Camelôs de sorriso

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

por Larissa Leotério

Nem só de futebol será feita a alegria das crianças de Cabuçu. E quem passou pelo bairro para encher de sorrisos os rostos dos moradores foi o grupo “Off-sina”, com o projeto “Palhaço Na Rua”. O evento aconteceu no início da noite do último sábado (3), e contou com a presença de todas as faixas etárias.

O grupo de circo-teatro, que tem 22 anos de existência, contou não somente com a presença, mas participação de todo o público. Apesar do excessivo calor na Praça de Cabuçu, a noite estrelada foi o belíssimo cenário da apresentação do casal Richard Riguetti e Lílian Moraes. Utilizando a linguagem do palhaço, o casal fez com que os adultos também entrassem na brincadeira, como foi o caso de Solimar Correia, de 33 anos. “É a primeira vez que meu filho vê o circo e quem entra na brincadeira sou eu”, brinca. Com a esposa Manoela, Solimar levou o filho Samuel, de apenas 11.



Outra presença importante foi de Zélia Veronezi, moradora de Cabuçu, diretora do Instituto Educacional Jonaver e professora da Escola Municipal Darcílio Ayres Raunheitti. Além de acompanhar o neto Marcos Vinícius, Zélia levou alguns de seus alunos: “Pena que não soube mais cedo e que é a única apresentação; eu teria avisado a todos”. Ela conta também que sente falta de mais atividades culturais para Cabuçu.

E quem confirma a fala da professora é David Gomes, de 16 anos: “A gente não sabia do circo, só vim porque jogo futebol aqui todos os dias”. David explica que a única atividade que acontece sempre na praça é o futebol do fim da tarde. E Luiz Eduardo Diniz reafirma e completa: “De dia, de noite, até se o mundo acabar,estamos aqui”.

E a tentativa do grupo “Off-sina”, segundo Lílian Moraes, é de resgatar o teatro popular, levar o sorriso até as pessoas, dentro das comunidades, nos centros ou nas periferias. Lílian conta ainda que seu trabalho no município do Rio de Janeiro tem sido fortemente reprimido pela Secretaria de Ordem Pública, ainda que represente a violação do 5º artigo dos Direitos Fundamentais da Constituição brasileira. “Fomos postos no mesmo ‘pacote’ dos camelôs, dos vendedores ambulantes: não podemos ocupar as ruas!”, contesta a artista.

Mesmo com todos os problemas, ela conta se sentir gratificada por terem sido contemplados na 7ª edição do projeto Palhaço na Rua e conseguirem levar seu trabalho ao público e pôr em prática o trabalho que começaram a desenvolver em 1991 sobre o teatro popular e a arte do riso, pautados na dramaturgia do teatro de rua e na comicidade. O grupo, que estima ter atingido cerca de 3 milhões de espectadores somente no Brasil, tem a participação dos filhos do casal (filmagem e áudio) e da Banda Rio, que quase sempre acompanha o “Palhaço na Praça”. A sede do grupo “Off-sina” é no Grande Circo Teatro Garagem, Cosme Velho - Rio de Janeiro.

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