Lanchinho solidário

segunda-feira, 5 de julho de 2010

por Yasmin Thayná
O ex-Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lançou o programa Coleta Seletiva na Escola Técnica Estadual João Luiz do Nascimento na semana passada. Na prática, isso significa estimular os estudantes a colocarem o lanchinho servido todas as manhãs na escola em latas colocadas em locais estratégicos.

Carlos Minc aproveitou a solenidade para distribuir a cartilha "Cumpra-se", que discute leis de sua autoria criadas há mais de 18 anos e até hoje não respeitadas: uma delas é lei 3325/99, que trata da educação ambiental, 2772/97, e a outra é a Lei da Mochila, ambas de grande importância para a estudantada. Também estavam presentes a Secretária de Meio Ambiente e o prefeito de Mesquita, Cátia Perobelli e Arthur Messias, respectivamente. Representaram a escola o diretor Pedro William e a professora, coordenadora do projeto de Coleta Seletiva e coordenadora de biologia da escola Elisabeth Guilhermina. Os catadores que participam da Coleta Seletiva também prestigiaram o evento.

O Programa de Coleta Seletiva Solidária foi implantado em Mesquita em 2005 em dois galpões: um em Jacutinga e outro em Rocha Sobrinho. É apoiado pela Petrobrás, Sebrae, Prefeitura de Mesquita, Tetra Pak, Banco real, Caixa Econômica Federal, Bioderme, Prolar e pelo Jornal Hoje. Além do prêmio do Tribunal de Contas pelas melhores práticas do dinheiro público, a Caixa Econômica Federal colocou o projeto entre os vinte melhores do Brasil. “Esse projeto é referência em todas as oficinas no Estado do Rio de Janeiro realizadas pela Secretaria de Ambiente do Estado para que os outros Municípios façam também a coleta”, disse Elisabeth Guilhermina.

O programa começou sem recursos, devido à grande vontade da população. O Prefeito Arthur Messias apoiou a ideia, colocando as necessidades e o plano em prática. Os colaboradores foram sendo cadastrados, pela equipe do projeto, nas portas dos ferros velhos da cidade devido ao grande número de catadores invisíveis que atuam revirando lixo pelas ruas. Já foram cadastrados mais de 300 catadores.

O projeto foi selecionado por um edital da Petrobras. Com esses recursos, pode-se comprar um caminhão e construir um galpão no terreno cedido pela Prefeitura, bem como os equipamentos para que o programa funcione.

Problemas ambientais
Só na Escola Técnica Estadual João Luiz do Nascimento cerca de mil sucos armazenados em caixinhas Tetra Pak vão diariamente para o aterro sanitário, causando vários problemas ambientais. A equipe de Biologia, coordenada por Elisabeth Guilhermina, lançou a Coleta Seletiva dentro da instituição, inserindo locais adequados para se guardar a caixinha após o lanche. E a forma que a equipe da escola viu para incentivar e conscientizar os alunos a jogarem as caixinhas no local correto foi convidando o ex-ministro Carlos Minc, que possui boa relação com a juventude.

“A ideia era sensibilizar os alunos", disse Elisabeth Guilhermina, que acredita que a vida útil do aterro aumentará à medida que se reduza o material enviado para ele. A coordenadora resolveu adotar esse programa na escola porque lá tem material reciclado sendo jogado no aterro. "Então por que não criar ambientes adequados para se jogar as caixinhas aqui no colégio?”, perguntou.

Quando as caixinhas chegam ao galpão, elas passam por um processo que as transforma em telhas, canetas de cor, agendas etc. Os materiais são voltados para uma cadeia produtiva e com isso, os catadores melhoram sua renda. Eles também participam dos eventos dando palestras e participando de conferências em todo o país. “Eu me sinto muito bem em participar, sou muito orgulhosa. Além de conseguir um dinheirinho, ainda colaboro com o meio ambiente porque esse lixo não está danificando o solo, não está indo para o aterro sanitário, para os lixões do Estado. Isso é uma luta e graças a Deus estamos conseguindo manter essa luta. Todos os Municípios precisam aderir ao Programa de Coleta Seletiva”, disse a catadora Sheila.

A coordenadora do programa na escola acredita que a coleta seletiva esteja mudando o olhar que os catadores têm sobre sua atividade, bem como o olhar da população em relação a eles. A expectativa é de que o programa possa atingir 70% da população e, com isso, aumentar a renda dos catadores, incluir novos catadores ao programa e atender a população de forma efetiva.

1 Comentários:

Anônimo disse...

otima reportagem,parabens!

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