala na posse do novo conselho. “A gestão pública não é um direito só de partidos, é um direito de cidadãos, é da sociedade civil. Sem uma boa gestão pública, criativa, criadora, participativa, a gente não tem avanços”, bradou ele, que recebeu menção honrosa por sua atuação na cidade, entregue pelas mão da poeta e nova presidente do conselho, Ivone Landin. “Diploma é bom. Mais um pra minha mãe ver que eu sou uma pessoa séria”, brincou Faustini, retomando os ares de “pessoa séria” em seguida: “Esse é o diploma mais importante que eu já recebi".

Se Nova Iguaçu é a locomotiva cultural da Baixada Fluminense, como citou o poeta Jorge Cardoso, cabe sim ao maquinista o bom curso dos vagões e passageiros. Porém, cabe aos passageiros, cientes de seus direitos e de suas trajetórias, determinar o destino dessa locomotiva: avanço, estagnação ou retrocesso.

1 Comentários:

Wanderson Duke disse...

... Que linhas, Hosy, que linhas!

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