Família do circo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

por Tony Prado

Respeitável público (e leitores), a cidade de Nova Iguaçu tem o prazer de apresentar um espetáculo inovador! Repleto de sorrisos, aprendizados, consciência e diversão. Um núcleo de garra e disposição com os mais variados números de responsabilidade, caráter e companheirismo. Idealizado pelo ator e produtor Lino Rocca e coordenado por Vânia Santos, este espetáculo conta com a participação de jovens e crianças que desenvolvem seus talentos nas mais variadas atividades de entretenimento: desde malabares e pernas-de-pau, até liras e cordas, sem falar nas mais variadas acrobacias. E é com orgulho que lhes apresento o Projeto Circo Social!

A sede do Circo Social fica na Casa do Menor, em Miguel Couto – Nova Iguaçu. Um projeto onde crianças e adolescentes aprendem a fazer e apresentar as mais diversas atrações circenses, o Circo Social na verdade começou como uma "lona cultural" em São João de Meriti, onde ficou até o início de 2008, quando foi contemplado pelo Criança Esperança. O projeto recebe jovens de 8 a 23 anos, que recebem aulas de atrações circenses duas vezes por semana, na terça-feira e na quinta-feira. As aulas variam desde os movimentos mais básicos de rolamento e alongamento corporal até movimentos elaborados, como os aéreos, tal como lira e cordas.

As crianças chegam ao projeto pela curiosidade, pois nunca tiveram a oportunidade de ver de perto como funciona os bastidores de um circo. Muitos saem tão logo matam a curiosidade, pois as atividades propostas pelo Circo Social promovem um grande desgaste físico. "Mas são muitos os que que se identificam e seguem no projeto, deixando o ócio que existia quando se encontravam fora de casa ou da escola”, explica a coordenadora Vânia Santos.

Os professores agradecem as palhaçadas feitas no Circo Social, com melhores notas e melhor comportamento na escola dos participantes. “O exercício ajuda a regular o corpo e eles passam a dormir melhor. Além disso, a disciplina que as atividades do circo exige melhora a concentração dos alunos durante as aulas", conta a coordenadora.

Os pais também se beneficiam com as atividades propostas pelo projeto, dando apoio e assistindo aos espetáculos de que os filhos participam. "Havia crianças que chegavam para as aulas desanimadas ou até deslocadas, devido a problemas familiares e encontraram aqui uma nova família”, lembra Vânia Santos, que também é professora do projeto e acompanha de perto seus alunos, incluindo os pais.

As dificuldades financeiras surgidas com o fim do contrato com o Criança Esperança obrigaram Lino Rocca a demitir os dois professores e a desativar o projeto temporariamente, mas a vitória no edital dos Pontinhos de Cultura deu um novo alento ao Circo Social. A professora Vânia reassumiu o projeto, mas passou a compartilhar as aulas com os chamados monitores, que são os alunos mais experientes e, com a ajuda da Casa do Menor, recebem uma bolsa de auxílio financeiro, como é o caso de Adaílson, um aluno e monitor do Circo Social de 18 anos.

Estudante do ensino médio e há um ano no Circo Social, Adailson entrou no projeto para ocupar suas tardes ociosas, mas se identificou tanto com aquela prática "espetacular" que pretende fazer a Escola Nacional de Circo, quando terminar a escola. “Acho que é muito melhor estar aqui do que se envolver em possíveis problemas de jovens que se metem com gente errada pela rua. Pelo menos aqui eu encontrei algo em que eu possa me dedicar, aprender mais”, declara Adailson.

Tudo como uma grande e sorridente família, assim que os olhos de Marlon, 15 anos, integrante do projeto, vê essa oportunidade para a qual entrou aleatoriamente no ano passado. “Quando eu estava no Circo Social, eu discutia menos com minha mãe, pois agia com mais disciplina e não respondia a ela", conta ele, que se confessa cada vez mais apaixonado pelo trabalho da "rígida" professora Vânia.

Uma das características do projeto que encanta Marlon é que, no Circo Social, "todo mundo ajuda todo mundo, somos como um só”. E realmente funcionam como um só: enquanto um ajuda com os tapetes, outro apoia as costas para o movimento, outro acompanha passo a passo das grandes pernas-de-pau, cada um com o seu papel. O espírito de equipe e união estão sempre presentes, desde os treinos e ensaios até as apresentações e espetáculos. Os jovens do Circo Social fazem apresentações na Casa do Menor e já realizaram espetáculos no evento Viradão, em Santa Cruz e na Lona Cultural de Jacarepaguá. Segundo a professora Vânia, os números são sempre ministrados em parcerias, com raras exceções, para que todos possam ser integrados e para que mantenham sempre esse espírito de equipe. E entre perigos e sorrisos, fica esse tesouro, com suas raízes e esta luta tão bela, que começou de uma simples lona para o coração de Nova Iguaçu.

1 Comentários:

Josy Antunes disse...

Que projeto lindo! Será que já há uma próxima apresentação marcada?

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