Copa do Mundo portátil

quinta-feira, 8 de julho de 2010

por Joaquim Tavares

"Depois que você começa não quer parar mais, é viciante!’, diz Antonio Carlos Pimenta, de 24 anos, colecionador do álbum de figurinhas da Copa do Mundo 2010.

Esse é o sentimento evidenciado em todos que são adeptos desse ‘vício’. Ninguém se contenta só com um pacotinho de figurinhas e, enquanto o álbum está incompleto, a visita ao jornaleiro é quase como um ritual diário.

Todo o ano de Copa do Mundo é lançado um álbum com figurinhas das seleções e dos jogadores que estarão participando do evento em si. E, não tem jeito, já virou tradição para muitos.

O interessante do álbum é que ele não é somente destinado aos de menos idades; o que mais se vê por aí é muito barbudo comprando figurinha e correndo atrás de algum outro amigo que também tenha o álbum para trocar as repetidas. Isso gera uma grande interação e é como uma espécie de tarefa diária – ‘Hoje eu tenho que ir à faculdade, passar no banco e, depois, comprar as figurinhas da Copa. 

A mobilidade é tanta em torno desse delicioso hábito, que em vários lugares há encontros para que possam ser trocadas as figurinhas. E isso acontece em todo o lugar, não havendo barreiras sociais. De Nova Iguaçu à Zona Sul, isso pode ser visto facilmente.

‘O álbum é nosso, mas sinto que é mais dela do que meu. Às vezes, ela é mais animada com isso do que eu mesmo’, conta Marcílio Junior que ‘divide’ o álbum com a namorada, Renata Matouk. Os dois vivem ‘brigando’ por conta dessa divisão malfeita. ‘Ela sempre abre mais figurinhas que eu!’, acusa Marcílio com um leve ar de indignação. Renata ri e diz que não é bem assim: ‘Acontece que eu dou sorte, por isso abro mais!’

Acabou a Copa?
Um detalhe importante sobre o assunto e que é facilmente evidenciado país a fora é a ‘duração’ da Copa para os brasileiros. A desclassificação do Brasil ‘encerrou’ a Copa do Mundo para muitos. É como se a ausência do Brasil causasse o fim de tudo. São inúmeros aqueles que só vêem os jogos da Seleção brasileira. Uns apresentam até o famoso ‘falso patriotismo’ – só é brasileiro na época da Copa e com o Brasil sendo campeão, de preferência. Outros simplesmente não apreciam muito o futebol, mas gostam de torcer pelo seu país. Tudo isso faz com que a Copa do Mundo ‘termine’ antes do previsto, em alguns casos. 

Independentemente da sequência ou não da seleção brasileira, esse campeoato mundial, que envolve inúmeras nações, é superinteressante até para quem não gosta de futebol; aprende-se muito sobre muitas culturas, por exemplo. No fim das contas, para quem gosta mesmo de futebol, a Copa vai da abertura ao encerramento e o Brasil ser campeão é só um detalhe... ainda que seja um grande detalhe!

Diga não ao Racismo
Mas só para o racismo? Não seria muito legal se além do ‘Não ao Racismo’ outras mensagens fossem passadas durante os jogos da Copa do Mundo? Tudo bem que o racismo sempre esteve presente, e, às vezes, ainda está, nos campos de futebol por todo o mundo, mas seria interessante se outras partes fossem lembradas de modo a fazer o futebol ser também um veículo que buscasse uma melhora social num contexto geral. Já pensou se na Copa de 2014, sediada pelo Brasil, a ideia deixa de ser apenas ideia...? Boas opções surgiriam: ‘Diga não à corrupção.’, ‘Cadê a Educação?’, ‘Saúde, por favor apareça!’, mas é certo que outras ideias surgiriam, ainda mais depois dessa Copa. Quem não apoiaria o cartaz que dissesse ‘Diga não ao Felipe Melo’?

Voltando às figurinhas
Uma coisa é certa. O sucesso do álbum se deve ao fato de transformar qualquer um em ‘participante ativo da Copa’. Hoje, já existe até álbum virtual. Isso diz claramente que, mesmo mudando um pouco com o tempo, muitos hábitos antigos e tradicionais nunca acabarão e continuarão servindo para unir diferentes gerações.

Outra característica importantíssima no mundo dos colecionadores é saber que umas figurinhas valem mais do que outras. Sendo assim, deixo aqui a seguinte reflexão: Quanto é que deve tá valendo a figurinha do Felipe Melo?

3 Comentários:

Josy Antunes disse...

Álbum virtual?? Como assim?! Qual a graça nisso? haha
Na época do ensino fundamental, minha escola ficava ao lado de uma das maiores bancas de jornal de Nova Iguaçu. Sempre amei álbuns de figurinhas, comprar os pacotinhos, trocar durante a aula, levar esporro da professora - que sempre acabava tomando as figurinhas e colocando-as sobre um armário alto - e ter que esperar todas as crianças irem embora pra só então ganhá-las novamente.
Meu álbum preferido foi o da Sailor Moon. Lembro que uma vez fiquei sem uma figurinha super procurada nessa coisa da professora: Todas as Sailors reunidas soltando um poderzinho. Fiquei muito triste.
Lembro também das vezes em que foram lançados os álbuns da Copa. Não entendia como os meninos se apaixonavam por ele da mesma forma que eu pela Sailor Moon. Sempre achei muito feia e sem graça aquela coleção de "fotografias de caras estranhos". hahaha
Bela matéria Joaquim. Acho que sua "sempre felicidade" reflete um bom humor muito legal no texto!

Anônimo disse...

bem legal.

Anônimo disse...

Também ñ acho grand coisa um álbum online , mas é a vida . Hj preferem jogar futebol virtualment do q d verdad ; a mídia semp c apropria disso e surgem coisas assim !

Eu lembro do meu álbum dos Cavaleiros do Zodíaco > super clássico . Foi impagável completá-lo !

Obrigado pelos elogios [Josy e anônimo]
pequenas coisas como esses comentários q garantem a minha 'sempre felicidade' ! =)


Joaquim

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